sábado, 16 de novembro de 2013

Histórias da minha rua (6)

Quando toca o telefone fixo e o mostrador diz “desconhecido”, já se sabe que vem aí uma daquelas meninas que começam logo por dizer o nome (que nós não ouvimos ou nunca mais lembramos) e que nos querem despejar um texto com as vantagens de adquirirmos um determinado serviço ou que pretendem que respondamos a um inquérito sobre o nosso grau de satisfação sobre o nosso banco ou coisa parecida.

Hoje de manhã, estava a preparar-me para a habitual saída da manhã (e muitas vezes infelizmente única) para o café e compra do pão e do jornal, quando toca o telefone e me sai um simpático com uma forte pronúncia do Norte (nada contra, a sério!) que me falava da Optimus para saber o seguinte: «Você está interessada em baixar a conta do telefone?»

Detesto ser tratada por “você” por pessoas que não me conhecem de nenhum lado, mas como tenho toda a complacência com estes jovens que não arranjam emprego em sítio nenhum e acabam por ter de se sujeitar à tirania dos chamados «call centres», respondi amavelmente que estava satisfeita com a minha operadora e que não tinha interesse em mudar. Aí o rapazinho pergunta prazenteiro qual era a minha operadora e eu, cheia de paciência, lá lhe disse que tinha contratado os serviços da Meo. Agora vejam como foi hilariante(!)  a resposta do jovem: «Ah, tem o M4O! Então mesmo que você quisesse mudar, estava lixada porque esse serviço obriga a 24 meses de fidelização e você teria de continuar a pagar…»

Estes “meninos” não devem ter como habilitações nada menos do que o 12º ano. Ora será que ninguém na escola lhes ensinou os registos e os níveis de língua? É que fazem parte dos programas do Português no básico e no secundário! E será que na formação que lhes dão não lhes falam da forma de se dirigirem às pessoas?


Mas que digo eu?! Nestas situações – que por acaso acontecem cada vez com mais frequência – lembro-me sempre de uma outra que se passou comigo há mais de vinte anos quando era subcoordenadora da Coordenação da Área Educativa aqui de Leiria: um dia recebi um telefonema de uma jovem colega professora de uma das escolas secundárias da área que se me dirigiu assim: «Senhora Graça? Daqui fala a professora Madalena…»

13 comentários:

  1. Aposto que a professora Madalena tinha um número (ainda que seu desconhecido) bem visível no mostrador...

    O meu telemóvel tem inúmeros "sem número" não atendidos... mas às "visitas" inesperadas não há como escapar...

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  2. Madalena? Das duas uma: ou bolo doce ou pecadora arrependida, professora nunca!
    :)

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  3. Há casos muito engraçados, ou então já vivemos tanto , que muito há para contar..Também detesto ser tratada por você , não sei porquê , mas fere-me o ouvido..
    Ainda há dias , toca o telefone , mais ou menos por esta hora , número privado , um cavalheiro a falar sobre a operadora , se estava contente etc etc. Reparei que o barulho do lado dele era de loucos , quase tipo discoteca misturado com um martelo pneumático....Disse-lhe que estava muito satisfeita com o MEO e por nada mudava..Então , ele diz " já reparou que o seu telefone está avariado ? já viu o barulho que faz ?" Apesar de ensonada ainda lhe disse " o barulho está aí atrás do senhor " . A conversa não lhe agradou e terminou... M.A.A.

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  4. Professora era ela! A Graça era só "Senhora"...Bem precisava dumas lições de relações humanas.

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  5. Uma questão de chá.
    A minha avozinha dizia:
    - O menino faz o favor de dobrar a língua!

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  6. Um dia liguei para casa de uma colega, cujo marido rico era um bronco.
    _ Ó colega, espere aí que vou chamar a minha mulher.
    :-)

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  7. Tantas histórias de broncos com uma enorme falta de chá que teríamos para contar, não é?

    Aquele Rui Pascoal é sempre o mesmo brincalhão!!!

    Beijinhos para todos "vocês"...

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  8. a última vez que me falaram cá para casa, a menina falava tão rápido, que passado um minuto, perguntei se estava a falar com uma gravação.

    pediu-me desculpa e começou a "vender o peixe" mais devagar. mas como não era nada fresco, não se safou, Graça. :)

    abraço

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  9. Devia ser ligado às bestas, porque, "VOCÊ" é estrebaria!...
    A não ser que o "a-cordo horto - gráfico", como é feito por nabos, se calhar obriga-nos a falar à brasileiro, você para cá, e para lá.

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  10. E tirar o você do vocabulário dos nossos alunos de Leiria?! :)
    E se fosse só de alunos! :)

    Abraço

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  11. Caínhas, não sejas tão contra o Acordo Ortográfico! Já houve tantos antes deste! E ainda bem senão ainda estávamos a falar em latim...

    É verdade, Leo!...

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  12. Há tantas histórias dessas, já todos nós por certo passamos por umas quantas.

    Mas também te digo, ainda há dias ouvi uma história que tem alguns pontos em comum com as que nos contas só que era bem pior por ter sido, não telefonicamente, mas em pessoa e ter contornos de quase violência. Um desses rapazes que andam a tentar vender os serviços da Meo não ficou contente por lhe dizerem que não estavam interessados e, no momento em que a senhora foi a fechar a porta, ele meteu o pé na abertura e não deixou a porta fechar-se, exigindo explicações à pessoa com quem estava a falar.

    (o que valeu à senhora foi que, ao ver-se ameaçada, abre a porta da divisão contígua onde estava o seu cão, daqueles de meter respeito, e o fulano deu às de Vila Diogo)


    Beijinhos sem títulos
    (^^)

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