Tenho por hábito ir ao shopping
todas as sextas-feiras de manhã dar uma volta pelas lojas e pelas livrarias e,
no fim, Continente com ela para fazer as habituais compras da semana. Costumo
dizer, por piada, que é a minha manhã livre, a parodiar o tempo de professora
com a tarde ou a manhã livre (que raramente gozava… mas isso é outra conversa!)
Ora hoje, ao aproximar-me da
rotunda que leva ao shopping, começo de ver filas de carros quase parados, em
bicha, à espera de acederem aos parques do edifício.
Que se passa? Qual será o
impedimento? Terá havido acidente? Aí, fez-se-me luz!! Black Friday!! E eram ainda dez da manhã. Mas é feriado? Ninguém
trabalha hoje? O que é isto?
Difícil, senão mesmo impossível arranjar
lugar nos estacionamentos. Mas, como é habitual, o marido lá me deixa a gozar a
minha “manhã livre” e segue para levar o neto para a escola.
Garanto que, sem ser nos dias
imediatamente anteriores ao Natal, nunca tinha visto tanta gente no shopping
àquela hora da manhã de um dia de semana! Os corredores cheios de gente, pareciam
o calçadão da Nazaré em domingo de verão e, nas lojas, as empregadas corriam
esbaforidas a atender, a procurar números maiores, a arrumar peças que clientes
deseducadas deixavam espalhadas por qualquer lado, caídas e viradas do avesso
por as terem experimentado por experimentar.
Em algumas das lojas mais populares,
as bichas nas caixas de pagamento chegavam à porta – dava vontade de nem lá
entrar. Noutras, puseram a música tão alto que fazia a confusão maior. Noutras
ainda devem ter contratado novas “colaboradoras” (como se diz agora e é fino) a
quem devem ter dado ordens para “atacar” as clientes com grandes sorrisos que,
não sei por que razão, lhes elevada o tom de voz e as tornavam enervantes… Dava
vontade de fugir!
E tudo isto para se obter 20% de
desconto sobre os artigos.
Sei, por experiência, que daqui a
uns dias, a maior parte desses artigos, senão todos, estarão com descontos
muito mais apetecíveis e com a vantagem de não entrarmos nos atropelos de uma
sexta-feira negra…
Esta tonteria é recente, pelo
menos aqui em Leiria. Nada tenho contra a apropriação de costumes – as chamadas
tradições – de outros países, o que está a acontecer com uma rapidez vertiginosa.
Mas que diabo!! Qualquer dia estamos a fazer as tristes figuras das americanas
que esperam horas para a abertura das lojas e depois entram numa corrida louca
a ver quem consegue abarbatar mais artigos que poderão depois não servir para
nada…
Que facilmente aderimos às modas
mais tolas e mais vazias de essência… É que isto não é mostrar-se moderno – é mesmo
mostrar-se parolo.