sábado, 29 de abril de 2017

A gata Tama

Hoje o Google assinala o 18º aniversário do nascimento da gata Tama, que era a chefe da estação de comboios Kishi em Kinokawa, no Japão. Isso mesmo: a gata era mesmo chefe da estação!

Durante muitos anos, a estação de Kinokawa teve muito pouco movimento o que ia provocando o seu encerramento em 2004. Em 2007, os japoneses tiveram a ideia de nomear a gato de Chita, chefe da estação na altura, para suceder no cargo ao seu dono.

A gatinha atraiu multidões de viajantes só para vê-la no seu escritório com o gorro oficial de tamanho de gato. Essa decisão acabou por salvar a estação do encerramento e ainda contribuiu muitíssimo para desenvolver a economia local.


(daqui)

A gatinha nasceu no dia 29 de abril de 1999 – faz hoje 18 anos – e morreu em 25 de junho de 2015. Entretanto já arranjaram um outro gatinho para fazer as suas funções. É o Nitama, ou o Tama II.

Fez-me lembrar quando, há uns anos, fui a Londres e fiquei num hotel em que um gatarrão andava por cima do balcão da receção como se fosse o dono daquilo tudo… O rececionista acabou por informar que o dono do hotel era mesmo o gato!




Uma foto do gato

Claro que tive de lhe pegar ao colo...


A biblioteca de uma escola aqui de Leiria tem um gato que anda livre por lá, o que também é uma atração para os alunos. Uma delícia, não vos parece?

Também na Biblioteca Municipal havia um gato leitor. Infelizmente e como nem todos temos a mesma sensibilidade, quando a nova responsável camarária pela Biblioteca tomou posse, mandou de imediato que retirassem de lá o gato e pronto!

Feitios...

quinta-feira, 27 de abril de 2017

A canonização

Foi dos meus tempos de férias na Nazaré, nos idos da primeira metade de 60. Teria eu os meus quinze ou dezasseis anos e não me lembro de me ter rido tanto antes, nem talvez depois.

A anedota era assim:

«Um tolo de um publicitário americano teve a ideia peregrina de que todos os padres dissessem no fim da missa: «Bebam Coca-Cola!»

Toda a gente se ria da ideia dele, mas a ele parecia-lhe bem e o plano a não lhe saía da cabeça. Assim, resolveu viajar até ao Vaticano para expor o plano ao próprio Papa.

Quem o recebeu foi um dos secretários de Sua Eminência a quem o publicitário propôs que todos os padres católicos, no fim de cada missa, dissessem: «Bebam Coca-Cola!»

Claro que o vigário secretário pôs o homem a correr do gabinete para fora. E este, esbaforido, baralhado e contrariado, sentou-se num banco dos corredores do palácio papal, perguntando-se pensativo: «Só gostava de saber quanto é que o tipo da Fiat terá pago para os padres dizerem nas missas “fiat voluntas tua”…»

Escusado será dizer que, nessa época, as missas ainda eram ditas em latim…

Vem isto ao caso mercê das atuais canonizações. Pergunto-me, tal como o publicitário tonto, quanto é que os tipos da Canon terão pago…




quarta-feira, 26 de abril de 2017

Guernica

Passam hoje oitenta anos sobre a carnificina em Guernica, a pequena povoação basca., perpetrada pela Luftwaffe de Hitler, como forma de apoio a Franco na sangrenta Guerra Civil Espanhola.

O massacre que ocorreu a 26 de abril de 1937, durante a Guerra Civil de Espanha, foi visto como um ensaio para os bombardeamentos aéreos da Segunda Guerra Mundial. Foi a primeira vez que uma cidade foi destruída por bombardeamento aéreo.




A partir das quatro horas da tarde, a cada quarto de hora esquadras de aviões nazis e italianos apoiaram a guerra do General Francisco Franco contra a Segunda República espanhola, lançando sobre Guernica bombas incendiárias depois das bombas destrutivas. O ataque destruiu a maior parte da localidade, na época com 5 000 - 7 000 habitantes, causando centenas de vítimas. Foi considerado um ataque terrível na época e usado como propaganda fascista que se foi difundindo por todo o mundo europeu ocidental, nomeadamente em Espanha, depois do General Franco ter chacinado os “Vermelhos”, em Portugal, na Itália e, claro, na Alemanha onde o movimento nasceu.





Não há como não referir o emblemático quadro de Picasso Guernica. Depois da chacina, o pintor de Málaga demorou sete semanas para realizar a sua obra de colossais dimensões. Uma obra onde mostra a dor da população basca e é, ao mesmo tempo, um grito contra todas as guerras.





Aos que apontaram a crueza da obra, Picasso respondeu que “a pintura não serve para decorar apartamentos, é um instrumento de guerra […] contra a brutalidade e o negrume”. E aos pedidos de esclarecimento quanto à simbologia do quadro, que tantas dúvidas e discussões gerou, retorquiu: “Não cabe ao pintor explicar os símbolos, de outro modo, mais valeria que ele os explicitasse por escrito! Quem contempla o quadro deve interpretar os símbolos tal como os entende”.

Diz-me quem já leu que o escritor esapnhol Javier Cercas, já agraciado pelo prémio literário das “Correntes d’Escrita” em 2105, tem escrito – e bem – sobre a Guerra Civil Espanhola. A ler!

O nosso (bem esquecido) poeta Carlos de Oliveira também dá uma particular atenção ao trágico episódio Guernica em «Descrição da Guerra em Guernica», uma composição de dez poemas nos quais o anjo camponês, levado pelo olhar da pintura de Picasso, vai testemunhando e guiando o leitor desde o instante em que casas pegam fogo, trabalhadores rurais são esmagados, aves e gado são mortos, além do sofrimento daqueles que encontram sem vida os seus entes queridos. 

Deixo aqui o primeiro dos poemas.

«Entra pela janela,
o anjo camponês;
com a terceira luz na mão;
minucioso, habituado
aos interiores de cereal,
aos utensílios
que dormem na fuligem;
os seus olhos rurais
não compreendem bem os símbolos
desta colheita: hélices,
motores furiosos;
e estende mais o braço; planta
no ar, como uma árvore,
a chama do candeeiro.»

E o último.

«O incêndio desce;
do canto superior direito;
sobre os sótãos,
 os degraus das escadas
a oscilar;
hélices, vibrações, percutem os alicerces;
e o fogo, veloz agora, fende-os, desmorona
toda a arquitetura;
as paredes áridas desabam
mas o seu desenho sobrevive no ar; sustém-no
a terceira mulher; a última; com os braços
erguidos; com o suor da estrela
tatuada na testa.

(Carlos de Oliveira,1982)

terça-feira, 25 de abril de 2017

Preparando Abril

Não foi só militarmente que o 25 de Abril começou a ser preparado muito tempo antes. Os poetas, os escritores e pensadores, a música, a arte em geral, começaram como puderam, conforme lhes era permitido, a rasgar passagens, a quebrar barreiras, a abrir brechas nos pensamentos.

Ary dos Santos e alguns amigos quase se apossaram do Festival da RTP passando mensagens algo subliminares que foram ficando no ouvido e, aos pouco, agitando ideias.

Escolhi para hoje os meus preferid(íssim)os.

A Festa da Vida quase poderia ser cantada no dia a seguir ao 25 de Abril.





Cavalo à solta a mais bela, a minha preferidíssima...





A Canção de Madrugar cantada no Festival por Hugo Mais Loureiro, mas mais bem conseguida na versão de Carlos do Carmo, que aqui fica.





E depois do adeus - a última antes do mítico dia 25 e que serviu de senha para o "ataque".





E muitas outras mais que serviram o mesmo desígnio e não cabem no espaço de uma publicação deste tipo.


segunda-feira, 24 de abril de 2017

Devemos cantar!

Levantam canções no ar
os grilos sem terem voz

Com as asas é que nós
também devemos cantar

(David Mourão-Ferreira)




domingo, 23 de abril de 2017

A imagem diz tudo...

A imagem diz tudo...




... e a música também!







Celebremos os livros porque

"os livros são objetos transcendentes"...


sábado, 22 de abril de 2017

No Dia da Terra

Então fiquei a saber que a Tapada de Mafra organizou para hoje de manhã uma caça às hastes. Uma caça às hastes? perguntei-me eu. Sim! Todas as Primaveras os veados e os gamos da Tapada perdem a sua armação, as hastes, num processo que tem o nome de desmoque. E serão essas hastes perdidas que os participantes terão de procurar. Parece-me bem para celebrar de forma diferente o Dia da Terra, bem no meio de um tão belo cenário natural.

Ora a propósito de Tapada de Mafra, lembrei-me de ir reler um ou outro fragmento do livro «As fabulosas histórias da Tapada de Mafra» de Cristina Carvalho, filha de Rómulo de Carvalho/António Gedeão.

E, já que estamos a falar de veados, deixo aqui esta engraçada história que retirei do referido livro.
«Existiu na Tapada um veado especial. Nunca teve um nome pelo qual fosse mais fácil e imediato dar com ele. É que nem sempre os responsáveis pelas vidas dos animais aqui na floresta lhes dão nomes. Veem-nos nascer, às vezes alimentam-nos a biberão, os animais crescem rapidamente e criam-se laços indestrutíveis de amor e amizade entre humanos e bichos. Numa tentativa de não os personalizar demasiadamente, muitas vezes ficam sem nome. É sempre muito doloroso quando morrem. Um nome é uma marca, um sinal para determinado animal, talvez um que se tenha afeiçoado mais, talvez um mais belo, mais próximo, mais manso. Com nome dado, a sua morte é mais difícil de suportar.

Por isso mesmo, o veado da Tapada, que nunca teve um nome mas toda a agente o distinguia dos outros todos, era uma animal enorme! O seu corpo grande e pesado não passava despercebido. Às vezes, um restolhar intenso ali nas moitas próximas e já se veem as poderosas pernas e a cabeça com grandes hastes a afastar as ervas, abrindo caminho. Todos os anos, na primavera, o veado perdia as suas hastes ramificadas e tornava-se agressivo, investindo contra tudo e contra todos e, como era ciumento e desconfiado, era difícil amansá-lo. Só na presença de uma mulher, qualquer uma, é que ele acalmava, e isto ninguém nunca conseguiu explicar!

Um dia, um dos guardas viu-se tão aflito e aterrorizado com as investidas do grande veado que teve de trepar pelo tronco da árvore próxima, até onde conseguiu. Ali ficou, num ramo, horas e horas a fio. O veado cá em baixo a rondar, a rondar soprando pelas narinas, e o homem, lá no alto da árvore à espera que por ali passasse alguém, de preferência uma mulher. Por um acaso e sorte desse dia inquieto, a ronda da mata, aqui já perto da entrada e pelas sete da tarde, foi feita por duas guardas florestais. Avistaram o furioso animal rodando à volta do tronco da árvore e foi então que ouviram um chamamento vindo do alto!


Como teria sido se elas não passassem por ali naquela hora, naquele dia?» 

(Sextante Editora, Porto, 2016, pp 70-71)






sexta-feira, 21 de abril de 2017

Todo o cuidado é pouco...

  Dois polícias ligam para a esquadra:

- Estou?! Meu sargento?

- Sim! Diga!

- Temos aqui um caso, meu sargento. Uma mulher acabou de dar um tiro no marido porque passou por cima do chão que ela tinha acabado de lavar com a esfregona.

- Então e já prenderam a mulher?

- Não, meu sargento. O chão ainda está molhado…





Bom fim-de-semana!
E... cuidado com o chão molhado...

quinta-feira, 20 de abril de 2017

«O Tesouro»



Este livro foi escrito pelo poeta/escritor Manuel António Pina por encomenda da Associação 25 de Abril para a celebração do 20º aniversário da Revolução.

Sobre o livro, o autor disse o seguinte numa entrevista que deu numa escola: «E um dia, a comissão que estava a organizar os 20 anos do 25 de Abril… Já havia jovens da vossa idade que não sabiam o que era o 25 de Abril e a comissão convidou-me para fazer isso, numa sexta-feira. Não sei se sou capaz, disse, mas vou tentar explicar aos mais jovens o que foi o 25 de Abril, que foi um dia memorável, foi uma experiência… Valeu a pena viver só para viver aquele dia. Disseram-me que era para segunda-feira e era sexta… E o que saiu foi aquilo.  A minha ideia e a minha preocupação a fazer esse livro era explicar a jovens que nasceram em liberdade o que era a falta de liberdade… No livro, diz lá assim: “A liberdade é como o ar que respiramos”… Nós nem nos damos conta de que respiramos, respiramos e pronto, mas quando nos falta o ar é um sufoco. E a liberdade é uma coisa parecida… vocês nem se dão conta de que são livres, mas quando perdemos a liberdade é um sufoco enorme. E depois queria tentar, através de histórias verdadeiras e de pequenos pormenores, explicar como não haver liberdade é completamente absurdo, não é natural. A razão não consegue alcançar como eram proibidas coisas como, para jovens como vocês, as raparigas não poderem andar nas mesmas escolas do que os rapazes, tinham de estar separadas. A minha mulher foi impedida de ir às aulas e uma colega dela expulsa porque foi de calças para a escola. E a amiga dela foi expulsa porque persistiu…» (daqui)

Foi este livro que hoje comprei para oferecer aos meus netos no próximo dia 25.

Oxalá gostem!


quarta-feira, 19 de abril de 2017

O Castelo de Arouce

Então ontem era dia de visitar Sítios e Monumentos e eu, sempre tão atenta (!!) trouxe para aqui música como se do dia dela se tratasse! Não me parece bem… E, para me redimir de tão grave falha, hoje convido-vos a visitar comigo o imponente Castelo de Arouce.

Vai uma pessoa, desavisada, visitar as aldeias de xisto ali da Serra da Lousã e depara-se na curva do caminho com esta muralha ali plantada a pique. Um espanto! Mas, o que é isto?! Um castelo? Uma torre apenas?



E depois descobriu-se mais.




E mais...














E no seu todo...


(esta fotografia foi retirada do site da CM da Lousã)




Apesar de não existir documentação que permita dizer com precisão quando foi construído o Castelo de Arouce, existe uma lenda local que dá a entender que a construção deverá ter ocorrido ainda no tempo da dominação romana. Conta-se que, certo chefe mouro de nome Arunce foi repelido dos seus estados em Conimbriga por inimigos que vinham do mar.

Assim, ele refugiou-se nesta zona da serra da Lousã, dando o seu nome à localidade e edificando aí um Castelo onde pretendia resguardar a sua filha Peralta, e também guardar os seus tesouros. No entanto, muitos historiadores não dão qualquer valor a esta lenda local e atribuem a edificação do Castelo de Arouce ao Conde Sesnando, em 1080, ano em que Fernando Magno lhe concedeu o governo da vasta circunscrição conimbricense.


Mais tarde, em 1151, D. Afonso Henriques passou a Arouce um foral, que viria a ser confirmado por D. Afonso II. Nesses documentos pode ler-se que Arouce era nessa época uma vila, ao passo que Lousã era uma aldeia.

No entanto, com o passar dos tempos, Lousã foi crescendo e, quando D. Manuel I fez a reforma foraleira, em 1513, o foral já não foi atribuído a Arouce, mas sim à Lousã. Nessa altura, a povoação de Arouce provavelmente já teria desaparecido pois o Castelo mencionado no foral já é denominado de Castelo da Lousã. 


http://www.historiadeportugal.info/castelo-de-arouce/ 





Espero que a visita a este Sítio e a este Monumento tenha sido do vosso agrado!


terça-feira, 18 de abril de 2017

Não, não é o Dia Mundial da Música...

Não, de facto, não é o Dia Mundial da Música, mas todos os dias são de e da música. E hoje lembrei-me desta linda canção da ópera Porgy and Bess de Gershwin.., aqui tão bem interpretada.

De notar a beleza dos erros de língua que os negros fazem dada a sua baixa condição social e cultural. Uma maravilha!

Espero que apreciem!!




segunda-feira, 17 de abril de 2017

Admirável L. Filipe Vieira!

Para os meus amigos que gostam de enigmas e concursos ...




Ai, ai, ai! Já estou a sentir o calor do fogo que os meus amigos benfiquistas estão a deitar pelos olhos!!! 

Vou fugir!! Mas foi só uma brincadeira... 


domingo, 16 de abril de 2017

Pedro Mexia

De Pedro Mexia conhecia apenas as crónicas que escrevia na revista Ler – que muitas vezes achava algo densas e herméticas – alguns outros textos na saudosa revista dos sábados DNA do Diário de Notícias in illo tempore, e um pouco, muito pouco mesmo, da sua participação naquele deplorável programa [isto acho eu, claro! não me peguem fogo!] governo sombra. Da sua poesia nada sei – mas eu, que gosto muito de poesia, não me meto muito pela poesia ultra simbolista, ou coisa assim, da pós-modernidade em que dizem que vivemos sob pena de não a entender e ficar mal vista no retrato…

Por isso, quando a Arquivo teve a amabilidade de me comunicar a sua vinda à livraria para apresentação de mais um dos seus diários, de nome Malparado, tirei-me dos meus cuidados e fui saber algo mais sobre o jovem poeta, crítico literário e de arte, diarista e, ainda por cima, consultor cultural do atual Presidente da República.

Gostei de o ouvir, sim senhor! Muito conhecedor, muito culto, tem, como gosto de dizer, quilómetros de leituras. Discurso desassombrado, aparentemente fácil, com um sentido de humor muito fino mas sempre se foi afirmando como um anti-Rousseau no que toca à bondade do Homem. Partidariamente desapaixonado, deixou transparecer uma tolerância muito civilizada, que gostei de ouvir, mas que me deixaram um bocadinho de pé atrás.

Confessou ter uma forte tendência anglicista – agradou-me, né?! – e ser um apaixonado pela poesia de Hölderlin – poeta pré-romântico alemão, muito mal compreendido pelos contemporâneos e que acabou por enlouquecer – de que não ouvia falar desde os meus tempos da Literatura Alemã na Faculdade.

Mas que não, que não se considera um intelectual… (pois, pois, e eu sou o coelhinho da Páscoa…)

Saí dali tentada a comprar-lhe este último diário. Gosto de ler diários de escritores. Não pela bisbilhotice, naturalmente, mas pela visão que nos podem transmitir do tempo, do espaço e da história que dia-a-dia se vai costurando. E, mais do que tudo, com linguagem literária.

Ora os seus diários editados em livro são uma (re)composição do que vai escrevendo nos seus blogs e aí, toca de ir espreitar o seu último que tem exatamente o nome do Livro – Malparado. Pareceu-me ter pouco de diário e muito de pensamentos, de convicções, de estilhaços de espelho quebrado. E – tal como as crónicas que em tempo li na Ler, muito densos e bastante herméticos.

E depois, ontem, li uma entrevista sua no DN em que o autor afirma que «Gosto de coisas engraçadas da vida privada mas a maledicência não é um dos meus defeitos. Sei que alguns diários mais conhecidos, como o Conta-Corrente de Vergílio Ferreira, contêm azedume e amargura do princípio ao fim, no entanto como leitor interessa-me pouco e nada como autor.»

Oh como gostava de perguntar ao jovem menino de família, que me parece ter tido muitas facilidades na vida (e ainda bem!) e que agora até pode dizer tudo o que lhe apetece num programa de televisão como é a tolice do governo sombra - gostava de lhe perguntar, repito, como se sentiria ele depois de ter sido internado contra vontade num seminário e depois de ter vivido mais de metade da sua vida num regime político fechado, castrador, autoritário, prepotente, censório e outras coisas mais…





sábado, 15 de abril de 2017

Stayin' alive!

Que me desculpem os amantes e cultores do Cohen, do Bob Dylan, do Nick Cave e de outros baladeiros tão apreciados e tão cultivados, mas eu cá é mais rock e seus derivados...

Feitios!

E hoje, que [sem qualquer tipo de pensamento herético]  até é dia de "continuar vivo", lembrei-me desta maravilha dos anos 70! Quem não se lembra?!

Maravilha!!


Então, enjoy and stay alive!!

quinta-feira, 13 de abril de 2017

Olhem só as coelhinhas!

Olhem-me só estas coelhinhas da Páscoa!! Só apetece dizer em inglês -  naughty bunnies!!  So cute!!













Não são uma fofura?!

quarta-feira, 12 de abril de 2017

A Páscoa da Pascoínha e da Pascoela

À procura da receita do folar transmontano que a minha mãe fazia por esta altura (que vinha numa «Lusitas» (alguém sabe o que é?... Não tenham preconceitos!) de 1953, encontrei estes versinhos para a infância da autoria da escritora infantojuvenil (como se diz agora) Maria Isabel Mendonça Soares.

Vejam só a doçura! (Atenção à data em que foram escritos!)

A Páscoa de Pascoínha e Pascoela


Pascoínha e Pascoela
Duas lindas borboletas
Andavam pelo jardim
Às voltas, às piruetas.

Bailava em redor dos goivos
A Menina Pascoínha
Muito gentil, muito leve,
E toda ela branquinha.

Mais desenvolta e arisca
A menina Pascoela
Gostava de andar ao sol
Luzindo a cor amarela.

Certa manhã, Pascoínha
E a amiga Pascoela
Ouviram tocar os sinos
Uma canção muito bela

- «Manhã de Páscoa!» - diziam
- «Manhã de Ressurreição!»
E outros sinos respondiam:
Dlim, dlim, dlim! Dlim, dlim! Dlim, dlão!

Uma menina risonha
Passou muito carregada
E foi bater numa porta
Já velha e desconjuntada.

Curiosas como são
Pascoínha e Pascoela
Assim que a menina entrou
Entraram logo atrás dela.

- «Páscoa feliz, avozinha!»
(disse a menina risonha,
A uma velhinha que estava
Sentada ao canto tristonho)

- «Trago-lhe um bolo… um casaco …
E umas luvinhas de lã;
Mesmo sendo Primavera
Inda faz frio de manhã.»

Isto dizia a menina
Arrumando-lhe as gavetas
Enquanto de roda dela
Voavam as borboletas.

Até que estas descobriram
Sobre a cómoda pesada
Uma jarrinha de vidro
Bonitinha, mas quebrada.

Então as duas amigas
Pascoínha e Pascoela
Foram pousar de mansinho
Mesmo no rebordo dela.

E decerto não houvera
Em nenhuma Primavera
Uma flor igual àquela!
Para a jarrinha enfeitar
Desistiram de brincar
Pascoínha e Pascoela.





Curiosamente, a autora destes versinhos morreu em Lisboa no passado mês de Janeiro, aos 95 anos de idade. Começou a escrever nos anos 40. Fundou as Bibliotecas Infantis "A Descoberta", da Associação de Pedagogia Infantil, e dedicou-se durante várias décadas à formação de educadores de infância e ao ensino de Literatura para a Infância e Cultura Portuguesa.