domingo, 3 de julho de 2011

Sardinhas de Lisboa





Ganhei da minha mãe este traço de insatisfação – ou serão todas as mulheres umas eternas insatisfeitas?

Só me lembro de a ver (mais ou menos) feliz quando morávamos em Algés. Quando, aí por 56, fomos (ou devo dizer viemos?) viver para a Vieira de Leiria, não obstante se ter embrenhado em aulas a adultos e em campanhas de cidadania (nessa época ainda não existia, entre nós, este conceito) a criar, montar e organizar a creche e a cantina para as trabalhadoras da fábrica de limas e a ajudar a organizar os festejos do centenário da fundação da fábrica de limas União Tomé Feteira, entrou numa depressão (palavra que também não se usava à época) a que o psiquiatra que a acompanhou chamou de esgotamento cerebral, que só conseguiu ultrapassar quando regressámos de vez a Algés. Depois, quando, em Outubro de 58, definitivamente mudámos para aquele casarão enorme e sombrio no sopé da Serra de Sintra em que estava sediada a Escola, e onde, dois ou três dias depois de lá estarmos um (amável e intrépido) vizinho veio avisar os meus pais dos cuidados a terem com uma pessoa muito ligada ao trabalho da minha mãe e que era informadora da PIDE, nunca mais a senti completamente satisfeita. Duas ou três vezes mudámos de casa em Sintra para lugares mais alegres mas sempre voltávamos a residir no enorme casarão que era a Escola que muito agradava ao meu pai e a que a minha mãe com muito enfado chamava a “sua prisão sem grades”.

Não pretendo falar da minha já conhecida e antiga insatisfação por morar onde moro, mas sinto que, por vezes, me faz falta não sei muito bem o quê. É nessas alturas que penso que preciso de ir a Lisboa – coisa que não acontece há bastante tempo. E então começo a arranjar pretextos. O último foi ir ver a exposição das sardinhas das festa de Lisboa. O pior é que escoou-se o mês de Junho e deixei fugir a oportunidade já a mostra já terminou.

Desde que inventaram a Internet, porém, há sempre a hipótese de fazermos visitas virtuais e foi o que eu fiz. Mas não é a mesma coisa!

Pelo menos desde 2008 que a EGEAC (Empresa de Gestão Equipamentos e Animação Cultural) lança um concurso para o desenvolvimento da imagem das Festas de Lisboa cujo tema é a sardinha.


Eis algumas das concorrentes:


A sardinha fadista
A sardinha de croché



A sardinha de chita


 A sardinha nobre  (mas não Fernando Nobre...)


A sardinha mamã




Outras propostas

A sardinha vencedora de 2011



Sardinhas de 2008



Sardinhas de 2009



Sardinhas de 2010


 E ainda estas que acho muito bonitas!



7 comentários:

  1. Querida Carol, acho que todas nós somos umas eternas insatisfeitas. Claro que com a idade se vai atenuando e agora com estes meios de comunicação como dizes e bem, também se esbate...
    Também eu tenho saudades da cidade onde nasci e vivi grande parte da vida, também eu vejo estas sardinhas (lindas) e fico ansiosa por lá voltar e aproveitar tantos acontecimentos (gratuitos) que ocorrem, na nossa Lisboa. Como não o posso fazer, admiro com satisfação as imagens do teu post e sorrio, ao ler o teu texto... :)

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  2. Pois eu fartei-me de as ver ainda em bandeirolas pela cidade e soube que as ofereciam em formato mais pequeno em dois Bancos...só que estavam esgotadas.
    Assim decidi comprar-vos mais um marcador de livros em forma de sardinha para vos dar no próximo jantar que, infelizmente, vai tardar! :-((

    Abraço

    Quanto a insatisfação lembro:
    "Pois eu só estou bem onde eu não estou..."

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  3. Vivá imaginação e a criatividade, que faz mover este mundo! Assim como a insatisfação, o motor principal:))))

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  4. Prefiro carapaus às sardinhas mas estas têm muito bom aspecto... e ainda há quem diga que os homens são complicados...
    :)

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  5. A insatisfação (sem exageros) é uma alavanca da acção:)

    Desistência nunca:)

    belas sardinhas:)

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  6. eternamente insatisfeitas... eu acho :)

    O post está magnifico, a sardinha vencedora deste ano, fabulosa.

    Um abraço
    oa.s

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  7. A sardiña vencedora de 2011 é unha verdadeira obra de arte (penso eu, unha coleccionista de marcadores galega, á que lle encantan os marcadores portugueses de sardinhas e de azulejos)
    Un saúdo cordial.

    Justa

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