«Sob o comando do general Gomes
da Costa, iniciou-se, na madrugada de 28 de Maio de 1926, a sublevação militar
do Regimento de Infantaria 8, de Braga.- Ex-comandante da II divisão do Corpo
Expedicionário Português na Flandres, este foi convidado para chefiar o golpe,
devido a doença do general Alves Roçadas, indigitado comandante da programada
operação militar com «uma finalidade elevada, visando uma reforma da política
nacional».
Outro mentor do golpe, almirante
José Mendes Cabeçadas, que, juntamente com Armando Ochôa, deveria chefiar a
guarnição de Lisboa, acabou por ser preso às ordens do governo, em Santarém.
Isso não impediu porém que o movimento militar se estendesse a todo o país, com
a adesão das guarnições militares de Braga, Vila Real, Coimbra, Viseu, Tomar e
Évora. Nesta cidade, vindo de Elvas, o general Óscar Fragoso Carmona
(1869-1951), assumiu, no dia 30 de Maio, o comando da respectiva 4.ª Divisão do
Exército.
Entre os militares que apoiaram
inicialmente o golpe de Estado, contaram-se os do «tenentismo» fascizante, que
incluía os oficiais Assis Gonçalves, futuro secretário de Salazar, Humberto
Delgado, Henrique Galvão, David Neto e Pereira de Carvalho.» (Irene Pimentel)
Como se sabe, este golpe deu origem ao período da Ditadura Militar que, passados dois anos, deu entrada a Salazar no
governo. Desde então até 1974 foi aquilo que todos sabemos e alguns vivemos.
A propósito, transcrevo um texto
que o meu facefriend Carlos Esperança
escreveu hoje no facebook e que aqui deixo para possível reflexão.
«Há quem esqueça o período negro
do salazarismo que oprimiu Portugal, quem denigra a primeira República para
justificar a ditadura e deprecie a democracia para reabilitar o regime fascista
que a precedeu.
São reacionários, oportunistas e
trânsfugas para quem a história é um conjunto de factos que se deturpam ao
sabor dos interesses e da sua ideologia.
Faz hoje 88 anos que um golpe
militar, igual a outros que os militares tinham por hábito levar a cabo, sempre
em defesa da ordem, do saneamento financeiro e da restauração da autoridade do
Estado, deu origem a uma longa e sinistra ditadura.
Deixar que o tempo apague a
memória e a amnésia absolva os crimes, é serviço que se presta às forças
totalitárias que estão adormecidas e não foram erradicadas.
É preciso recordar o tempo em que
o país, com 40% de analfabetismo, uma mortalidade infantil que envergonhava
qualquer país europeu e uma esperança de vida diminuta, era apresentado como
tendo a governá-lo um homem providencial.
O ensino primário que na primeira
República se tornou obrigatório e tinha cinco anos de escolaridade foi reduzido
a 4, para rapazes, e a 3, para meninas. [mas
não obrigatório]
Mas foi a repressão e a miséria
que fizeram do Estado Novo, o pseudónimo da ditadura, uma mancha indelével na
história do séc. XX, em Portugal.
Prisões sem culpa formada,
degredo, exílio, espancamentos, assassinatos e perseguições foram a chave do
triunfo de uma obscura ditadura que excluiu Portugal do convívio das nações
livres e prolongou o atraso que a monarquia legou.
O 28 de maio foi um acidente de
percurso na história, a nódoa que manchou a honra do País e comprometeu o
progresso de Portugal. Triste sina a nossa. Maldito esquecimento.»