quinta-feira, 26 de abril de 2012

Desamaram a Revolução!



«Para que uma revolução vença realmente não basta que conserve o poder é preciso que seja amada. Só uma revolução amada é a revolução democrática. Mas a revolução só é amada quando não emprega violência.

O 25 de Abril foi uma revolução justa bela e serena. Foi uma revolução que usou a força mas não usou a violência. O facto de a revolução do 25 de Abril ter usado a força e não ter usado a violência é um facto exemplar. O 25 de Abril foi uma revolução bela e amada porque não usou a violência. Foi um progresso na história das revoluções porque não usou a violência. E essa escolha da não violência foi o rasto mais revolucionário do 25 de Abril.

O próprio da democracia é não usar violência. Sabemos que uma democracia que usa a violência é sempre uma democracia que se suicida. A história mostra que as revoluções que usam a violência acabam sempre por criar novas formas de tirania. Onde há violência há abuso e onde há abuso não há justiça. Onde há violência há medo e onde há medo não há liberdade. Onde há medo há sempre alguém que pousa o seu pé em cima da cabeça dos outros.

A esquerda é a escolha política daqueles que acreditam que o mal nunca é necessário.»

Sophia de Mello Breyner Andersen
(1ª página de um texto de 1975)


 
O problema é que a Revolução deixou de ser amada. Os atuais inquilinos de S. Bento – que ontem, abusivamente, insultuosamente, ostentavam aqueles cravos tingidos naqueles peitos de plástico – tal como o inquilino de Belém, que por despeito nunca o usou, sempre desamaram a Revolução e estão ali para a desdizerem, para dela (e de nós) se vingarem.

Até quando vamos permiti-lo?

11 comentários:

  1. Verdade, não se usa o "mal numa democracia, não se usa a violência...mas será que SEMPRE será assim; sei não.
    Viva Portugal; beijos para todos os portugueses meus amigos, sou filha dessa terra também...sabes q meu pai nasceu aí, na cidade do Porto.
    Veio para cá numa época difícil, precisava de emprego acho que foi nos anos 50...Aqui nasci e tenho sangue português.
    boa noite.
    Mery*

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  2. Assino o seu manifesto.
    Estes senhores abancáram à nossa conta e vão sacando até poder para eles e os outros tais.

    De Abril nada sobra."Eles comem tudo"
    ...e foram eleitos à conta das suas mentiras e promessas não cumpridas.

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  3. Graça. não foi levada a efeito a devida justiça sobre os juízes , sobre os Pides, sobre ...

    SEntiram-se justificados e, pior, impunes!!

    Demos a esses patifes oportunidade de endoutrinarem as suas crianças, enquanto não informámos devidamenet as nossas!

    A responsabilidade é mais nossa do que deles, desgraçadamente.

    Fica bem

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  4. O Povo é quem mais ordena!
    Por isso será o Povo a deitá-los abaixo!

    Abraço

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  5. O problema é que a Revolução ficou reduzida à real dimensão de quem a ama.

    O resto é encenação... Sempre fomos poucos (essa é a verdade) e, porque velhos, fomos ficamos pelo caminho...

    Sabe que vi muita gente jovem descendo a avenida?

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  6. Parece-me que o problema é mesmo esse - até quando é que vamos permitir que estes homens que sempre detestaram o 25 de abril nos representem, tão pouco condignamente? :(

    Beijocas!

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  7. Está muito interessante o teu post, Gracinha. Mas desculpa de certo modo contrariar-te ao lembrar que os únicos mortos da revolução (porque os houve) foram feitos pelos pides na António Maria Cardoso. E a um dos que fez fogo sobre a multidão que ali se encontrava foi, conjuntamente com outro, concedida, pelo senhor Silva, uma pensão por serviços relevantes prestados ao país. A mesma pensão que o mesmo senhor Silva negou conceder ao Capitão Salgueiro Maia!!!!

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  8. Estimada Amiga Graça Sampaio,
    Estou totalmente solidário com suas sábias palavras.
    Abraço amigo

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  9. O teu post vem no seguimento do meu.

    "Quem nos agigantará de novo?"

    Beijo

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  10. Espero bem, Rosinha, espero bem!

    Caro Silva Rocha, não me contrarias nada! Sabes muito bem que considero esse sr Silva um NOJO! Só que a visão do fragmento que transcrevi é a visão de poeta. Se calhar, como muito bem diz a São, teria sido melhor ter "feito desaparecer os PIDES e outros criminosos fascista, Mas aí deixaria de ser a Revolução dos Cravos... Somos um povo de poetas. E por aí nos ficamos...

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