segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Dia das Bruxas



Esta moda de celebrar o Dia das Bruxas chegou cá vinda dos países anglo-saxónicos e muita da responsabilidade dessas brincadeiras pode assacar-se aos professores de Inglês das escolas dos 2º e 3º ciclos que, de há uns 15/20 anos para cá, para de alguma forma integrarem os alunos na cultura inglesa e americana, começaram a fazer aulas, exposições, concursos e toda a espécie de atividades sobre o Hallowe'en.

E houve dias destes em que me apresentei na escola nesta "figura"... E não era só eu!





Vejam se me descobrem!




E, já agora, vejam (quase) todo o grupo das Bruxinhas do Inglês de há uns anos atrás, lá na "minha" escola.





domingo, 30 de outubro de 2011

Não depende da posição...

 




Fazê-lo parado fortalece a coluna,
de barriga para baixo estimula a circulação do sangue,
de barriga para cima é mais agradável,
fazê-lo sozinho é enriquecedor, mas egoísta,
em grupo pode ser divertido,
no w.c. é muito digestivo,
no automóvel pode ser perigoso…
Fazê-lo com frequência
desenvolve a imaginação,
a dois, enriquece o conhecimento,
de joelhos, torna-se doloroso…
Enfim, sobre a mesa ou sobre ao secretária,
antes de comer ou à sobremesa,
sobre a cama ou numa rede,
despidos ou vestidos,
na relva ou sobre o tapete,
com música ou em silêncio,
entre lençóis ou no roupeiro:
Fazê-lo é sempre um acto de amor e de enriquecimento.
Não importa a idade, nem a raça, nem o credo, nem o sexo, nem a
posição económica...o que importa é que......

...............................................................

...............................................................

...............................................................

...............................................................


Ler é um prazer!!!...


Tenham uma boa semana!

 

sábado, 29 de outubro de 2011

Hoje estou muito contente!

 




Desde ontem que estou particularmente feliz! Aliás este novo governo de maioria alargada, da escolha de grande parte dos portugueses e patrocinado pelo senhor presidente da República, só me/nos tem dado alegrias!

Só que desta vez a lucidez, profundidade de pensamento e a bondade trazidas à cena pelo senhor vice-primeiro-ministro transbordaram e, desculpem-me a franqueza, quase cheguei a lamentar não ter posto a minha cruzinha lá num dos partidos da atrás mencionada maioria!

Imaginem – e já toda a gente sabe! – que senhor Relvas veio informar (como se nós não tivéssemos intuído já! ) que, se calhar, depois de 2013, continuaremos a não receber os 13º e 14º meses de vencimento. Isto assim até parece uma má notícia, mas não é! Porque logo de seguida, o senhor Relvas, com aquela cara de automotora reciclada, disse com o seu ar mais ingénuo e natural que “países como a Holanda, Noruega e a Inglaterra só têm 12 vencimentos” [e que] os subsídios de Natal e de férias são uma tradição mais dos países do Sul da Europa, Portugal, Espanha, Itália.”

Ora a minha pronta e intensa alegria vem do facto de pensar que, se calhar, o senhor Relvas já conversou com o primeiro-ministro e vão atribuir-nos vencimentos do nível dos praticados naqueles países do Norte!

Será?


sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Perca peso!



Hoje em dia que não se fala em mais nada senão em perder peso e cortar "as gorduras", fica aqui mais uma forma de dieta. Só que esta dieta não é para ser seguida apenas por quem o deseja, mas por todos nós, ou melhor, por quase todos...



Tenham um bom fim de semana!

 

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Valter Hugo Mãe






Confesso que ainda não li nenhum livro de Valter Hugo Mãe. Conheço a sua escrita apenas das crónicas que escreve no Jornal de Letras a partir das quais já dá para concluir que se trata de um jovem autor sensível e altamente criativo. 

Levada pelo enorme sucesso que foi a sua presença na Festa Literária Internacional de Paraty, no Brasil, e porque aparecia nas bancas um novo romance do autor, mais interessada fiquei em ler a sua crónica sobre o referido romance subordinada ao título "O filho de mil homens - O lado invisível". Gosto sempre muito de ler e de ouvir os escritores a falarem sobre o ato da criação; dá-me a impressão de poder olhar a obra - e o próprio artista - por dentro e isso eu acho muito íntimo, muito poético.

A crónica é assim como que uma confissão do autor sobre ele próprio, sobre o milagre de ter chegado aos 40 anos - idade que ele deixa prever tratar-se da entrada na idade adulta propriamente dita - quando pensava morrer bastante mais cedo, marca deixada pelo que um professor lhe disse nos tempos do liceu.Escreve ele logo de inicio: 

«Foi um professor de Religião e Moral, nos meus tempos de liceu e de fortes crenças na transcendência, que me disse, de mauzinho, que eu tinha um semblante muito triste e que provavelmente haveria de morrer cedo. Eu sempre vivi com a convicção de que a tristeza abrevia tudo, mas também é certo que os tristes podem perdurar como frutos secos, tão enrodilhados quanto mudando para outro modo de ser, como eternos. Naquela altura, por causa de acreditar em sinais e juízos de pessoas supostamente com sabedorias divinas, pensei que nascera para ser apenas triste, encurralado já tão cedo, até morrer sem mais.»

Consternação foi o que senti contra aquele professor (padre, ainda por cima) e voltou a vir-me à cabeça o mal que nós professores podemos fazer às crianças e aos adolescentes com algumas saídas infelizes, palavras impensadas, profecias imponderadas. Neste caso pior porque, dizer do escritor, o professor fê-lo "de mauzinho" - e nós sabemos que há muitos que o fazem...

A Livraria Arquivo, nas suas habituais sessões de conversa com escritores, trouxe hoje a Leiria, ao fim da tarde, Valter Hugo Mãe para apresentar e falar sobre o seu novo romance. Foi uma conversa simpática e agradável e absolutamente despretensiosa com uma pessoa sorridente, simples e extremamente sensível que trata as personagens que cria como pessoas livres e autónomas com cujas desgraças e formas de ser chora, chora imenso enquanto as vai escrevendo...  É este falar sobre o ato de criação, esta metalinguagem, que me encanta.

Lá vou ter de "dar o golpe" na pilha de livros em espera para ler antes "O filho de mil homens"...









quarta-feira, 26 de outubro de 2011

26 de outubro de 1946



Fariam hoje 65 anos de casamento e, no entanto, por desígnios naturais, só celebraram até ao 23º aniversário. Conheceram-se lá por Lisboa e, em três meses, contra tudo e contra todos, casaram-se. Ele tinha 26 anos, viúvo e tinha um filho e ela tinha 20 anos e seria, apesar de ter alguns estudos e ganhar já para si, aquilo a que atualmente poderíamos chamar uma "teenager incossssiente"... 

Eram os meus pais. Eu nasci dois anos mais tarde.

Os noivos
 

 Os noivos com os familiares próximos da noiva
(que a família do noivo não aceitou este casamento)


Desabafo sem retorno

 



Ontem no médico – é que tenho andado sick and tired, já disse, não foi? – e depois de olhar para os exames que levava do estado em que está a o meu pobre esqueleto, o doutor, que me acompanha há já alguns anos e também me conhece das minhas andanças pela escola, disse com alguma ironia: “Você está um bocado pior que o seu substituto…” Que não, que não sabia de nada do que se passa por lá, devolvi-lhe eu. “Anda tudo por lá numa confusão. Dizem-me os pais que a escola anda ao deus-dará.” Sorri. Não de alegria, mas de compreensão pela eventual situação. E voltou ele à carga: “Olhe, por mim, não estou preocupado: os meus filhos já lá não andam…” Ouvira já outras queixas mais reais e mais completas de outras mães.

Não constitui para mim qualquer surpresa se, de facto, as coisas estão como me foi dito – e não duvido nada que as informações que cheguem ao médico sejam reais e verdadeiras, porque a população que se move pela “minha escola” é a que se move por estes consultórios do centro da cidade – mas lamento. Lamento porque, mesmo afastada que estou a todos os níveis, não posso ignorar 36 anos da minha vida que acompanharam e influenciaram muitas vezes de forma determinante – e digo-o sem qualquer resquício falsa modéstia – a vida daquela escola, daquele grupo de escolas, na atualiadade. Por outro lado, lamento porque a mudança, que, com efeito, trouxe uma completa inversão de valores na governação daquela comunidade, foi determinada, quase exclusivamente, por um grupo de dirigentes de associações de pais manipuláveis e manipulados, filhos de uma nova média burguesia cultural e académica emergente da terra (que é também a do país) que pensaram – se calhar por alguns sinais claros que lhes foram dados – que podiam ir “mandar” na escola e nos professores – classe na qual toda a gente parece querer mandar, vá-se lá saber porquê… 
Queriam – foi dito e apregoado – um novo estilo de liderança. Lá vieram, porque se usa, os conceitos e as palavras (se calhar mais as palavras que os conceito) das ciências da gestão de empresas aplicadas à escola, quando todos (?) sabemos que uma escola não se pode gerir como uma empresa. 

Queriam um novo estilo de liderança e agora lá o têm! Um estilo de liderança apoiado nas palavras fáceis, nas pancadinhas nas costas, no grupinho de amigos, num “laissez-faire, lessez passer” que alterna e se mascara com um certo autoritarismo para “ os outros”, no deixar constante de pontas soltas e promessas por cumprir, no plano B.  

Lamento. Podem crer que lamento.


segunda-feira, 24 de outubro de 2011

Fim de verão



 Agora que finalmente - parece - o verão chegou ao fim, deixo aqui as últimas imagens que recolhi que mostram como o verão torna o amor uma coisa maravilhosa.





Sugere-me isto a bela canção do início dos anos 50, Love is a many splenderod thing, - que bem traduz o sentimento que, de uma maneira ou de outra, mais cedo ou mais tarde, manda em todos nós. A versão original, de 1951, foi apresentada pelos Four Aces, single em 45 rotações que ainda guardo; deixo-a porém aqui na encantadora voz do saudoso Nat King Cole. Quem se lembra?




domingo, 23 de outubro de 2011

Chocada!





Ouvi há pouco no Telejornal da RTP1 que um menino de dez anos, que frequentava o 5º ano na Escola Pedro de Santarém, se suicidou hoje por enforcamento em casa porque não aguentou a pressão nem o gozo - a maldade! - dos colegas, parece que porque tinha as orelhas grandes... Fiquei de lágrimas nos olhos. Veio de seguida uma pedopsiquiatra falar do drama do bullying nas escolas e chamar a atenção para este sacrilégio que acontece - e sempre aconteceu - nas escolas que não apenas nas públicas.

É, de facto, um dos grandes problemas da escola - mais do que os bons ou os maus resultados, mais do que a indisciplina, mais do que as falhas de equipamentos - é o do bullying. E este fenómeno não passa apenas pelas cenas de pancada entre alunos. Trata-se de uma forma de violência ao nível dos sentimentos, das palavra e dos medos, das provações e das angústias mais íntimas que marcam muito mais profundamente que uns socos. 

Foram muitos, infelizmente, os casos deste tipo com que tive de conviver enquanto professora e, mais ainda, como presidente (para não falar como aluna e colega) e garanto que são seriamente dramáticos e marcantes. O que se diz a uma menina de dez ou onze anos que é gozada, maltratada e ostracizada pelo grupo só porque se veste humildemente, muito humildemente? Como se trata com o caso de um rapaz super tímido a quem todos todos gozam e zurzem porque está perdidamente apaixonado pela coleguinha linda, "filha de família" e querida por todos os bonitões da turma? Como se faz com aquela menina a quem todos chamam de "Miss Piggy" porque ela até faz lembrar a dita figura? Lembrei estes exemplos por serem daqueles que qualquer adulto menos sensível ou menos avisado é capaz de ignorar. Mas garanto-vos que, nas idades destas crianças e adolescentes que me passaram pelas mãos ao longo de uma vida inteira, estes dramas que são mesmo dramas e a que os adultos não dão importância nenhuma por os considerarem mínimos, senão inexistentes e ridículos, marcam, doem, causam muito sofrimento interior. E é preciso muito força, muito apoio direto, muita conversa ao nível deles para evitar o pior.

É precisa muita atenção aos sinais que eles nos estão sempre a lançar. E cabe aos pais e mais ainda aos professores por não estarem tão próximos como os pais - ou melhor, por estarem numa proximidade diferente - darem-se conta desses pequeninos grandes dramas e dar-lhes força, uma força natural, franca e benigna para eles suportarem a enorme dor da diferença. Ou então - e se estivermos em posição disso - pôr os causadores em sentido. Desmascará-los. Castigá-los se for caso disso. Eu fi-lo e não me arrependo!





sábado, 22 de outubro de 2011

I'm so tired...

Hoje é como me sinto: so tired, so sick. E como sempre desde a minha juventude, vem-me à mente esta canção tão bem interpretada e com uma letra tão ajustada (que não resisto a deixar aqui) a quem se sente em baixo. E não nos sentimos todos?





I'm so tired, I haven't slept a wink
I'm so tired, my mind is on the blink
I wonder should I get up and fix myself a drink
No, no, no.

I'm so tired I don't know what to do
I'm so tired my mind is set on you
I wonder should I call you but I know what you would do

You'd say I'm putting you on
But it's no joke, it's doing me harm
You know I can't sleep, I can't stop my brain
You know it's three weeks, I'm going insane
You know I'd give you everything I've got
for a little peace of mind

I'm so tired, I'm feeling so upset
Although I'm so tired I'll have another cigarette
And curse Sir Walter Raleigh
He was such a stupid get.

You'd say I'm putting you on
But it's no joke, it's doing me harm
You know I can't sleep, I can't stop my brain
You know it's three weeks, I'm going insane
You know I'd give you everything I've got
for a little peace of mind
I'd give you everything I've got for a little peace of mind
I'd give you everything I've got for a little peace of mind

Hipocrisia II


Lembram-se de quando, na primeira metade do anos 90, a drª Ferreira Leite foi ministra da Educação de um governo do dr. Cavaco? Lembram-se da revolta dos estudantes quando lhes aumentou as propinas, e até das manifestações dos alunos do básico e do secundário com o advento das provas globais? Lembram-se da irreverência da turba de estudantes, que depois foi apelidada de "geração rasca", que numa manifestação "lhe" mostratram o rabo?

Pois é o que me apetecia fazer hoje e era o que a dita senhora merecia que lhe voltassem a fazer quando teve o desplante, o mau gosto, a insensibilidade de afirmar que, durante dois ou três anos - todos sabemos bem como aqui em Portugal o provisório se torna definitivo - a gratuitidade da educação e da saúde fosse suspensa. Tudo por bem, naturalmente! Esta medida seria tomada em vez "desta carga brutal sobre as pessoas" e apenas enquanto se procedesse a uma profunda reforma do Estado...  Hipocrisia!

Já aqui há uns anos a dita senhora disse que o ideal seria interromper a democracia por seis meses - saída que depois foi tida como uma gaffe.

Gaffe? Qual gaffe? O que se passa e é triste se não mesmo assustador, é que o que estes senhores a quem agora foram dadas as rédeas da governação e que acreditam mesmo que há cidadãos de primeira e outros de segunda (ou terceira, ou sei lá!)  têm em mente é mesmo pôr o que resta da nossa democracia em off e sorrateiramente acabar com o estado social que tanto custou a conseguir e a cimentar.





quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Quem me dera....



Na minha próxima vida, quero nascer GATO! Não fazem nada, só comem e dormem e ainda se espreguiçam com a maior cara de cansaço. E nós acreditamos neles!















quarta-feira, 19 de outubro de 2011

S. Pedro e os homens





Para animar - que bem precisamos - hoje deixo aqui uma brincadeira que, de certo, vai agradar às minhas amigas bloguistas...

Ora bem, gritou São Pedro, vamos organizar-nos em duas bichas:


· Homens que sempre *dominaram* as mulheres, façam bicha do lado esquerdo.
· Os que sempre foram dominados pelas suas mulheres façam bicha à direita.


Depois de alguma confusão, os homens estão em fila.


A bicha dos homens dominados por suas mulheres tinha mais de 100 km.
A dos que dominavam as mulheres tinha só um elemento.


Aí São Pedro exclama:

- Vocês deveriam ter vergonha! Deus criou-vos à Sua imagem e semelhança e vocês deixaram-se dominar pelas mulheres? Mulheres?... Apenas um de vocês honrou o nome e deixou Deus orgulhoso da Sua criação. Aprendam com ele!


E, virando-se para o homem solitário, São Pedro pergunta:


- Conte-nos: o que é que você fez para ser o único nesta bicha ?

Então o homem timidamente respondeu:

- Eu não sei, foi a minha mulher que me mandou ficar aqui...

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Deviam ter vergonha!






Não chegou que aos politicos tenha sido permitido acumularem pensões (que alcançaram ao fim de meia dúzia de anos, ou meses de "trabalho") como agora que qualquer ricaço que aufira mil euros - mil euros! - de ordenado ou de pensão de reforma - que, diga-se em abono da verdade, é praticamente uma fortuna - as pensões vitalícias de ex-políticos são poupadas aos cortes! Justo, não vos parece?

Vem-me de novo à mente Orwell e a sua frase talvez gasta mas cada vez mais atual: os Portugueses são todos iguais, só que alguns são mais iguais do que outros.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Aprende a nadar, companheiro!






Todos nos lembramos da canção Maré Alta da época do 25 de Abril. Forte, alegre, esperançosa.

"Aprende a nadar, companheiro
Aprende a nadar, companheiro
que a maré se vai levantar
que a maré se vai levantar!
Que a liberdade está a passar por aqui..."

Agora, ironicamente, é melhor que aprendamos a nadar para que esta maré alta - ou negra? - não nos passe por cima da cabeça e ... nos afogue.



domingo, 16 de outubro de 2011

Porque hoje é domingo


Nasceu em Santiago do Cacém fez ontem cem anos, o escritor Manuel da Fonseca, poeta e contista neo-realista que, no dizer de Mário Dionísio, seu contemporâneo e amigo, teria, "como todos os jovens universitários ou não (e muito não) que se juntavam nos cafés de Lisboa, como nos de Coimbra e do Porto, de Vila Franca ou de Santiago", "um coração pulsando por todos os «humilhados e ofendidos», uma obstinada recusa a ser feliz num mundo agressivamente infeliz, uma ânsia de dádiva total e o grande sonho de criar uma literatura nova, radicada na convicção de que, na luta imensa pela libertação do homem, ela teria um papel inestimável a desempenhar contra o egoísmo, os interesses mesquinhos, a conivência, a indiferença perante o crime, a glorificação dum mundo podre."


(Manuel da Fonseca, à direita, no café, com Augusto Abelaira
e Fernando Assis Pacheco)


E porque hoje é domingo, esta «invenção desta civilização capitalista» - o dia que eu também sempre considerei o mais deprimente da semana - deixo aqui parte do seu longo e brutal poema "Domingo" que poderão ouvir na totalidade, se para isso tiverem paciência, no excelente desempenho do melhor diseur português de todos os tempos (digo eu!) - Mário Viegas.


Quando chega domingo,
faço tenção de todas as coisas mais belas
que um homem pode fazer na vida.

Há quem vá para o pé das águas
deitar-se na areia e não pensar…
E há os que vão para o campo
cheios de grandes sentimentos bucólicos
porque leram, de véspera, no boletim do jornal:
«Bom tempo para amanhã»…
Mas uma maioria sai para as ruas pedindo,
pois nesse dia
aqueles que passeiam com a mulher e os filhos
são mais generosos.


Um rapaz que era pintor
não disse nada a ninguém
e escolheu o domingo para se matar.
Ainda hoje a família e os amigos
andam pensando porque seria.
Só não relacionam que se matou num domingo!


Mariazinha Santos
(aquela que um dia se quis entregar,
que era o que a família desejava,
para que o seu futuro ficasse resolvido),
Mariazinha Santos
quando chega domingo,
vai com uma amiga para o cinema.
Deixa que lhe apalpem as coxas
e abafa os suspiros mordendo um lencinho que sua mãe lhe bordou,
quando ela era ainda muito menina…
Para eu contar isto
é que conheço todas as horas que fazem um dia de domingo!


À hora negra das noites frias e longas
sei duma hora numa escada
onde uma velha põe sua neta
e vem sorrir aos homens que passam!
E a costureirinha mais honesta que eu namorei
vendeu a virgindade num domingo
— porque é o dia em que estão fechadas as casas de penhores!


Há mais amargura nisto
que em toda a História das Guerras.

Partindo deste principio,
que os economistas desconhecem ou fingem desconhecer,
eu podia destruir esta civilização capitalista, que inventou o domingo.
E esta era uma das coisas mais belas
que um homem podia fazer na vida!





sábado, 15 de outubro de 2011

Mais por menos...




O ministro Nuno (c)Rato – aquele do Eduquês, lembram-se? – com a mania das matemáticas vem agora com a falaciosa máxima de se fazer “mais com menos” – ou pensa que os outros são burros ou lá se acha com poderes mágicos – e então quer cortar no desenho curricular dos alunos do ensino básico (e no número de professores necessários por escola), dizendo que vai proceder à “reforma curricular” para acabar com a “dispersão curricular”.

Lá ter terminado com os espaços curriculares de Área de Projeto e de Estudo Acompanhado para dar mais carga curricular às disciplinas de Língua Portuguesa e Matemática ainda se compreendeu já que aqueles espaços curriculares criados pela reorganização de 2001 estavam demasiado gastos juntos dos alunos e até dos professores, e o reforço de disciplinas básicas e nucleares como são a LP e a Matemática era há muito desejado por professores e pais. No entanto, estas medidas criaram só por si um decréscimo do número de horários requisitados. A escola, porém, serve para ensinar/educar os alunos e não para criar horários para os professores. Até aqui entende-se.

Agora cortar cegamente nas disciplinas que o senhor ministro (c)Rato chama de “não estruturantes” já não me parece que seja para melhorar o currículo dos alunos. Senão vejamos:

1. Cortar nas horas do Desporto Escolar num país que já está a braços com problemas de obesidade infantil não parece traga qualquer vantagem para os alunos;

2. Reduzir o número de horas semanais na História e na Geografia, disciplinas que já foram tão compactadas com a reorganização curricular de 2001, não vai dar para que os alunos saibam sequer quem foi o primeiro rei de Portugal ou para que lado estão virados ao descortinarem nos céus a Estrela Polar;

3. Acabar com a obrigatoriedade do estudo de uma segunda língua estrangeira num país que quase vive do turismo, num continente sem fronteiras e com um povo que tem uma imensa facilidade para falar outra línguas parece, no mínimo, castrador. De recordar a péssima experiência da aprendizagem de uma só língua estrangeira logo após a revolução de Abril que, como a primeira língua estrangeira que se estudava era por tradição e obrigação o francês, fez com que uma larga fatia de pessoas nunca tivesse estudado o inglês na escola. Nesse tempo, porém, o problema que se punha era a falta de professores habilitados para lecionarem essas disciplinas, que não é o caso atualmente.

4. Terminar com o par pedagógico na disciplina de EVT também não traz nada a favor dos alunos já que fazer aulas práticas de várias áreas em turmas de 28 miúdos de dez / doze anos com um professor apenas, desculpem-me a frase corriqueira mas o/a pobrezinho/a vai andar num verdadeiro virote se mais não for para ao menos evitar que um dos garotos espete a tesoura ou o xis-acto num dedo ou, pior ainda, no braço do parceiro...

Os miúdos passam muito tempo na escola? Passam sim senhor! No nosso tempo nós tínhamos muito menos carga horária e aprendemos? Assim era de facto! Mas não nos esqueçamos que no nosso tempo (nem é bom lembrar!) só ia para a escola “a nata”, o ensino era oratório e de cima para baixo, os alunos portavam-se bem porque tinham medo dos pais e dos professores, etc. etc. etc. – nada do que acontece hoje em dia. Além disso, não precisávamos de passar o dia na escola porque tínhamos sempre gente em casa com quem estar, o que não acontece hoje, nem por sombras!

Por estes e muitos outros motivos que não cabe expor num espaço como este, não venha o senhor ministro acenar com a ideia de que vai fazer mais com menos porque nós não acreditamos.

Acreditamos sim que o senhor ministro Nuno (c)Rato quer livrar-se de muita despesa despedindo muito professor! Essa sim é a razão principal e única!

Nessa altura que eu sinceramente não queria que chegasse, estou para ver se os professores vão sair para as ruas aos milhares e se vão programar para vestir de luto como fizeram quando apenas os obrigaram a ser avaliados como todo o comum dos mortais.

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

O mundo é de quem não sente






«O mundo é de quem não sente. A condição especial para se ser um homem prático é a ausência de sensibilidade. A qualidade principal na prática da vida é aquela qualidade que conduz à acção, isto é, a vontade. Ora há duas coisas que estorvam a acção – a sensibilidade e o pensamento analítico, que não é, afinal, mais que o pensamento com sensibilidade. Toda a acção é, por sua natureza, a projecção da personalidade sobre o mundo externo, e como o mundo externo é em grande e principal parte composto por entes humanos, segue que essa projecção da personalidade é essencialmente o atravessarmo-nos no caminho alheio, o estorvar, ferir e esmagar os outros, conforme o nosso modo de agir.

Para agir é, pois, preciso que não figuremos com facilidade as personalidades alheias, as suas dores e alegrias. Quem simpatiza pára. O homem de acção considera o mundo externo como composto exclusivamente de matéria inerte – ou inerte em si mesma, como uma pedra sobre que passamos ou que afasta do caminho; inerte como um ente humano que, porque não lhe pôde resistir, tanto faz que fosse homem como pedra, pois, como à pedra, ou se afastou ou se passou por cima.

O exemplo máximo do homem prático, porque reúne a extrema concentração de acção com a sua extrema importância, é a do estratégico. Toda a vida é guerra, e a batalha é, pois, a síntese da vida. Ora o estratégico é um homem que joga com as vidas como o jogador de xadrez com peças do jogo. Que seria do estratégico se pensasse que cada lance do seu jogo põe noite em mil lares e mágoa em três mil corações? (...)

O patrão Vasques fez hoje um negócio em que arruinou um indivíduo doente e família. Enquanto fez o negócio esqueceu por completo que esse indivíduo existia, excepto como parte contrária comercial. Feito o negócio, veio-lhe a sensibilidade. Só depois, é claro, pois, se viesse antes, o negócio nunca se faria. «Tenho pena do tipo», disse-me ele. «Vai ficar na miséria.» Depois, acendendo o charuto, acrescentou: «Em todo o caso, se ele precisar qualquer coisa de mim» - entendendo-se qualquer esmola - «eu não esqueço que lhe devo um bom negócio e umas dezenas de contos.» (...)

Manda quem não sente. Vence quem pensa só o que precisa para vencer. O resto, que é a vaga humanidade geral, amorfa, sensível, imaginativa e frágil, é não mais que o pano de fundo contra o qual se destacam estas figuras da cena até que a peça de fantoches acabe, o fundo-chato de quadrados sobre o qual se erguem as peças de xadrez até que as guarde o Grande Jogador que, iludindo a reportagem com uma dupla personalidade, joga, entretendo-se, sempre contra si mesmo.»

“O Livro do Desassossego”
Bernardo Soares

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Filhos da p***!


Três mil milhões de euros de derrapagem?

Quando chegou ao governo não fazia ideia de que a situação fosse tão grave?

Não tinha ouvido falar do buraco do BPN e do que os amigos do partido roubaram enquanto puderam? O sr. Dias Loureiro, o sr. Oliveira e Costa, o sr. Duarte Lima, até o sr. Berardo, já para não falar do sr. Cavaco, não tinha ouvido falar dos feitos deles?

Não tinha ouvido do buraco da Madeira? Nem da corrupção e do compadrio familiar do sr. Jardim?

(Hijos de la gran puta! - como diria a minha avó espanhola)

Agora é muito fácil atirar as responsabilidades para o anterior governo. É a forma de este zé-povo comer e calar e ... dar-lhes razão.


Carneirada lusitana
(encontrado na net já com este nome)

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Hipocrisia






Há muito que assim penso, mas tive alguma contenção em divulgá-lo. Sempre me contrariou o facto dos Estados ocidentais , nomeadamente os Estados Unidos, intervirem, em nome da democracia, nos Estados, especialmente, os do Médio Oriente de governação ditatorial.

É certo que as ditaduras são formas de governar contra o povo e que apenas favorecem quem governa e os seus apaniguados e, de um modo geral, os ditadores mantêm-se à frente dos países por tempo indeterminado, se possível, de forma vitalícia, tornando-se, à medida que o tempo passa, cada vez mais desumanos e mais violentos. Naturalmente que o ideal seria – em termos utópicos – que houvesse um regulador mundial que estabelecesse o bem comum entre todos os povos e que tivesse o poder de sanar estes como outros problemas. Mas isto é a utopia! Ninguém disse, ninguém investiu os Estados Unidos, ou a ONU, ou a Comunidade Europeia desse fim. E, quando o fazem, parece-me que não o fazem de forma gratuita, muito embora evoquem razões humanitárias e de restabelecimento do bem comum.

Veja-se o caso do Afeganistão. Os europeus e os americanos foram para lá cheios de “boa vontade” para tirarem de lá o ditador que oprimia o povo e lhes sugava as riquezas. Puseram o país a ferro e fogo com aquelas suspeitas sem fundamento de que aquele país era um perigo para o ocidente. Mataram, partiram, destruíram, arrasaram, lá “assassinaram” o ditador e depois? O povo ficou mais livre, mais rico, mais feliz? Nem por sombras.

Depois foram as chamadas “primaveras árabes”. Agitaram-se os povos, deu-se-lhes esperanças de uma vida em democracia, desorganizaram-se-lhes as estruturas por muito básicas que fossem, tudo com o aval (hipócrita) do ocidente. E depois? O que ganharam depois destas revoluções assistidas? Guerra pelo poder, miséria, desalento, sangue, suor e lágrimas. Ficaram mais felizes, mais ricos, mais livres? Duvido.

Não estou aqui a advogar pelas ditaduras permanentes, pelos ditadores vitalícios que submetem e devoram o povo. Só que tudo tem o seu tempo e há que passar pelas etapas todas, ou pelo menos por algumas, para se poder evoluir aprendendo. Também os europeus levaram séculos – uns mais que outros – para ultrapassar o absolutismo dos reis e as ditaduras do século XX. Se dizem que os árabes ainda estão na Idade Média – uns estarão (os pobres), outros não (os ricos que vêm estudar para Londres ou para NY) – como querem que em alguns meses se vá lá “ensinar-lhes” o exercício da democracia, enquanto se lhes destroi a vida, os anseios, as terras, as cidades?

Teríamos nós, Portugueses, gostado que, apesar de tudo, no tempo quase interminável da ditadura salazarista tivessem vindo para aí exércitos de americanos ou outros fazer a guerra, destruir o país, quebrar-nos as esperanças, só para tirarem de lá o ditador?

Para aprendermos e estarmos preparados para novas situações, como é o caso da vida verdadeiramente democrática, há que ultrapassar vivendo cada momento nem que para isso tenhamos de quebrar a cara. Como poderíamos nós, portugueses, implantar aqui e agora o sistema de educação da Suécia, por exemplo, se em termos de instrução básica eles têm cem anos de avanço sobre nós?

Por isso não aceito conselhos nem acredito em lições de vida.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Telemóvel para homens

Para os meus amigos do sexo oposto, fica aqui o que se considera o modelo ideal de telemóvel.
Se houvesse um destes cá em casa, talvez não ficasse esquecido por todo o lado...




segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Outono ou Verão?



Posted by Picasa




Olho-te há mais de trinta anos
E viva eras já, hortense!
Que verdejantes tufos de flores
Oferecias ao olhar de quem por ti passava
Atento, célere, até ausente.

Com o passar do tempo
E perante o teu crescimento louco
Houve que anualmente
Cortar-te rente
E pouco a pouco
Esqueceste a tua divinal missão
Que era, em cada primavera,
Rebentares toda em botão.

Este ano, porém, hortense bela
Tão confusa te sentes e te pões
Com a grande mistura de estações,
Que outubro fora de folhas secas
Te cobres e amarelas.

Mas com este calor sufocante
Que outono adentro se tem feito sentir,
Triste hortense mais baça que brilhante
Não sabes já se hás de outonar
Se florir...






domingo, 9 de outubro de 2011

Já faz 40 anos!

Primeiro chegou ele pelo braço da madrinha


Depois veio a noiva pelo braço do padrinho (o irmão)




E depois de simplesmente trocarem as alianças



Saíram animadamente como se nada fosse...





As testas enrugadas devem-se apenas ao Sol que, tal como este ano, pensava que ainda era verão. Estava cá um calor! 




Fez hoje quarenta anos! Como disse a nossa filha mais velha, "até assusta"!....

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Escapadinha

Este fim de semana vamos para onde se encontra esta estátua.
Claro que toda a gente sabe onde é...





Bom fim de semana!

Lisboa



Tomas Tranströmer manifestou-se  “feliz e emocionado” por ter sido galardoado com o Prémio Nobel da Literatura 2011.

A mulher de Tranströmer, que falou em nome dele à imprensa sueca, disse que o poeta não acreditava que pudesse viver para assistir a este grande momento.

Tomas Tranströmer, psicólogo de formação, sofreu um acidente vascular cerebral em 1990 e ficou que com parte do corpo paralisada e com a fala afectada. Mas o AVC não o impediu de continuar a escrever. Além disso, Tranströmer faz questão de tocar piano, apenas com uma mão, todos os dias.

A sua poesia ainda não está traduzida para português. Apenas alguns poemas foram vertidos para o português, um dos quais, Lisboa, que deixo aqui, e que faz parte da coletânea “21 Poetas Suecos” organizada nos anos 80 por Vasco Graça Moura e Ana Hatherly.





Lisboa

No bairro de Alfama
os eléctricos amarelos
cantavam nas calçadas
íngremes
Havia lá duas cadeias.
Uma era para ladrões
Acenavam através das grades:
Gritavam que lhes tirassem
o retrato.

'Mas aqui', disse o condutor
e riu à socapa
como se cortado ao meio
“aqui estão políticos'.
Vi a fachada, a fachada,
a fachada e lá no cimo
um homem à janela
tinha um óculo e olhava
para o mar.

Roupa branca no azul.
Os muros quentes
As moscas liam cartas
microscópica.
Seis anos mais tarde perguntei
a uma senhora
de Lisboa
“Será verdade
ou só um sonho meu?'"

(Tradução de Vasco Graça Moura)



Prisão do Limoeiro (mencionada na 1ª estrofe)



Palácio de São Bento (mencionado na 2ª estrofe)


quinta-feira, 6 de outubro de 2011

Notícias de Sines

No passado mês de Setembro deixei aqui  uma brincadeira sobre a exposição de pintura Regeneração que foi inaugurada no passado dia 1 no novíssimo e atraente Centro Culural de Sines.

Hoje posso mostrar a espaçosa galeria onde os quadros da nossa amiga Clotilde tem expostos os quadros da sua última coleção.



 

 






E não há como resistir a deixar, de igual modo, uma bela expressão da pintora.


Posted by Picasa