domingo, 30 de junho de 2013

Primeiro dia de praia

Foi só um bocado de manhã porque estava muito calor. E a água muito fria como é costume aqui na zona. Mas estava um lindo dia de sol e de mar muito azul.






E estes barcos? Apaixonei-me por eles - bem maiores e mais vistosos a lembrarem os dos Vikings - quando pela primeira vez os vi na praia da Vieira a serem puxados do mar pelas mulheres e por juntas de bois, nos idos de 50.

sábado, 29 de junho de 2013

Quadras para São Pedro



S. Pedro, meu santo eterno
De Moel, de Penaferrim,
Leva lá este “governo”
Para bem longe de mim!

Para bem longe de mim,
Para bem longe de nós.
Põe-lhes termo, põe-lhes fim
S. Pedro de Porto de Mós!

Tem sido tanto o desmando,
Não há quem de lá os remova.
Quando saem, diz-nos quando,
Ó meu São Pedro da Cova!

Tira-os de lá bem depressa
Que a malta já está cansada,
Não voltamos a cair nessa,
Meu São Pedro d’Afurada!


Aproveitem e saltem a fogueira porque agora 
só para o ano!
 

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Histórias da minha rua (3)

Já está na casa dos trinta e é um rapaz estudado, meu aluno em tempos. É por de mais bom rapaz, apesar de ser Carneiro, mas não tem muita sorte com as miúdas. Duas namoradas “oficiais”, daquelas recebidas em casa dos pais e mais umas tantas que acabaram por não dar em nada.

A última, moça mestranda e tudo, lá se ia aguentando até ao dia em que lhe deu a entender que quando fossem viver juntos, lá em casa quem mandava era ela. Pum! Acabou, acabou, pum!

A palerma não conhecia esta máxima…




Bom fim de semana!

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Laranjas às metades



Ao meio da manhã cheguei a casa já cheia de calor e cortei uma laranja ao meio, com fazia em garota, e comi ambas as metades às dentadas. Era tão doce e tão sumarenta que cortei outra em metades e fiz o mesmo. É um comportamento infantil e pouco polido daqueles que não se têm à mesa e que só me permito quando estou sozinha ou em privado. 

Adoro laranjas desde que me conheço. Agora já não porque há quase todas as frutas durante todo o ano mas, quando era garota, era uma fruta de inverno. Quando morava em Sintra, a minha mãe era professora e administrava uma escola de beneficência para meninas que pertencia e era mantida por uma senhora muito rica que não tinha filhos e gostava muito de crianças. Era uma pessoa mesmo muito rica, daquelas que já em inícios de 60 conduzia um Porsche Carrera azul escuro, lindo, mas que também tinha um Bentley e outros carritos de serviço. Vinha à escola uma ou duas vezes por mês assistir às aulas das meninas e, embora algumas vezes viesse no seu Porsche e trouxesse vestido o seu vison ou o seu casaco de pele de leopardo, no qual as meninas mais novinhas faziam festinhas como de um gato se tratasse, nunca a vimos com ar de quem fazia a caridadezinha mas muito pelo contrário, tinha sempre um olhar de grande carinho e complacência para com os grupos de crianças – cerca de 40 em cada ano letivo – que ali aprendiam desde as primeiras letras aos bordados sem pagarem um único tostão. De facto, tudo era custeado por aquela senhora que era mesmo muito rica mas que parecia ir ali buscar o sustentáculo para a sua felicidade.


Casa onde era a escola e onde nós vivíamos

As meninas almoçavam na escola onde lhes era servida uma sopa forte e suculenta, pão e fruta e as que podiam traziam o conduto que era aquecido no enorme fogão de lenha onde todos os dias eram feitos dois grandes panelões de sopa. Servia-se também a «sopa dos pobres» a um grupo de cerca de vinte pessoas de idade sem rendimentos que diariamente levavam sopa e um pão de segunda (os mais velhos dos meus amigos sabem do que estou a falar). Uma vez por semana, o motorista da diretora da escola trazia de uma das quintas da senhora sacos de batatas, feijão, couves, cenouras, cebolas e sei lá o que mais e, também para meu regalo, sacos de laranjas grande e deliciosas para os almoços que eram servidos. Escusado será dizer que a senhora professora (a minha mãe) também tinha direito à sopa e à fruta que vinha das quintas e aí me regalava com algumas laranjas. Sabem os que sabem que o clima em Sintra é – ou era – quase londrino, frio e húmido e o casarão onde funcionava a escola e em que nós morávamos era bem gelado e sem aquecimento. Então a cozinheira, a nossa querida amiga Menina Dionísia – naquele tempo, as senhoras de meia-idade que não eram casadas ou que não tinham direito ao tratamento por «senhora dona» eram tratadas por «meninas» - que era como que da nossa família, quando chegava a mais ou menos a hora de eu e o meu primo-irmão chegarmos do colégio, punha algumas laranjas em cima do fogão a lenha a perderem o frio para as podermos comer sem estarem geladas…

Continuei toda a vida a deliciar-me com laranjas chupando-as às metades, ou às rodelas, ou em sumo, ou a sua casca cristalizada, ou em bolo, ou em doce (de laranja amarga a que os ingleses chamam de «marmelade».)

Nas muitas vezes que almocei no refeitório da “minha” escola, uma das cozinheiras que por vezes servia os pratos no self-service, pessoa de feitio difícil mas que me tratava com certa deferência, oferecia-me sobremesas doces, mousse ou pudim ou arroz doce, pedindo eu que mas trocasse por uma laranja. E ela, mulher de esquerda, por graça perguntava: “Gosta dos laranjas, Srª D. Graça?” Ao que eu respondia: “De laranjas, D. (…)! Os laranjas até os comia às dentadas…” 

É mesmo isso: Estes laranjas mereciam mesmo era serem comidos às dentadas!