Tive um professor de Teoria da Literatura nos idos de 60, o poeta Tomaz Kim, que nos dizia e repetia: «o Poeta é um vate.»
E tinha razão. Senão, como se explica que o poeta Manuel Alegre tenha escrito em O Canto e as Armas (1967)
«Que o poema seja microfone e fale
uma noite destas de repente às três e tal
para que a lua estoire e o sono estale
e a gente acorde finalmente em Portugal.»
(do Poemarma)
Ou ainda, no poema Lisboa perto e longe, igualmente dos anos 60, tenha previsto:
«Lisboa tem um cravo em cada mão
tem camisas que Abril desabotoa
mas em Maio Lisboa é uma canção
onde há versos que são cravos vermelhos
Lisboa que ninguém verá de joelhos.»
Não posso deixar de citar o último parágrafo da nota de edição da antologia País de Abril:
«Não deixa de ser intrigante que, tantos anos antes, o autor tenha escrito sobre o País de Abril, Maio e os cravos vermelhos. Como se explica? Mistérios da poesia.»
Viva o 25 de Abril!