Começou o “circo” dos resultados
dos exames nacionais. E eu (sabe quem já me conhece) começo logo a borbulhar
com as análises que a nossa (triste) comunicação social começa a deitar cá para
fora.
O pior é que, no que toca aos
exames nacionais, cá no burgo, não é apenas a comunicação social que é triste e
pobrezinha. A começar no IAVE (que já se chamou GAVE, e as pessoas liam «gueive» como se fosse uma palavra
inglesa) onde os exames são elaborados, até aos professores, aos pais e,
especialmente, à opinião pública são todos muito tristes e muito pobrezinhos.
A esta hora já os meus queridos
amigos estão a pensar: «Olha-me esta armada em
boa!» E posso até parecer estar. O certo é que tive a sorte de estudar Ciências da
Educação com bons professores na Universidade de Aveiro que me/nos fizeram ver
a educação e a pedagogia de diferentes prismas.
Antes de mais, duvido da
necessidade, da justeza e até do rigor dos exames. Os de final do 12º ano,
enfim talvez embora nunca nos moldes em que são elaborados. Aqueles que ainda
se fazem e os que o anterior ministro quis “repor”, nem pensar!! Para quê?
“Deliro” quando oiço tantas pessoas
– algumas/muitas das quais professores – defender que, se antigamente havia
exames em todos os ciclos, porque não hão de continuar a ser aplicados? (Aquele
senhor ex ministro da Educação também achava…) esquecem-se, ou não sabem, (e o
senhor ex ministro também se esqueceu ou não sabia…) que antigamente, no tempo
da “bendita” ditadura, o ensino era só para alguns e por isso o objetivo dos
exames era o de fazer a seleção dos alunos…
Mas se querem falar dos exames de
“antigamente” – e eu fi-los todos desde o da 3ª classe – sempre vos digo que
eram bem mais honestos do que são os que os illuminati do IAVE
produzem atualmente. É que naquele tempo já sabíamos que se estudássemos que nem
loucos, estaríamos em condições de responder mais ou menos acertadamente às questões.
Atualmente, em nome de um pseudo desenvolvimento do pensamento lógico e da “bendita”
obstaculização à memorização e aplicação de conhecimento, elaboram provas de
exames com questões altamente complexas e dúbias que levam que tempos a
descodificar completando-as com os “moderníssimos” e “americaníssimos” exercícios
de escolha múltipla com quatro hipóteses de resposta muitas das quais altamente
rasteirentas.
Digo, e garanto-vos que sei do
que estou a falar, que as atuais provas de exame não são honestas, são manhosas,
cheias de ardis e artimanhas que em pouco ou nada testam os conhecimentos ou sequer
as capacidades dos alunos. (Costumo dizer aos meus explicandos de
Português do 12º ano que, se o Fernando Pessoa tivesse de fazer uma prova de
exame sobre um dos seus poemas, havia de se ver bem aflito…)
Por isso, os professores vêem-se
forçados, na sua maioria, a treinar os seus alunos para desmontar os possíveis
artifícios constantes das provas de exame em detrimento, muitas vezes, de neles
produzirem verdadeiras aprendizagens. Os alunos precisam disso, os pais querem
isso e as escolas pressionam-nos nesse sentido em nome dos “benditos” rankings que a triste comunicação social
inventou e com os quais o público em geral delira!
Depois os nossos “cérebros” queixam-se
muito das elevadas taxas de insucesso, do abandono escolar, do ainda baixo número
de licenciados e por aí fora. Pois se os exames finais do secundário são mais …
como direi? Difíceis, exigentes, maquiavélicos talvez… do que os do superior!
Sei de jovens que, como alunos externos, têm já parte das disciplinas de alguns
cursos superiores que não podem continuar porque não conseguem nota positiva
nos exames finais do 12º ano.
E outra coisa: o ensino
secundário já faz parte da escolaridade obrigatória! Não é mais seletivo, nem
devia contar para o acesso ao superior…
Pois é… os “nossos” exames
nacionais têm muito que se lhe diga…