quinta-feira, 2 de maio de 2013

Igreja de São Francisco






Está normalmente fechada e, desde as suas obras de restauro nos anos 90 que recuperaram uns belos frescos do século XV, que tinha interesse em conhecer o interior da pequena Igreja.

Um destes dias, de passagem, calhou encontrá-la aberta – era dia de confissões – e entrei. Antes de registar algumas das fotografias que tirei, deixo uma breve história da igrejinha que foi convento e que retirei daqui.

«Entre os conventos [de Leria] de mais antiga fundação, após o estabelecimento dos crúzios por volta de 1155, sobressai o da Ordem de S. Francisco, em 1232; os cónegos viram com maus olhos a construção do convento, mas um Breve do Papa Gregório IX, de 1223, veio em apoio dos frades mendicantes.
Ergueu-se o edifício junto à margem do rio, no Rossio de Santo André (depois conhecido por Arrabalde da Ponte); as cheias, porém, causavam grandes danos e prejuízos, o que explica a construção de um novo convento no sítio onde ainda agora está implantado, provavelmente com o valioso auxílio de D. João I, como diz a tradição. A igreja seria sagrada apenas em 1562, segundo uma inscrição colocada junto à porta principal, sofrendo novas remodelações, ao mesmo tempo que a construção conventual, na segunda metade do século XVIII.

Cedido à Câmara de Leiria, por Carta de Lei de 2 de Julho de 1855, instalou-se no convento a cadeia municipal; em 1861, a igreja foi novamente entregue aos Franciscanos; mas, em 1904, estes encomendaram o projecto de uma nova igreja e respetivos anexos (onde funciona o seminário filosófico da Ordem), ao professor e arquiteto italiano Nicola Bigaglia; de estilo «neogótico», o templo franciscano, obedecendo aos preceitos de uma construção moderna, seria concluído após a morte do seu arquiteto, ocorrida em Veneza, em 1908.

Entretanto, o velho convento seria ocupado pela Companhia Leiriense de Moagens, em 1921, após a adaptação do edifício às instalações fabris, segundo um projeto de E. Korrodi; acrescentando-lhe um andar, com largas fenestrações uniformes, o arquiteto preservou, no entanto, o claustro, onde se reconhecem as linhas da antiga construção, e o ritmo dos vãos nos dois pisos da fachada primitiva. Ao lado, encontra-se ainda a igreja, cuja fachada, de linhas singelas, se abre ao exterior através de uma galilé renascentista; dois largos janelões, ladeando um nicho que abriga a imagem do santo, acusam as alterações efetuadas no século XVIII, sendo a fachada rematada por uma cornija em forma de frontão.»










 













12 comentários:

  1. Estimada Amiga Graça Sampaio,
    Uma bela obra que deveria ser conservada e recuperada.
    A sua longa história deveria ser divulgada, não só para todos os leirienses.
    Obras destas deviam ser melhor preservadas já que fazem parte da história dessa bela cidade de Leiria.
    Abraço amigo

    ResponderEliminar

  2. Felizmente Portugal tem um espólio arquitectónico enorme... e acredito que é difícil manter todos as edificações em bom ou razoável estado de conservação.

    Quantas vezes penso como é possível chegarem aos dias de hoje os testemunhos de tantos séculos...
    Esses frescos, mesmo no estado em que estão, deve ser uma emoção contemplá-los.


    Um beijinho alicerçado na amizade.
    (^^)

    ResponderEliminar
  3. É pena que as nossas igrejas estejam fechadas a maior parte do tempo.

    ResponderEliminar
  4. Belas fotos de um templo que mereceria maior divulgação.

    Bons sonhs

    ResponderEliminar
  5. Há igrejas e capelas muito bonitas no nosso país. Infelizmente, muitas vezes têm as portas fechadas, não percebo se devido aos assaltos, se à falta de gente para as vigiar...

    Gostei das fotos! :)

    Beijocas!

    ResponderEliminar
  6. No turismo religioso, numa perspectiva cultural e museológica, a riqueza é infinita... um dia isso será bandeira (se entretanto não ruir)

    ResponderEliminar
  7. Como o património português é rico e está negligenciado.

    ResponderEliminar
  8. Muito se aprende por aqui :)
    Gosto disto!
    Beijinho e bom fim de semana.

    ResponderEliminar
  9. Como era dia de confissões... não ficou nada por dizer.
    :)
    Bela reportagem!

    ResponderEliminar
  10. Caro amigo Rui, fique sabendo que... só me confessei uma vez! Tinha onze anos...

    Obrigada.

    ResponderEliminar

  11. O nosso património é ímpar e deveria ser mais divulgado. As fotografias estão esplêndidas!

    Bom fim de semana e um beijo

    Laura

    ResponderEliminar
  12. Mais um local a descobrir sem dúvida.
    As fotos e a reportagem assim convida.

    beijinho e bom fim de semana

    ResponderEliminar