terça-feira, 30 de janeiro de 2018

Se não digo, rebento!

Corro o risco de levar os meus queridos seguidores/visitantes a pensar que estou a tornar este espaço mais de registo e discussão dos aspetos negativos do dia-a-dia do que a tratar das maravilhas da vida, da arte, da escrita, das estações do ano, da poesia.

A questão é que, todos os dias os órgãos de comunicação social nos pretendem vender “gato por lebre” e eu não aguento.

Quando eu era tímida e trabalhava na escola, tinha, muitas vezes, de ir a reuniões alargadas com presidentes de outras escolas para discussão de problemas da vida escolar dos alunos. Muitas vezes, tinha opiniões muito diversas das do grupo e eu ouvia, ouvia, e quando “enchia”, pedia a palavra e dizia: «Desculpem, não concordo nada com isso e, se não digo, rebento…»

Assim estou agora: «Se não digo, rebento!»
Então andam mais de não sei quantos funcionários do Ministério Público (seja isso o que for) daqueles com formação (ou sem ela, sei lá!) a fazer inquirições (era o que fazia o Ofício dito Santo e a polícia política do ditador) por causa de dois convites para ir assistir a jogo de futebol e os outros restantes funcionários a inquirir dois antigos secretários de Estado de um governo de há anos porque utilizaram indevidamente o cartão de crédito – não, não foi para comprarem fatos Armani, nem para levarem a família a fazer viagens à Seicheles – para comprarem livros e revistas que levaram para casa quando terminaram o mandato.

 Quantos bilhetes de futebol e quantos livros e revistas se poderiam comprar com os milhões roubados no âmbito do crime financeiro do século no BPN, ou do BES?

Quantos bilhetes de futebol e quantos livros e revistas poderiam ser comprados com as luvas recebidas (e desaparecidas) com a compra dos Pandur e dos submarinos?

Querem fazer de nós parvos ou trata-se apenas de continuar e prolongar sine die o processo de difamação das governações de esquerda iniciado em 2004 com o obscuro e infame caso Freeport?

De nada mais se fala nesta torpe e infame comunicação social. Entretanto, o ex ministro Miguel de Macedo foi hoje ouvido em tribunal sobre o caso dos vistos gold – mas a comunicação social, caladinha. Ontem um dos arguidos da operação FIZZ afirmou em tribunal que tinha provas da manipulação da Procuradora Geral (desta) República e dados sobre quem a PGR tem andado a proteger – mas a comunicação social, caladinha, caladinha…

E querem vocês que eu me cale também? Não posso. Senão rebento!



Nota Final – li agora que o Partido Popular Europeu quer ver discutido o caso dos bilhetes de futebol no Parlamento Europeu!


Aonde vamos parar? 

domingo, 28 de janeiro de 2018

Desculpas frouxas

Volto ao tema do passado dia 25 Impunidade. É que se nesse dia me sentia furiosa, hoje não o fiquei menos com as notícias dos jornais: «MP não está preparado para lidar com casos de violência doméstica» - em grandes parangonas na primeira página.

E continuam: “Os funcionários do MP não têm formação nessa matéria, não lhes é dada por parte do Ministério da Justiça e não existe número de funcionários que permita um atendimento personalizado, nem pelos funcionários nem pelos magistrados.” – afirma o presidente do sindicato.

Para além da minha fúria crescente e incontida, duas observações acorreram, ato contínuo, ao meu pensamento:

             Uma, que tem a ver com a minha vasta experiência de professora enquanto presidente executiva: quando, perante novos projetos, novas tendências pedagógicas, reviravoltas nos programas, os colegas bradavam: “Não temos formação para isso! O ministério não nos deu formação para isso!” – Eu respondia-lhes muito simplesmente: “Há bibliografia sobre o assunto. Há aquilo a que se chama autoformação [já para não invocar o brio profissional!...] Se conseguimos tirar uma licenciatura [e ainda era daquelas de cinco anos…] também conseguimos fazer a nossa autoformação!”

                A outra, talvez mais violenta, é que me parece que o MP só tem formação para averiguar “delitos” de primeira grandeza como o pedido de dois bilhetes para ir ao futebol, ou umas viagens para ir ver o Europeu. “Delitos” que sempre implicam figuras da atual governação. Esta formação que o MP tem em barda esbate-se, esfuma-se, dissipa-se quando estão em causa delitos menores como o caso dos inexplicáveis roubos no BPN, o caso dos submarinos, dos Panama Papers, da Tecnoforma, o caso das adoções feitas a trouxe-mouxe pelos ditos bispos da IURD – só para referir os mais mediáticos.

E, lamentavelmente, tenho de concluir que somos um povo manso que mansamente aceita todas as desculpas frouxas que nos põem pela frente…





sábado, 27 de janeiro de 2018

Dia da Lembrança do Holocausto

"Em 27 de Janeiro de 1945 os campos foram libertados pelas tropas soviéticas, dia este que é comemorado mundialmente como o Dia Internacional da Lembrança do Holocausto, assim designado pela Assembleia Geral das Nações Unidas, resolução 60/7, em 1 de Novembro de 2005, durante a 42º sessão plenária da Organização."

Passam hoje 73 anos sobre a libertação dos sobreviventes do mais horrível extermínio nazi.

Para que conste. Para que não nos esqueçamos nunca.

Auschwitz-Birkenau




Porta do Inferno







De lembrar também as pessoas generosas que salvaram tantos cidadãos judeus das perniciosas e “purificadoras” garras nazis. Muitos desses benfeitores que merecem ser também lembradas foram portuguesas. 


Ericeira

Sintra





quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

Impunidade!

Foi logo ao pequeno almoço. A televisão estava a transmitir a notícia da mulher que foi morta à paulada pelo marido.  (mais uma, pois então!)

Há pouco mais de um mês a vítima dirigiu-se ao Ministério Público para apresentar queixa por violência doméstica contra o marido que a espancara e ameaçara matá-la. O Ministério dito Público nada mais fez senão chamar a senhora para ela explicar por três vezes o que queria e sem lhe atribuir o estatuto de vítima. (Se calhar tinha o 5º ano do liceu e por isso tinha mentalidade e conhecimento para se proteger…) Hoje, passados 37 dias sobre a queixa, a mulher foi espancada até à morte. Mais uma!

Sinto-me furiosa. Sinto-me fragilizada. Não temos ninguém que nos proteja! De nada! Mulheres, homens, crianças. Estamos completamente entregues a nós próprios num país implantado no dito primeiro mundo! Instituições não faltam! Cheias de senhoras doutoras e de senhores doutores a ocuparem cargos com nomes por de mais compridos e enviesados para serem designados aqui, agora. Todos sentadinhos às suas secretárias, escondidos por detrás dos seus computadores a fingirem-se muito ocupados, dentro dos seus fatinhos e gravata a condizer ou das suas lindas blusas de seda. Com os ares impantes de quem domina tudo e sabe de tudo. (mas pouco ou nada faz).

Diz o sítio do Ministério dito Público que «O Ministério Público é uma instituição que tem por finalidade garantir o direito à igualdade e a igualdade perante o Direito, bem como o rigoroso cumprimento das leis à luz dos princípios democráticos. A Constituição da República Portuguesa e a lei atribuem ao Ministério Público muitas funções. Por exemplo, exercer a acção penal, dirigir a investigação criminal, participar na execução da política criminal, representar o Estado, defender a legalidade democrática, defender os direitos e interesses das crianças e jovens, exercer o patrocínio oficioso dos trabalhadores e suas famílias na defesa dos seus direitos de carácter social, defender os interesses colectivos e difusos, defender a independência dos tribunais e velar para que a função jurisdicional se exerça em conformidade com a Constituição e as leis. »

Tem-se visto! Palavreado. Nisso é que nós somos bons. No palavreado.

É o MP e é o Tribunal de Menores e são as CPCJ e mais outras quejandas. Cheias de gente com uma capa de impunidade que até assusta. Quando os tristes acontecimentos, os dislates lhes caem em cima, “sacodem a aguazinha dos capotes” Burberries, desculpam-se com o excesso de trabalho e com a falta de pessoal e depois fica tudo bem: nada lhes acontece!

Gentes, podeis continuar a bater a e matar as vossas ex! (o oposto talvez não!) Podem continuar a violar as crianças e a sujeitá-las a toda a espécie de violência bárbara e até a retirá-las aos pais para adoções rendosas que nada de mal vos há de acontecer porque as instituições são lentas, incompetentes e ineficazes.


Impunidade! Impunidade! É a característica mais aberrante, mais abjeta, mais ignóbil e mais difundida neste país. Estou furiosa!




quarta-feira, 24 de janeiro de 2018

I'm so tired...

Uma das "minhas" canções do Álbum Branco (1968) dos "meus queridos" Quatro Fabulosos. Sempre me vem à memória de cada vez que sinto aquele imenso «Cansaço» de que fala Álvaro de Campos.

E hoje trago-a aqui porque é mesmo assim que me sinto...

«I'm so tired, I haven't slept a wink
I'm so tired, my mind is on the blink» (...)

«I'm so tired, I don't know what to do» (...)

«I can't stop my brain
You know it's three weeks, I'm going insane
You know I'd give you everything I've got
for a little peace of mind» (...)





terça-feira, 23 de janeiro de 2018

Duas notas apenas...



Não é dessas!!! Que essas são bem fugidias...

Duas notas apenas porque não há tempo (nem imaginação) para mais...

1ª - «Janeiro fora, mais uma hora!» - Já repararam que os dias começam a ficar maiores?

2ª - O blogger voltou ao seu normal no tempo de publicação dos comentários!

Não são mesmo duas boas notas?! (e estas não fogem...)  



domingo, 21 de janeiro de 2018

Pretty Woman

Hoje dei-me «ao desfrute» de (re)ver o filme Pretty Woman dos idos de 90 com o jovem e lindo Richard Gere (Uh!) e a esbelta Julia Roberts, a do sorriso romântico.

Gostei de (re)ver - quem não gosta de ver um conto de fadas? Mas do que gostei mesmo, mesmo foi de voltar a ouvir a canção - uma das minhas canções - Oh, Pretty Woman, na sua versão original de 1964, pelo seu compositor . cantautor, como se diz agora - Roy Orbison.

Lembram-se dele?



Deixo ainda mais outro enorme êxito de Roy Orbison (1936 - 1988) - You Got It.




(Peço desculpa aos meus amigos bloggers por não responder aos vossos comentários, nem comentar nos vossos blogs. Isto deve-se à imensa demora na publicação dos comentários.)

Boa semana!

sábado, 20 de janeiro de 2018

Ciumes


Arlequim e Colombina de José de Almada Negreiros


Pierrot dorme sobre a relva junto ao lago. Os cisnes junto d’elle passam sêde, não n’o acordem de beber.

Uma andorinha travêssa, linda como todas, avôa brincando rente á relva e beija ao passar o nariz de Pierrot. Elle accorda e a andorinha, fugindo a muito, olha de medo atraz, não venha o Pierrot de zangado persegui-la pelos campos. E a andorinha perdia-se nos montes, mas, porque elle se queda, de nôvo volta em zig-zags travêssos e chilreios de troça. E chilreia de troça, muito alto, por cima d’elle. Pierrot já se adormecia, e a andorinha em descida que faz calafrios pousou-lhe no peito duas ginjas bicadas, e fugiu de nôvo.

                De contente, ergueu-se sorrindo e de joelhos, braços erguidos, seus olhos foram tão longe, tão longe como a andorinha fugida nos montes.

                De repente viu-se cego – os dedos finissimos da Colombina brincavam com elle. Desceu-lhe os dedos aos lábios e trocou com beijos o arôma das palmas perfumadas. Depois dependurou-lhe de cada orelha uma ginja, á laia de brincos com joias de carmim. Rolaram-se na relva e uniram as boccas, e já se esqueciam de que as tinham juntas…

                - Sabes? Uma andorinha…

                E foram de enfiada as graças da ave toda a paixão. Pierrot contava enthusiasmado, olhando os montes em busca da andorinha, e Colombina torceu o corpo numa dôr calada e tomou-lhe as mãos.

                Havia na relva uma máscara branca de dôr, e a lua tinha nos olhos claros um um olhar triste que dizia: Morreu Colombina!

(José de Almada Negreiros, in Orpheu I, 1915)

Não suporto o ciúme, (eu sei que ele existe e estou a sentir-lhe o cheiro acre muito de perto...) mas descrito assim… quem lhe pode resistir?



sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

Século XXI



A propósito do excelente programa documental  «2077 - 10 Segundos para o Futuro» que a RTP1 tem passado à terças-feiras, lembrei-me do poema «Século XXI» de Fernando Pinto do Amaral.


Falam de tudo como se a razão
lhes ensinasse desesperadamente
a mentir, a lançar
sem remorso nem asco um novo isco
à espera que alguém morda
e acredite nessa liturgia
cujos deuses são fáceis de adorar
e obedecem às leis do mercado.

Falam desse ludíbrio a que chamam
o futuro
como se ele existisse
e as suas palavras ecoam
em flatulentas frases
sempre a favor do vento que as agita
ao ritmo dos sorrisos ou das entrevistas
em que tudo se vende
por um preço acessível: emoções
&sexo&fama&outros prometidos
paraísos terrestres em horário nobre
- material reciclável
alimentando o altar do esquecimento.

O poder não existe, como sabes
demasiado bem-apenas uma
inútil recidiva biológica
de hormonas apressadas que procuram
ser fiéis ao comércio
dos sonhos sempre iguais, reproduzindo
sedutoras metástases do nada
nos códigos de barras ou nos cromossomas
de quem já pouco espera dos seus genes.


Fernando Pinto do Amaral
(in Luz da Madrugada)

quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

Casa de intelectuais...

Pois é para que conste: cá em casa somos todos tão intelectuais, mas tanto que até as gatas se interessam pelas fontes do saber...










Se isto é com as gatas, imagine-se o que não será com os donos...

(gaba-te, cesto!!)

domingo, 14 de janeiro de 2018

Dia de Reis

Juro que não estou trelida! Ainda...
Tal como "o Natal é quando um homem quiser" - Ary dixit - também o Dia de Reis é quando um homem (ou uma mulher) quiser, pois então!

Então não é que ontem me apareceu aqui uma amiga com este bolo-rei (ou rainha, ou seja lá como se chama!)? E foi ela que o fez! Ora vejam. 



E agora sem capota...



E este veio hoje - de uma das filhas. Mostro-o cortado para verem bem o interior.

Feito a pensar no sportinguista nº 1 da casa, que está doentinho...




Espero que estejam já a salivar...

Boa e doce semana para todos!

sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

Assédio

O tema está na ordem do dia.Com todas as verdades e com todos os exageros. 

Veio de Hollywood e até a Catherine Deneuve se meteu ao barulho.

E hoje dei com este caso. Grave.




quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

Obrigada!

Dizem as redes sociais que hoje se celebra o Dia Internacional do Obrigado (por elas criado, aliás). 

Então é dia - como o são todos os dias - para agradecer a todos os amigos que por aqui têm passado e que têm deixado palavras carinhosas, de ânimo e de coragem. O meu mais sincero e sentido Muito Obrigado!



A primeira vez que fui a Inglaterra, nos idos de 70, já depois da Revolução, fiquei por de mais admirada com a frequência com que os ingleses agradeciam e pediam por favor. Nos restaurante, nos cafés, nas lojas, sempre diziam um "thank you" depois de nos servirem o que tínhamos pedido. Não estava instituído esse hábito por cá.

Felizmente, aos poucos, - poucos que são muitos dado o salto civilizacional, cultural e educacional que demos em tão pouco tempo (40 anos são pouco mais do que uma geração) - o atendimento por cá sofreu uma evolução enorme e já são poucos, quer atendedores quer atendidos, os que não têm uma palavra de agradecimento ou um pedido por favor.

(Há, porém, ainda muita arrogância para arrasar...)




terça-feira, 9 de janeiro de 2018

Desculpem qualquer coisinha...

Falhas de textos meus, falhas de publicações diárias, falhas – e grandes – de visitas aos blogs amigos e de comentários às respetivas publicações, falhas de atenção…

… que me desculpem todos. 

Desde o passado dia 28 em que o meu companheiro de uma vida foi longa e delicadamente intervencionado, parece que não consigo concentrar-me nas rotinas habituais, parece que tudo está diferente… entontecida me sinto.

Além de que, regressado a casa passados dez dias, os cuidados necessários são os exigidos por um cálice de cristal, deixando-me pouco tempo e pouca energia para estoutras atividades.

… que me desculpem todos.


E, se por ventura, teimo em vir aqui, é talvez mais por vício, talvez porque em tempos li no blog do Carlos Oliveira um slogan engraçado de mais que aconselhava: «Este verão não abandone o seu blog!».





segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

Parabéns, Elvis!

Mais um ano que passa sobre o nascimento de Elvis Presley e mais uma vez - como de costume neste espaço - aqui fica a lembrança daquele que revolucionou a música rock e a prestação dos seus cantores em palco. Mais uma vez aqui fica a lembrança de uma das vozes mais bonitas (e dos homens mais bonitos) da música norte americana. 


Este era o "meu Elvis".




Mas esta era, sem dúvida, a minha canção do Elvis! A mais bela. A mais romântica. A mais bem interpretada. A que mais me dizia...




Faria hoje 83 anos.

Partiu há quase 41 anos


domingo, 7 de janeiro de 2018

Quem se lembra da «Poupée de cire»?

Ganhou o festival da canção da Eurovisão no ano de 1965 com a canção «Poupée de cire, poupée de son». France Gal, uma jovem menina de 18 anos à época.

Morreu hoje, vítima de cancro. Vamos recordá-la?




sábado, 6 de janeiro de 2018

Vamos cantar as Janeiras!


As Janeiras são cantadas
Do Natal até aos Reis:
Olhai lá por vossas casas
Se há coisas que vós nos deis.

Janeira pedimos
Saco trazemos;
Dêem-no-la cá
Que nós nos iremos.

Saco trazemos,
Saco levamos;
Venham-no-la dar,
Que nós já nos vamos.

Nós vimos de lá de baixo,
Da terra dos bons pastores;
Vimos pedir a Janeira
A casa destes senhores.


Não somos reis nem rainhas
E vimos dos olivais;
Vimos dar as Boas Festas
Como demos a outros mais.

Levante-se daí, senhora
Do seu tão rico banquinho;
Venha-nos dar a Janeira
Em louvor do Deus Menino.

Vinde-nos dar a Janeira,
Se no-la houverem de dar;
Nós somos de muito longe,
Não podemos cá voltar.

(in “Cantares de Todo o Ano”)


quinta-feira, 4 de janeiro de 2018

quarta-feira, 3 de janeiro de 2018

A Guida Maria

Fiz a minha 4ª classe num Externato privado na Parede – de que já não me lembro o nome – no ano letivo de 1957/58. A minha mãe dava lá aulas aos alunos da 2ª classe, turma onde tinha uma aluna que se chamava Guida Maria. Muito bonita, muito vivaça, muito alegre e divertida, com um olho azul muito expressivo, mas nem por isso muito boa aluna porque faltava muito às aulas para ir aos ensaios e para decorar os papeis das peças em que representava. Teria os seus sete/oito anos.




O colégio era frequentado por meninos e meninas “de família” por isso a Diretora, a Srª D. Maria Alice, minha professora, tinha certos cuidados na organização do colégio, nos serviços que prestava e nos eventos que realizava.

Lembro, com especial ternura, a festa de final de ano em que se representou uma peça de teatro muito completa e muito abrangente. O enredo era muito simples: uma avó fazia 82 anos e lamentava-se, sozinha, em palco, porque nenhum dos seus netos a visitava nesse dia. Depois, aos poucos, eles iam aparecendo e cada um trazia consigo um grupo que dançava ou cantava para a avó. As danças, os cantares e os poemas declamados cobriam quase todas as províncias de Portugal. Lembro-me que se dançaram o vira do Minho e da Nazaré, o corridinho do Algarve, o bailinho da Madeira e até o fandango sapateado do Ribatejo (que foi ensaiado pelo motorista do colégio que era ribatejano). Também houve bailado clássico e belas canções pelo coral.

Eu fui escolhida para representar a avó, de cabelo empoado e longo vestido e xaile negros e a minha primeira fala, ao abrir do pano, era: «82 anos… Como o tempo passa!» Depois, lá me lamentava por estar sozinha e ninguém se lembrar de mim naquele dia e aí aparecia a pequena Guida Maria, minha neta. Então desenrolava-se a peça, sendo nós duas as “responsáveis” pela chegada dos restantes netos com os seus grupos de animação da festa da avó.

Os nossos “ensaiadores” foram, nada mais, nada menos do que o ator Luís Cerqueira, pai da Guida Maria, e um cunhado daquele, tio da Guida, o Senhor Vaquinhas que era encenador.



A peça foi representada no antigo Casino do Estoril.



No final da representação, o pai e o tio da Guida Maria pediram à minha mãe que me deixasse seguir a carreira do teatro que eles me encaminhariam.

A minha mãe não deixou. (A sua grande aspiração era que a filha tirasse um curso superior e “fosse alguém”… )

Fui acompanhando à distância e a espaços a carreira da minha famosa colega até que ontem fui tristemente surpreendida pela notícia da sua morte.

Lamento que tenha partido com tanto ainda para dar.




terça-feira, 2 de janeiro de 2018

O imundo mundo

Como não podia passar o mundo a piaçaba 
                                                         a mulher atirou-se
ao soalho à pia da loiça
                                a tudo o que lavável pudesse ser
Lavou esfregou tornou a esfregar
                                              Sentiu-se Deus perante o caos              
E só quando a luz se fez por todo o lado
                                                        pia de alumínio
loiça de inox batentes das portas a reluzir
                                                           chão mesas cadeiras
móveis encerados
                        ela se deixou cair no soalho exausta
O Criador
                 por ciúmes talvez
                                         zangou-se:
                                                         um trovão um relâmpago
e depois uma valente chuvada
                                           como quem bate roupa numa pedra
Então ela disse à chuva: Dá-lhe com força! Que as mãos
nunca te doam! Dá uma sova de água ao nosso mundo imundo!

(Teresa Rita Lopes)





segunda-feira, 1 de janeiro de 2018

Dia de ouvir Mozart

Viena não dispensa ouvir Mozart no início do ano. Nós que não estamos em Viena, vamos iniciar o ano divertindo-nos com o MozART Group que é uma pequena maravilha.




Votos de Bom Ano 2018 para todos!