quinta-feira, 31 de maio de 2012

As Amantes do Verão



Acreditam que eu aceitei o desafio lançado pela Turista Acidental e pela Scarlet Red para ser uma das (muitas) Amantes do Verão? É verdade! Quase nem eu acredito. Mas eu passo a explicar porque me custa a crer: como é que uma "anarca" em termos de entradas que num dia mostra os seus gatos mais fofos e noutro dia "derrete" o governo à má língua, para no dia seguinte falar babada dos netos, vai conseguir estar trinta dias - leram bem: TRINTA DIAS - a escrever sobre o Verão?

É bem verdade que eu gosto muito do Verão, mas estar um mês inteirinho a falar do mesmo, garanto-vos: vai ser dose! Mas não se enfadem os meus queridos e pacientes leitores/comentadores, que espero ser capaz de editar a entrada diária sobre o Verão a que me comprometi e, à parte, continuar a lançar as minhas habituais picadelas de roseira brava em toda e qualquer direção!... E há tanto a (des)dizer sobre o que o ministro c(Rato) em andado a fazer!  Sobre esse e não só...

quarta-feira, 30 de maio de 2012

O que nos correr

Para rir... ou talvez não!

O que nos faz correr:





terça-feira, 29 de maio de 2012

Crianças em situação de pobreza

Um relatório da UNICEF sobre pobreza infantil em países industrializados que analisou 34 países, 29 dos quais são europeus, põe Portugal no 25º lugar, à frente apenas da Hungria, Letónia, Roménia e Bulgária. Por outro lado, indica que três em cada dez crianças a viver em Portugal são carenciadas.

O estudo pondera diversas variáveis que avaliam a situação financeira, alimentação, habitação, vestuário, tempos livres, acesso a livros ou internet. Os autores do estudo consideram carenciada qualquer criança que não tenha acesso a duas ou mais das 14 variáveis de base. Fazem parte dessas variáveis ter livros educativos em casa, ter três refeições por dia, dois pares de sapatos por ano, espaço em casa para fazer os trabalhos de casa ou uma ligação à internet.




O maior problema em Portugal encontra-se no nível financeiro, atingindo negativamente 43,3 por cento das crianças.

De acordo com a UNICEF, 14,7% das crianças até aos 16 anos vivem abaixo do limiar de pobreza, isto é, em casas onde o rendimento anual por adulto se encontra 50% abaixo da mediana dos rendimentos (perto dos 400 euros por mês).

Este estudo foi realizado tendo em conta os dados de 2009. A UNICEF porém alerta para o facto de a realidade atual no nosso país ser mais penalizadora em termos financeiros e sociais pelo que os números serão necessariamente mais negros.

Este alerta pouco deve preocupar os “nossos” governantes que, “bons alunos” como apregoam ser das lideranças europeias, pensarão que, comparadas com as crianças do Níger ou da Guiné Equatorial, as nossas têm de sentir-se abençoadas pela divindade.


(Comovente, não acham?)
 (imagens retiradas da net)

segunda-feira, 28 de maio de 2012

O caixeiro-viajante



O senhor presidente anda há dias a viajar pela Ásia e pela Austrália com uma enorme comitiva empresarial a anunciar que aqueles países que são alvo da sua visita devem estar atentos às nossas privatizações. Diz o jornal que o senhor presidente fez ontem “um apelo em Singapura, às empresas do Sudeste asiático para que examinem cuidadosamente as potencialidades de Portugal, nomeadamente para os processos de privatização da TAP e da ANA. E foi lembrando por todo o lado que “está em curso em Portugal um processo de privatizações, tendo já sido vendidas a EDP e a REN, com a entrada em força de empresas asiáticas.

Por seu lado, o ministro dos Negócios Estrangeiros – que cumpre tão bem a sua função que ninguém o vê por cá – corre mundo para atrair investimento estrangeiro para o programa das privatizações (até à Venezuela já foi!)

E depois o Sócrates é que era o “caixeiro-viajante” …

domingo, 27 de maio de 2012

As Luzes de Leonor


Abalancei-me finalmente a “atacar” o grande romance de Maria Teresa Horta. Grande porque tem 1054 páginas e seis centímetros de lombada. Grande porque trata da vida de uma grande mulher da cultura portuguesa dos séculos XVIII/XIX. Grande porque é escrito por uma grande, enorme escritora/poeta da nossa atualidade.

E porque as coisas acontecem, para nosso espanto, como se fossem coincidências, na passada semana a Livraria Arquivo, nas suas conversas de fim de tarde com os nossos autores, trouxe a poeta ao seu espaço para falar desta sua obra.



(A autora na Arquivo)

Foi um encantamento ouvi-la – como é sempre um encantamento ouvir os autores a falarem da criação poética, literária – falar da forma como foi escrevendo e reescrevendo sempre, ao longo dos anos, a história trágica, mas extraordinariamente corajosa de Leonor de Almeida, sua avó em 5º grau. É porque não se tratou de ouvir uma romancista a falar do seu romance, foi sim, ouvir uma poetisa – pessoa dotada de uma imensa sensibilidade e de um imenso saber acumulado – a contar como contou a história, romanceada mas com muito de factual, de uma antepassada que ela se habituou a ver em quadros no palacete de família e de quem sempre ouviu falar e com a qual, aos poucos, se foi como que identificando.

Ainda li apenas umas duzentas páginas, mas é realmente um assombro de leitura. Um discurso narrativo impregnado de poesia que nos entra pelos sentidos sem que dela nos demos conta. Uma história que nos é contada não por um, mas por vários narradores, muitos deles personagens. Uma história salpicada de cartas que realmente existiram, de factos que realmente aconteceram, de poemas que a personagem principal e outras personagens reais realmente escreveram. A obra avança, como diz Vanda Anastácio, que ajudou Maria Teresa Horta na sua minuciosa investigação e que lhe escreve a introdução, «nesse território estranhamente mágico em que a ficção e a história mutuamente se seduzem sem nunca se renderem uma à outra.»



Bem quisemos – e, de algum modo, conseguimos – que Maria Teresa Horta falasse das Novas Cartas Portuguesas que escreveu, em parceria com Maria Velho da Costa e Maria Isabel Barreno, em 1972 e que Natália Correia publicou. Relembrou, naquela forma simples mas completa e exata de comunicar, as perseguições, as estaladas, as humilhações de que foram alvo nesse tempo para esquecer, mas que temos a obrigação de lembrar. Mas as duas horas de conversa esgotaram-se num instante. Eu estaria ali a ouvi-la até de manhã…

sábado, 26 de maio de 2012

Partiu...



As Letras ficaram hoje mesmo mais pobres. A nossa colega Amélia Pais, que caiu doente há duas semanas, como aqui deixei dito, não resistiu e acabou por falecer esta noite. 

Depois de sair do coma e de recuperar quase totalmente; depois de voltar a falar e a raciocinar; depois de conversar, de forma reservada, com algumas amigas mais próximas; depois de prometer que ia abrandar o seu ritmo – que era alucinante – mas que queria ainda escrever um livro sobre “O Amor de Perdição” e outro sobre “As Viagens na minha Terra” – que dizia ser o livro mais bonito da nossa Literatura do século XIX – partiu deixando um lugar vazio junto dos amigos, dos colegas do seu Liceu (Escola Secundária de Rodrigues Lobo) de onde se tinha já despedido há alguns anos, na cidade, na net, nas Letras enfim!

O seu blog, onde ela se descrevia como não sendo “do tamanho da minha altura, mas do tamanho do que vejo” (Alberto Caeiro) e onde divulgava poetas e poemas de todo o mundo, mais conhecidos ou menos conhecidos, acabou abruptamente no passado dia 12 com um poema de Marco Araújo da categoria “de amicitia” e que dizia assim:

 
Amigo é aquele que permanece
que planta oásis no agreste
deserto quente.
tira água da pedra
e a mágoa
do coração da gente.
Amigo é aquele que vai embora
mas volta...dá o ombro ri
e no ombro chora.   

É prosa que não tem fim
e luz que se demora.
 
amigo é pra todo sempre
e pela estrada afora.
 
É realmente «pra todo o sempre e pela estrada afora» que vamos guardá-la no nosso coração.

sexta-feira, 25 de maio de 2012

Que povo somos nós?


Dos jornais chagam-nos gritos de denúncia, de protesto e de apelo como estes:

1.      1. «…O mercado está contaminado pelo medo, pela incerteza, pela desconfiança. Mas é também um escândalo, porque é a política alemã de terror económico para a Zona Euro, a causa principal deste pânico. Não é o mérito da economia alemã que a transforma num refúgio para investidores aflitos, mas, sim, o resultado da sua inflexível política de intimidação por via da austeridade sem limites. (…) No jantar do Conselho Europeu de quarta-feira, Passos Coelho - contrariando Monti, Hollande, Rajoy, Juncker, o FMI e a OCDE, entre muitos outros líderes e instituições - apoiou Angela Merkel contra as euro-obrigações. O escândalo racional da chanceler alemã é, assim, apoiado pelo mistério irracional do comportamento do primeiro-ministro português. A lógica da subserviência tem na decência, o seu limite moral, e no interesse nacional, o seu absoluto limite político. Passos Coelho está a rasgar todos os limites. Ele não se pode enganar no "P" ao serviço do qual se encontra. Ele foi eleito para servir Portugal e os portugueses. Não para se comportar como se o nosso retângulo fosse a província mais ocidental da Prússia.»
   (Virato Soromenho-Marques, in DN de 25.05.2012)

(De facto, se bem se lembram, Salazar também foi, no tempo da II Guerra Mundial – (também) iniciada pela Alemanha – um germanista incansável.)

2.     2.  «Parece piada. O ministro que tutela a Comunicação Social acusado de ameaçar um jornal com um boicote governativo e uma jornalista com revelação de dados da sua vida privada. O partido que arrepelou os cabelos e esganiçou a voz na denúncia de uma coisa a que deu o nome de "asfixia democrática", que vituperou incansavelmente o Governo anterior por "tentativas de condicionamento da comunicação social", que alberga nas suas hostes um Paulo Rangel, capaz de no Parlamento Europeu sustentar que Portugal deixara de ser um Estado de Direito porque um colunista de um jornal privado alegara ser vítima de censura, a vetar a audição do ministro no Parlamento. E os jornalistas portugueses, que em 2006 se uniram num manifesto estrepitoso contra a aprovação do atual Estatuto do Jornalista, reputando-o de "o maior atentado à liberdade de expressão desde o 25 de abril", mudos e quedos - à exceção do Conselho de Redação do Público e do Sindicato.

Tem mesmo graça, se formos capazes de rir com a tristeza. E sendo tão triste esta tristeza nem sequer nos pode surpreender: afinal, enquanto nos últimos anos vimos as palavras "pressão" e "censura" usadas para tudo e mais alguma coisa na relação do Governo nacional com os media, na Madeira as ameaças e boicotes a jornalistas por parte do partido no poder adquiriram a naturalidade dos fenómenos meteorológicos.

(…) Ameaças respeitantes à vida privada são uma pulhice inominável, venham de onde vierem. Um ministro acusado dessa conduta criminosa (coação, ameaça de devassa da vida privada) por um jornal ou lhe coloca de imediato um processo por difamação ou está ferido de morte na sua honra. Um regulador não aceita que o ministro escolha o dia e a hora da sua audição de modo a ser ouvido antes da editora a quem terá transmitido as ameaças. A direção de um jornal - o mesmo que apelidou uma decisão de tribunal de "censura prévia" - não oculta do País factos gravíssimos que virá a admitir, pós-denúncia do Conselho de Redação, serem verdadeiros. (…)»

(Fernanda Câncio, in DN 25.05.2012)

3.     3.   «Na categoria de “inaceitável” está o número um da dita resolução [socialista] que repudia o processo adotado pelo governo que levou à aprovação em reunião extraordinária de Conselho de Ministros e envio do Documento de Estratégia Orçamental sem consulta prévia a qualquer partido da oposição.» 

Se este ato tivesse sido realizado pelo anterior governo, já o presidente da República tinha interrompido as “férias” em Timor e na Indonésia para fazer uma comunicação ao país sobre este desmando antidemocrático! 

4.      4. «A troika está insatisfeita com os salários praticados em Portugal. Os ordenados continuam a ser demasiado “rígidos”, “altos” e a impedir descidas no desemprego. Quanto menor o salário médio, mais empregos se podem criar.»

E os “nossos” governantes e a classe patronal já estão com “o rabinho a dar a dar” para baixarem os salários! Os mais baixos, claro! que são muitos. Os mais altos não dá para baixar porque  são dos “eleitos”. 

E nós todos caladinhos! 

Por muito menos do que isto caiu o anterior governo. Era o governo do Anticristo. Este governo, porém, não cai porque está bem amparado e abençoado pela nobreza, pelo clero e pela alta burguesia. E o povo? O povo continua naquela letargia subserviente, clerical, paroquial que se lhe colou à pele desde o tempo da Inquisição  e da ditadura. 




quinta-feira, 24 de maio de 2012

Que rica vida!

Isto é que é uma rica vida!
Quem me dera ser gato!







quarta-feira, 23 de maio de 2012

Roseira brava

Esta é a minha roseira brava, com as primeiras rosinhas do ano. Todos os anos a corto quase rente e todos os anos ela cresce como louca em todas as direções, cheia de força, cheia de viço. Um bocadinho como eu. Não foi por acaso que eu escolhi este nome para este meu espaço...







E, a propósito, e assim à laia de continuação da explicação da escolha do nome para o meu blog, lembrei-me de copiar para aqui este belo poema de Herberto Hélder.


“As mulheres têm uma assombrada roseira
fria espalhada no ventre.
uma quente roseira às vezes, uma planta
de treva.
Ela sobe dos pés e atravessa
a carne quebrada.
Nasce dos pés, ou da vulva, ou do ânus -
e mistura-se nas águas,
no sonho da cabeça.
As mulheres pensam como uma impensada roseira
que pensa rosas.
Pensam de espinho para espinho,
param de nó em nó.
As mulheres dão folhas, recebem
um orvalho inocente ..."

( in A Faca não corta o fogo, 2008)

terça-feira, 22 de maio de 2012

Dia da Cidade

Enquanto o governo não decretar o fim dos feriados municipais a bem da produtividade (!), o dia 22 de maio é o dia da cidade de Leiria. É assim um diz 10 de Junho em miniatura: há sessão solene na Câmara em que o presidente homenageia as figuras que o município considera que se destacaram ao longo do ano ou das suas vidas. De resto mais nada. Apetece-me dizer «o marasmo do costume» mas receio bem que os leirienses que fazem o favor de passar por aqui fiquem ofendidos… De resto mais nada, mesmo! Há a Feira de Maio que acontece ao longo deste mês, com os carroceis, os carrinhos de choque, as atrações para a pequenada e para a juventude, há as barraquinhas de artesanato e de bugigangas que já nada devem vender, ah! e as famosas e tão apreciadas farturas da Família Penim que vêm há dezenas de anos da margem sul para fazerem as delícias dos leirienses. Sei que a dita família, já cansada e entrada na idade, não faz mais nenhuma feira senão a de Leiria por questões sentimentais – é que o filho mais novo, já trintão, nasceu por cá há muitos anos, por altura da Feira. 

Feira de Leiria
A Feira – que agora se realiza em maio, mas que inicialmente se realizava em março – dá alguma animação à cidade porque faz parte da tradição e as pessoas gostam de dizer que “já foram à Feira”. A malta nova adora ir à Feira e, porque tem lugar já na segunda metade do terceiro período letivo, é um corrupio de alunos a, muitas vezes, faltarem às aulas para irem em grupo para a Feira.
A mim a Feira nunca me atraiu. Traz-me um misto de tristeza, de melancolia, um nó na garganta que me vem talvez da descrição da triste Feira feita da forma mais realista e cortante por Soeiro Pereira Gomes no seu livro «Esteiros» (1941) que li e reli e estudei com os meus alunos nos idos anos 70.

Esteiros do Tejo
 
«A Feira era no fim da vila, rente à estrada.

Três ruas ladeadas por barracas de serapilheira e pano cru; num topo o circo, noutro a praça de toiros. Ruas apinhadas de gente, barracas atochadas de bugigangas. E o povo a passear desejos… E os feirantes a aguardar esperanças…

Sobre o arco tosco da entrada, um alto-falante enrouquecido teimava em animar o largo com música estafada, que ninguém ouvia. O sol, indiscreto, desnudava a fealdade das barracas e a desarmonia gritante daquele amontoado de misérias. De dia, a Feira era arraial sem festa. – Uma vergonha para a nossa terra – diziam nos cafés os senhores civilizados. As meninas «bem» desdenhavam daquela misturada. E os velhos recordavam: - Noutros tempos… - Mas, à noite iam todos para a Feira. A lua, bondosa, emprestava reflexos de prata às serapilheiras e riscados. E, se acaso se escondia entre nuvens, lá estavam as mil lâmpadas de cores para corrigir o desbotado das pinturas. À noite, a Feira era outra. 

Por isso, Gineto passou a tarde ansioso pelo acender das luzes e, depois, achou mais atraente a palidez doentia da rapariga da barraca de tiro, que se chamava Rosete e tinha uns olhos esquisitos como o seu nome. Também ela notara que estava ali um valentão, como o Tom Mix, que tresmalhava toiros e desafiava guardas e caseiros de quintas, sem temor.

- Vai um tiro, freguês?

Pegou na espingarda, fez pontaria… e não acertou. (…)

Encostou-se ao balcão sem desfitar Rosete, que foi atender outros fregueses. Um deles, depois de escaqueirar púcaros de barros sem conta, segredou qualquer frase que provocou o riso da rapariga e alvoroçou o coração de Gineto. «Aquilo era de mais!» Rebuscou nos bolsos os restos da féria. «Se tivesse ao menos cinco tostões…» Desiludido, resolveu acabar com aquele suplício. E, quando o rival faz pontaria de costas para o alvo, Gineto passou-lhe uma rasteira e estatelou-se sobre o balcão. 

Receosa de complicações, Rosete apaziguou a luta que se esboçava.

- Deixe lá o miúdo. Foi sem querer.

- Parece que está apaixonado por ti – escarneceu outra rapariga.

- Que ideia! Eu não desmamo crianças.

Gineto abriu caminho e fugiu, amarfanhado de raiva. Novamente moço de telhal, ao acaso pelas ruas da Feira, recebendo encontrões e motejos.»




Ilustrações de «Esteiros» por Álvaro Cunhal

segunda-feira, 21 de maio de 2012

Folhas de Relva(s)


Estão lembrados de quando a querida Manuela Moura Guedes em 2009 apresentou uns vídeos de origem duvidosa contra o então primeiro-ministro José Sócrates sobre o caso Freeport tendo este dito numa entrevista à RTP que aquele telejornal era feito de “ódio e perseguição” e que “aquilo não é um telejornal, é uma caça ao homem”? Deus do céu, o sururu que foi por este país fora! A apresentadora do referido telejornal disse «que a pessoa que exerce o cargo de primeiro-ministro lida muito mal com a liberdade de informação» tendo acabado por processar judicialmente o PM por difamação e impedimento da informação.
Agora o ministro responsável pela comunicação social proíbe a saída de uma notícia num jornal, promete convencer os restantes ministros a não lhe fornecer mais notícias e ameaça a jornalista em questão de dar a conhecer publicamente situações da sua vida privada – coisa pouca! – e tudo é veementemente negado pelo governante. Grande sururu outra vez. Naturalmente!  
Mas, notáveis (para não dizer de fartar de rir…) são as reações dos responsáveis deste país!
  • ·         O ministro em questão mandou as declarações que muito bem entendeu para a ERC;
  • ·         O PSD espera pelas conclusões da ERC para decidir se o ministro deverá ir à Assembleia da República explicar o sucedido e este prepara-se para não aparecer lá;
  • ·     O chefe da bancada parlamentar do PSD não para de aparecer nos telejornais todos declarando que está “plenamente convencido que o ministro Relvas não teve intenção de impedir” o trabalho jornalístico informativo;
  • ·   O “nosso” primeiro, em Chicago, declarou que “não comenta situações internas no estrangeiro” (nem é costume deste governo de do seu PM dar informações para o país quando se encontram fora…)
  • ·        E o “comentador de serviço do PSD”, o inigualável Professor Marcelo, afirmou ontem no seu tom mais expressivo, que se se provar (e leia-se este SE condicional, muito condicional, registado em maiúsculas e a bold) que foi verdade que o ministro assim agiu, então, SE SE PROVAR(!), o ministro não tem condições para continuar no governo.
E quem acredita que se vai provar seja o que for?

Nota: O título deste texto pretende ser uma tradução jocosa e irónica do título da obra de W. Whitman “Leaves of Grass” - "Folhas de Relva"

domingo, 20 de maio de 2012

O rapazola

Saiu no Expresso online no passado dia 14 e decerto já toda a gente leu, mas eu não resisto a transcrever para aqui o texto que Daniel Oliveira escreveu a propósito das bacoradas que o "nosso" primeiro lançou boca fora sobre ser  desempregado em Portugal.



 
"Estar desempregado não pode ser um sinal negativo. Despedir-se ou ser despedido não tem de ser um estigma. Tem de representar também uma oportunidade para mudar de vida. Tem de representar uma livre escolha, uma mobilidade da própria sociedade." Pedro Passos Coelho

Há pessoas que tiveram uma vida difícil. Por mérito próprio ou não, ela melhorou. Mas não se esqueceram de onde vieram e por o que passaram. Sabem o que é o sofrimento e não o querem na vida dos outros. São solidárias. Há pessoas que tiveram uma vida difícil. Por mérito próprio ou não, ela melhorou. Mas ficaram para sempre endurecidas na sua incapacidade de sofrer pelos outros. São cruéis. Há pessoas que tiveram uma vida mais fácil. Mas, na educação que receberam, não deixaram de conhecer a vida de quem os rodeia e nunca perderam a consciência de que seus privilégios são isso mesmo: privilégios. São bem formadas. E há pessoas que tiveram a felicidade de viver sem problemas económicos e profissionais de maior e a infelicidade de nada aprender com as dificuldades dos outros. São rapazolas.

Não atribuo às infantis declarações de Passos Coelho sobre o desemprego nenhum sentido político ou ideológico. Apenas a prova de que é possível chegar aos 47 anos com a experiência social de um adolescente, a cargos de responsabilidade com o currículo de jotinha, a líder partidário com a inteligência de uma amiba, a primeiro-ministro com a sofisticação intelectual de um cliente habitual do fórum TSF e a governante sem nunca chegar a perceber que não é para receberem sermões idiotas sobre a forma como vivem que os cidadãos participam em eleições. Serei insultuoso no que escrevo? Não chego aos calcanhares de quem fala com esta leviandade das dificuldades da vida de pessoas que nunca conheceram outra coisa que não fosse o "risco".

Sobre a caracterização que Passos Coelho fez, na sua intervenção, dos portugueses, que não merecia, pela sua indigência, um segundo do tempo de ninguém se fosse feita na mesa de um café, escreverei amanhã. Hoje fico-me pelo espanto que diariamente ainda consigo sentir: como é que este rapaz chegou a primeiro-ministro?



(imagens retiradas da net)

sábado, 19 de maio de 2012

... também foi ao pingo doce...

Eu não sei, disseram-me. Que o Cavaco, antes de ir de férias para Timor e para não mais onde, ainda foi ao pingo doce aproveitar as promoções...




Tenham um bom fim de semana!

sexta-feira, 18 de maio de 2012

O Museu da Cortiça


No Dia Mundial dos Museus vou trazer aqui a história (triste) de um museu que foi criado em 1999, recebeu um prémio internacional que o distinguiu como o melhor museu industrial da Europa em 2001 e que hoje está abandonado tendo fechado portas há três e correndo o risco de desaparecer.


Trata-se do Museu da Cortiça de Silves que tomou parte do espaço de grande fábrica corticeira fundada no século XIX tendo reunido parte da maquinaria da velha fábrica bem como todo o seu arquivo documental. Este museu, que albergava uma completa exposição permanente sobre o património industrial corticeiro de todo o Algarve, era composto por espaços variados como as salas de interpretação e a de audiovisuais, oficina transformadora, oficinas de serralharia, ferraria e de correeiro, casas da máquina e da prensa, centro de documentação, arquivo e reserva e oficina de restauro.








A antiga fábrica



 O espaço da antiga fábrica deu lugar ao complexo turístico conhecido pela Fábrica do Inglês do qual fazia parte o museu. Como esse complexo turístico faliu, o museu fechou e ficou deixado ao abandono. Uma história bem à portuguesa. Tristemente à portuguesa! Fatalmente à portuguesa!

Manuel Ramos, o diretor do museu, «levanta os braços, quando confrontado com o cenário de um desfecho trágico: "Não, não pode ser", declara. Abre a porta e mostra dossiers, de papel amarelecido. No interior do edifício, a cheirar a mofo, a temperatura aproxima-se dos 40 graus - uma estufa onde se guarda uma boa parte da história de um país que é líder mundial na exportação da cortiça. Cá fora, as ervas, com mais de meio metro de altura, rompem pelas fissuras do pavimento e há uma imagem da degradação que perpassa por este lugar carregado de memórias.»




Professor também, o diretor do museu levou hoje «uma turma de jovens entre os 12 e os 15 anos numa ação de limpeza, simbólica, no interior e exterior do edifício, para chamar a atenção da necessidade de existir uma "intervenção pública" no espaço museológico.»

O que eu duvido sinceramente que aconteça face à pouca (para não dizer nenhuma) importância que este governo dá às coisas da cultura e da educação.

Gato vegetariano

A T., a minha melhor amiga do tempo da Faculdade, dizia que o gato dela era filósofo porque, no tempo do liceu, quando ela se punha a estudar Filosofia por aquele malfadado compêndio do Bonifácio, o gato gostava de se pôr, ele próprio, sentadinho sobre o livro.
Não tenho um gato filósofo, não senhores. Mas, para além de ter um gato que gosta de se pôr a “ler” e a "escrever" no computador, 


 
descobri hoje que o Socas – que está a ficar um bocado obeso com as comidinhas a horas e o descanso – agora está com vontade de se tornar vegetariano. Se não, vejam.




 



quarta-feira, 16 de maio de 2012

Querem enganar quem?



Ouvi ainda agora num telejornal. A nota de rodapé dizia: «Novas regras para escolha das chefias na Administração Pública». E a imagem mostrava o ministro Gaspar, um bocado atrapalhado, a tropeçar nas palavras enquanto lia um pedaço de um texto que, segundo entendi, dizia que irá haver uma comissão “independente” que avaliará (ou apresentará, não sei bem) os candidatos de entre os quais a entidade competente escolherá o que entender ser melhor. E, logo de seguida, foi introduzido um professor universitário algo sabedor e bem-intencionado que perorou sobre o assunto concluindo que se trata de um enorme avanço na escolha dos dirigentes da Administração Pública porque assim serão escolhidos os melhores. 

 Aí lembrei-me de uma noticiazinha que li há meses que dizia que no Diário da República se publicara um decreto que alterava as regras de recrutamento e designação dos gestores públicos. E que iria ser criada uma Comissão de Recrutamento e Seleção (como terão sido escolhidos os elementos que integraram essa comissão?!...) que teria a responsabilidade de definir os critérios aplicáveis na avaliação dos candidatos, competindo-lhe elaborar os respetivos pareceres sobre cada um deles. Porém… porém… o tal decreto também outorgava que os pareceres da dita Comissão não eram vinculativos para o governo…

 E, professora/gestora de muitos anos, lembrei-me ainda com mais veemência do pior de todos os decretos-lei do ministério de Maria de Lurdes Rodrigues, o 75/2008, que, na altura em que foi posto à discussão pública, não vi ser renegado por nenhum professor tão cegos andavam todos na luta insana contra a avaliação – como se os outros trabalhadores da administração não fossem de igual modo avaliados! Pois foi esse o decreto-lei que previu a enormidade dos mega-agrupamentos, foi esse o decreto-lei que fez renascer a figura (de má memória) do diretor de escola ou agrupamento de escolas. Foi esse decreto-lei que foi deixado passar pelo todo dos professores porque pensaram que o único mal que lhes caía em cima era a avaliação! 

Pois já esse decreto-lei, que juntamente com a Lei conhecida como o Estatuto do Aluno, na época me revolveu as entranhas de tão mau, de tão chegado às políticas ditas de direita, determinava que os candidatos a diretor apresentassem os seus currículos e um projeto de intervenção a aplicar na escola que seriam analisados por uma comissão escolhida pelo Conselho Geral a qual apresentaria de seguida o seu parecer sobre cada uma das análises realizadas. Depois, sem nada que os obrigasse a terem em conta esses pareceres, o dito Conselho Geral elegia por votação secreta (e continua a eleger, que esse DL não foi ainda revogado) o candidato que muito bem entendesse… 

Então para quê a “palhaçada” da “comissão independente” e as análises de currículos e sei lá o que mais, se depois é escolhido o candidato mais conveniente? Deve ser só para brincar aos procedimentos democráticos. Sim porque nós não temos ainda (e duvido que alguma vez cheguemos a ter) a noção de seriedade, de justeza, de caráter, de vivência democrática que têm os dinamarqueses ou os suecos.


terça-feira, 15 de maio de 2012

Dia da Família

Pois, há Dia da Família desde 1994, mas parece-me que só na semana passada fiquei a saber que se celebrava no dia de hoje por uma publicidade muito gira do Jardim Zoológico de Lisboa em que mostravam famílias de girafas e de macacos. Lindos! E, de certeza que muito mias unidas que muitas famílias que conhecemos. E nem é preciso chegarmos a falar da "nossa" família política...

Não, também não me vou pôr aqui a dizer  aquelas coisas: "família é o melhor que há", "sangue do nosso sangue"  e assim porque não faz o meu estilo nem acredito muito em lugares comuns.

Mas, a propósito, lembrei-me de deixar aqui algumas fotografias antigas de alguns "ramos" da minha família. E, como as famílias se encontram normalmente nos casamentos, são fotografias de casamentos que aqui vão ver. É também uma boa oportunidade para nos rirmos um pouco com as toilettes.

Família da minha Mãe: casamento dos meus tios, 1945

Os meus pais, tios e avós maternos, 1946

Tios e primos da parte do meu Pai, 1966


Família que ganhei pelo casamento, 1971


Os irmãos do noivo, 1971

E agora a família mais recente:



E mais recente ainda...