domingo, 31 de julho de 2011

Livros





“Daí a poucos minutos estávamos em frente à famosa livraria Shakespeare & Company no número 37 da Rue de la Bûcherie. Detive-me à porta e fixei Rachida com ar sério e contrito:

- Tenho de te confessar uma coisa... Uma paixão. – Vi-lhe o ar aflito e contive a vontade de rir. – Depois das mulheres... depois da música... tenho uma paixão descontrolada por livros.

Ela soltou uma gargalhada e percebi o alívio. Insisti:

- Não, isto é mesmo um vício. Perco constantemente a cabeça por eles. Continuo a comprá-los a uma velocidade mil vezes superior à minha capacidade de os ler. Tenho uma curiosidade infinita pelo que têm dentro. E aprecio também o objecto livro: gosto de cheirá-los, apalpá-los, sopesá-los, abri-los, passar os dedos pelo papel das páginas, observar os tipos de letra impressa, verificar o espaço das margens (infelizmente cada vez mais pequeno, hoje em dia) ...

Rachida continuava a rir.

- E qual é o mal?

- O mal é o irrealismo, princesa. Dentro de pouco tempo já não caberão mais na minha casa. Sei que já não vou ter tempo de ler todos os que já tenho, até ao fim da minha vida. Mas não consigo impedir-me de continuar a comprá-los.”

“O Prazer (memórias desarrumadas)”
Miguel Graça Moura, 2009



Assim estou eu. Tenho de fazer um esforço imenso para não comprar todos os livros que me apetece! Não são só os que me apetece, são, de igual forma, os que me aparecem à frente deste e daquele autor, os que me são dados a conhecer pelas críticas, os que me são recomendados. Mas o problema depois é arranjar tempo – e disposição – para os ler.

Vejam a rima que tenho agora para ler!  E alguns têm mais de mil páginas! Isto é mais que irrealismo - como diz o maestro - é masoquismo!




sábado, 30 de julho de 2011

Gaivotas

Vai uma pessoa para um hotel de não sei quantas estrelas para ter companheiras destas à mesa...







Bom fim de semana!

sexta-feira, 29 de julho de 2011

O Tejo

(...)
"O Tejo tem grandes navios
E navega nele ainda,
Para aqueles que vêem em tudo o que lá não está,
A memória das naus."
(...)

Vejam só como é lindo o Tejo! (É que o Tejo é mesmo o rio da minha aldeia...)
E visto daqui então...



... e daqui




 ou mesmo daqui...




Alguém quer dizer de onde vi o Tejo?



quinta-feira, 28 de julho de 2011

Lembrando Amália


O fado nunca faz os meus encantos. Como as baladas, afinal, e as mornas e todos esses estilos choradinhos, desgraçados e tristonhos. Não se passa o mesmo com a música brasileira que, mesmo dolente, tem aquela cadência ritmada que lhe é emprestada pelas suas raízes mais populares bem mais alegres.

Num destes dias atrás, foi lembrado até pelo Google que Amália Rodrigues teria feito 91 anos se fosse viva. Nunca gostei muito da Amália, primeiro porque como já disse, nunca gostei de fado. Mas a minha pouca simpatia pela “fadista nacional” decorre muito mais do que se dizia e se sentia lá em casa sobre ela quando eu era ainda muito pequena.


Como já aqui referi, nasci em Algés, arredor de Lisboa à beira Tejo, onde a minha mãe e os meus avós viviam há uns bons pares de anos, e onde terão conhecido a jovem ladina de família muito pobre que por ali vendia limões (lembram-se da cantiga do Max “A Rosinha dos Limões”? foi-lhe, por isso, dedicada).  Por outros motivos que não vou aqui deslindar, mas especialmente porque, diziam lá em casa, ela não permitiu que a sua irmã Celeste “brilhasse” já que teria uma voz tão boa e tão bonita como a sua, ninguém em minha casa – a não ser o meu avô que a conheceu bem – falava bem dela.  Mulheres!

Uma noite – aí pelos meus quatro anos – os meus pais foram ao cinema – ao Stadium que ficava na nossa rua, mesmo ao lado da piscina e da sede do Sport, Algés e Dafundo – ver o filme “O Fado” que era protagonizado pela artista em questão e levaram-me com eles – naquele tempo, ainda não havia classificação de filmes por idades e até os bebés de colo podiam ir ao cinema onde, aliás, se fumava livremente... Só me lembro de ter chorado todo o tempo tendo berrado mais violentamente numa cena de grande plano da fadista  exibindo umas enormes argolas – aí os meus pais tiveram de sair comigo. E nunca mais vi o filme!


Apesar de reconhecer que se trata de uma voz – e de uma artista –  poderosa e de gostar de algumas canções e até de alguns fados cantados pela Amália, nunca consegui, desde muito novinha, “perdoar-lhe” aquela canção verdadeiramente fascizante “Uma Casa Portuguesa” e anda menos o facto de ter deixado de cantar a belíssima canção “Mãe Preta” tendo-a travestido  em “Barco Negro” se bem que com um poema lindíssimo de David Mourão-Ferreira. Dizia a minha mãe que essa canção teria sido dedicada a seu marido que cedo se divorciou dela e a quem ela nunca teria deixado de amar.


E, a propósito, lembrei-me de uma fotografia com a data de Março de 1943 – ainda eu estava longe de nascer – tirada na fábrica de lanifícios de Filipe Nogueira (pai de J. F. Nogueira, um conhecido piloto português dos anos 50) em Algés, na qual esteve presente para uma qualquer comemoração, a já grande fadista num vison, ao centro, a sua irmã Celeste mais à esquerda também de casaco de vison e, encostado à janela, o meu avô que lá trabalhava e que, como podem constatar, era um belo homem...


quarta-feira, 27 de julho de 2011

Faz alguns anos





Esta era a minha "figurinha" fez ontem 36 anos, algumas horas antes de ir para a maternidade - que era, à época, a Casa de Saúde de Leiria, actualmente em remodelação lenta - já com algumas contracções, mas alegre (se bem que assustadinha de todo ...)




E aqui está o resultado nascidinho faz hoje 36 anos, logo pela manhã. 
- É uma menina, disse o doutor.
E eu: - Vem bem? - já ouvi-la dar os primeiros gritinhos; - Ainda bem! Era o que o meu ssogro queria: uma menina.
De facto, antes de ir para a Casa de Saúde, ele disse-me: - Traga-me de lá uma menina.
É que já tinha dois netos rapazes.


Olhem só a genica! Ainda hoje é assim...

terça-feira, 26 de julho de 2011

Para que servem os avós



(Terreiro do Paço visto do Cais das Colunas com a estátuta equestre de D. José)


Oh avô, vamos ver o Zé Cavalo?


“O menino desce a escada ela mão de sua mãe.

Dois andares escassamente iluminados. A sobreloja, a porta ampla, enorme.

Em frente uma carroça, um cavalo, o cocheiro. Ao lado, a caixotaria do Manolo, o papagaio, o cheiro a madeira fresca.

O bater dos martelos a serra mecânica.

Estamos na Rua dos Douradores no n.º 21, a dois passos do Terreiro do Paço... («Também há Universo na Rua dos Douradores» lembramos enternecidamente Fernando Pessoa.)

É a vasta praça que deslumbra o menino a perspectiva mágica dos arcos circundantes. No centro, o monumento a recortar-se no céu muito azul. Os grupos laterais em lioz muito branco: o elefante enorme, a figura que avança soprando uma trombeta de bronze.

De bronze é o ZÉ CAVALO, na sua atitude digna, triunfante, olhando o rio.

O rio também deslumbrava o menino que pedia ao avô que o levasse junto das ondas minúsculas que quebravam no cais das Colunas. Na vazante, descia mesmo alguns degraus e sentia o cheiro do rio, vislumbrava o cacilheiro como grande casa que anda.

Mais tarde a viagem até à Rocha do Conde de Óbidos. O subir lento da escadaria que conduzia ao jardim fronteiro ao Museu das Janelas Verdes. A primeira visita ao museu, a descoberta da pintura e da escultura. O avô ficava numa das salas a conversar com um guarda que fora seu condiscípulo na escola primária. O menino vagueava sozinho pelas salas atónito deslumbrado.

O avô chamava-se JACINTO JOSÉ PEDRO.”

(Lagoa Henriques, 8 de Julho de 1989)

(Jacinto José Pedro seria, com certeza, o avô – querido – do menino Lagoa Henriques, que se tornou no conhecido escultor e professor de Belas Artes muito lembrado pelos que foram seus alunos. Era grande admirador de Pessoa e de Cesário Verde. Dizia que Pessoa tinha sido o seu mestre da realidade interior e Cesário o mestre da realidade exterior.

De referir ainda que Mestre Lagoa Henriques foi o autor do conjunto escultórico da fonte luminosa de Leiria, a simbolizar a união do Lis e Lena, que foi inaugurado em 22 de Maio de 1973.)

 

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Notícia preocupante





A propósito do massacre recentemente perpetrado na Noruega  pelo assassino norueguês Anders Breivik conotado como tendo fortes ligações à extrema-direita, o DN de ontem traz uma pequenina notícia numa das páginas centrais que considero muito preocupante. Diz assim:

Países nórdicos apostam na extrema-direita
«Na Escandinávia regista-se uma forte subida das formações populistas, que contestam a generosidade dos sistemas de segurança social m relação aos emigrantes. Na Suécia, o partido de extrema-direita dos Democratas Suecos elegeu 20 deputados e poderia ter sido um dos fiéis da balança na formação do Governo.

Nas recentes eleições finlandesas, o partido dos Verdadeiros Finlandeses (PS), também do tipo populista, aumentou a sua votação de 4,1% para 19% embora tenha ficado fora do Governo. É, aliás, a maior formação da oposição no país. Na Dinamarca, o Partido Popular, de extrema-direita, teve 13,9% e ficou em terceiro lugar.»


Porém os avanços dos partidos de extrema-direita não se registam apenas nos países escandinavos, mas  na Europa em geral. Em França, a Frente Nacional do sr. Le Pen, agora liderado pela sua filha Marine Le Pen, registou “resultados históricos nas recentes eleições cantonais onde alcançou 15% dos votos numas eleições em que normalmente tem resultados residuais. Na Holanda, o Partido da Liberdade de Geert Wilders obteve 15,5% dos votos nas eleições de 2010. Na Áustria, o partido de extrema-direita SPÖ ficou com 27% dos votos das municipais de Viena em Outubro de 2010.

Como começou a escalada fascista e nazi nas primeiras décadas do século XX?

domingo, 24 de julho de 2011

A tribute



Hoje fica aqui uma canção que me diz muito em homenagem a uma grande voz que, lamentavelmente, se cala cedo de mais.

Tenho muita pena de quem morre prematuramente. Tenho muita pena que esta jovem tenha morrido. Já tinha muita pena dela enquanto estava viva.




sábado, 23 de julho de 2011

Sofrimento na Noruega



(Atentados na Noruega)



Kyrie

Em nome dos que choram,
Dos que sofrem,
Dos que acendem na noite o facho da revolta
E que de noite morrem,
Com esperança nos olhos e arames em volta.

Em nome dos que sonham com palavras
De amor e paz que nunca foram ditas,
Em nome dos que rezam em silêncio
E falam em silêncio
E estendem em silêncio as duas mãos aflitas.

Em nome dos que pedem em segredo
A esmola que os humilha e os destrói
E devoram as lágrimas e o medo
Quando a fome lhes dói.

Em nome dos que dormem ao relento
Numa cama de chuva com lençóis de vento
O sono da miséria, terrível e profundo.

Em nome dos teus filhos que esqueceste,
Filho de Deus que nunca mais nasceste,
Volta outra vez ao mundo!

(José Carlos Ary dos Santos)

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Le ménage


Isto para que as férias sejam mesmo férias, não há nada como trazer o "escravo", pôr-lhe o avental




e pô-lo a lavar a loiça...




Mas desenganem-se, amigos! Ter "escravos" destes é só para alguns...
Bom fim de semana!

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Lembrando os amigos


Facilmente aderimos a estas manifestações de simpatia e de contacto  fáceis como são as que decorrem dos Dias d'isto e d'aquilo. Foi o caso de ontem com o Dia da Amizade. Sucederam-se pela chamada blogosfera as felicitações aos amigos mesmo aos virtuais. Se fosse "no antigamente", muitos postais se escreveriam a felicitar os amigos. Agora com as invenções cibernéticas, foram mails e mensagens nas redes chamadas sociais e até os Telejornais passaram imagens de beijos, abraços e outras mostras de carinho entre as pessoas conhecidas ou não.

E perante toda esta festa da Amizade - virtual ou genuina - pensei: será que o dr. Cavaco se lembrou de felicitar estes seus velhos amigos?





quarta-feira, 20 de julho de 2011

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Praia da Cova Redonda






Sou algo conservadora no que toca a hábitos e procedimentos além de que não sou muito curiosa. Há anos que vimos aqui para esta vizinhança da Sr.ª da Rocha e nunca me tinha dado ao trabalho de  ir espreitar uma prainha aqui mesmo ao lado que está indicada com o nome de  Praia da Cova Redonda. No sábado, deu-nos para ir lá ver a vista. Fomos descendo, descendo por uma escadinha estreita pelo meio de árvores e silvados que para nosso descanso, faziam uma sombra bem frondosa e lá pelo meio ainda descobrimos uma enorme piscina redonda de água muito azul, bem rodeada de um relvado verdejante e de belas espreguiçadeiras pertencentes a um resort (como se diz agora, embora eu prefira dizer empreendimento) de luxo.

Depois de descermos para aí o dobro das escadas, lá nos deparámos com uma concha de areia escaldante bordejada pelas águas calmas desta zona do país. Muito bonita - como todas as que se descobrem por entre as escarpas da costa - e bastante sossegada.

Mas... por entre as arribas desgastadas e aproveitando as suas sombras, ainda se viam banhistas deitados parecendo ignorar ou esquecer o perigo a que se expunham. Não aprendemos nunca, ou gostaremos mesmo do desafio?


domingo, 17 de julho de 2011

Faísca McQueen


 


O meu neto José, que, como já aqui disse, tem apenas dois anos e meio, é “vidrado” no Faísca McQueen, que é, para quem já não tem ou ainda não tem criancinhas por perto, um simpático carro de corridas cor de Ferrari, novo desenho da Disney que já vai na segunda longa metragem para além de vender a imagem em tudo e mais alguma coisa desde carrinhos de brinquedo, Lego, copos, pratos, canecas, T-shirts pijamas e até em capas de edredon.

Todos os dias ele vê o vídeo do Cars 1 – assim se chama o primeiro filme do dito “fetiche” – enquanto come a sopa e, um dia desta semana, a mãe resolveu levá-lo ao cinema ver o Cars 2. Foi um deslumbramento! Primeiro porque foi sua a primeira ida a uma sala de cinema, depois porque teve à sua disposição um daqueles horrorosos baldes de pipocas que comeu até ao cansaço, além de que podia saltar livremente da sua cadeira alta para o colo da mãe ou para o da avó. Mas ver o simpático carrinho vermelho e os seus camaradas em grande plano é que foi o encantamento total. Claro que não entendeu nada do enredo do filme, mas tudo viu com a máxima atenção.

Como gosto muito de ver no jornal a classificação dos filmes feita pelos melhores críticos da praça, lá fui espreitar o que diziam eles sobre esta obra. Só um dos críticos tinha opinião: não era “de fugir”, mas era classificado de mau.

Mas o facto é que eu gostei. Gostei bastante. Acho que está muito bem feito, muito bonito e cheio de referências culturais que as crianças podem absorver que só lhes fazem bem. Apresentam desenhos lindíssimos de Itália, de Paris e de Londres e o engraçado do filme, na minha perspectiva de eterna fã do atraente 007 (especialmente o desempenhado pelo incomparável Sean Connery), é que todo o enredo segue de muito perto as aventuras quiméricas e loucas do multifacetado agente secreto britânico ao serviço de Sua Majestade com os seus intermináveis recursos de defesa e de ataque e com licença para matar. Até a música remete para os acordes potentes e sacudidos dos filmes de Mr Bond. E nem sequer deixa de glosar o tema ecológico e actual das energias renováveis e alternativas. Muito giro!

Recomendo a quem tenha crianças como desculpa  - e não só - para irem ver.

Let's look at the trailer!...


quinta-feira, 14 de julho de 2011

Elogio






Sabemos todos por experiência que, quando nos fazemos acompanhar por uma criança pequena, somos alvo de certas atenções que não nos são dispensadas se formos só nós pobres adultos.

O meu genro F. que tem dois filhos lindos que o põem, como acontece com qualquer pai, extremamente vaidoso, diz, algo inchado, que, quando sai com o seu pequenino Eduardo de cinco meses ao colo, as miúdas olham todas, interessadas, para ele...

Não é bem o meu caso mas esta semana tenho cá em baixo comigo o meu neto José que é moçoilo para dois anos e meio, com uns olhos bem pretos e bem atrevidos e que já fez uma conquista junto de uma menina dos seus dez/onze anos, muito querida e com muito jeito para crianças, que o leva com ela para o meio da piscina dos grandes e joga a bola com ele.

Como ando sempre por ali a vigiá-los como quem não quer a coisa, e como toda a minha vida lidei de uma forma lisa e algo cúmplice com alunos destas e de outras idades, a menina já me confidenciou tudo acerca dos seus avós e das doenças que entretanto infelizmente os limitaram. E aí, surgiu o mais franco e mais natural elogio que me foi feito nos últimos tempos. Disse ela: “Nunca vi uma avó que aguentasse tanto tempo dentro de água...”


terça-feira, 12 de julho de 2011

Obrigado, Sr. Ministro!



Não gosto particularmente do comentador (opinion-maker) João César das Neves. Muito "de direita", muito moralista  para o meu gosto. Mas deixei-me encantar - ou talvez melhor - enternecer pela crónica que assinou  no DN de ontem e que tinha como título "Obrigado, Sr. Ministro!". Foi aliás o título que me chamou a atenção já que, repito, não me dá muito para ler os seus escritos. Dizia assim:

Há dias um pobre pediu-me esmola. Depois, encorajado pela minha generosidade e esperançoso na minha gravata, perguntou se eu fazia o favor de entregar uma carta ao senhor ministro. Perguntei-lhe qual ministro e ele, depois de pensar um pouco, acabou por dizer que era ao ministro que o andava a ajudar. O texto é este:


"Senhor ministro, queria pedir-lhe uma grande ajuda: veja lá se deixa de me ajudar. Não me conhece, mas tenho 72 anos, fui pobre e trabalhei toda a vida. Vivia até há uns meses num lar com a minha magra reforma. Tudo ia quase bem, até o senhor me querer ajudar.

Há dois anos vierem uns inspectores ao lar. Disseram que eram de uma coisa chamada Azai. Não sei o que seja. O que sei é que destruíram a marmelada oferecida pelos vizinhos e levaram frangos e doces dados como esmola. Até os pastelinhos da senhora Francisca, de que eu gostava tanto, foram deitados fora. Falei com um deles, e ele disse-me que tudo era para nosso bem, porque aqueles produtos, que não estavam devidamente embalados, etiquetados e refrigerados, podiam criar graves problemas sanitários e alimentares. Não percebi nada e perguntei-lhe se achava bem roubar a comida dos pobres. Ele ficou calado e acabou por dizer que seguia ordens. Fiquei então a saber que a culpa era sua e decidi escrever-lhe. Nessa noite todos nós ali passámos fome, felizmente sem problemas sanitários e alimentares graves.

Ah! É verdade. Os tais fiscais exigiram obras caras na cozinha e noutros locais. O senhor director falou em fechar tudo e pôr-nos na rua, mas lá conseguiu uns dinheiritos e tudo voltou ao normal. Como os inspectores não regressaram e os vizinhos continuaram a dar-nos marmelada, frangos e até, de vez em quando, os belos pastéis da tia Francisca, esqueci-me de lhe escrever. Até há seis meses, quando destruíram tudo.

Estes não eram da Azai. Como lhe queria escrever, procurei saber tudo certinho. Disseram-me que vinham do Instituto da Segurança Social. Descobriram que estava tudo mal no lar. O gabinete da direcção tinha menos de 12 m2 e na instalação sanitária do refeitório faltava a bancada com dois lavatórios apoiados sobre poleias e sanita com apoios laterais. Os homens andaram com fitas métricas em todas as janelas e portas e abanaram a cabeça muitas vezes. Havia também um problema qualquer com o sabonete, que devia ser líquido.

Enfureceram-se por existirem quartos com três camas, várias casas de banho sem bidé e na área destinada ao duche de pavimento (ligeiramente inferior a 1,5 m x 1,5 m) não estivesse um sistema que permita tanto o posicionamento como o rebatimento de banco para banho de ajuda (uma coisa que nem sei o que seja). Em resumo, o lar era uma desgraça e tinha de fechar.

Ultimamente pensei pedir aos senhores fiscais para virem à barraca onde vivo desde então, medir as janelas e ver as instalações sanitárias (que não há!). Mas tenho medo que ma fechem, e então é que fico mesmo a dormir na rua.

Mas há esperança. Fui ontem, depois da missa, visitar o lar novo que o senhor prior aqui da freguesia está a inaugurar, e onde talvez tenha lugar. Fiquei espantado com as instalações. Não sei o que é um hotel de luxo, porque nunca vi nenhum, mas é assim que o imagino. Perguntei ao padre por que razão era tudo tão grande e tão caro. Afinal, se fosse um bocadinho mais apertado, podia ajudar mais gente. Ele respondeu que tinha apenas cumprido as exigências da lei (mais uma vez tem a ver consigo, senhor ministro). Aliás o prior confessou que não tinha conseguido fazer mesmo tudo, porque não havia dinheiro, e contava com a distracção ou benevolência dos inspectores para lhe aprovarem o lar. Se não, lá ficamos nós mais uns tempos nas barracas.

Senhor ministro, acredito que tenha excelentes intenções e faça isto por bem. Como não sabe o que é a pobreza, julga que as exigências melhoram as coisas. Mas a única coisa que estas leis e fiscalizações conseguem é criar desigualdades dentro da miséria. Porque não se preocupam com as casas dos pobres, só com as que ajudam os pobres."


Lembro-me de terem acontecido situações destas há uns tempos atrás e fiquei até surpreendida com esta manifestação-denúncia de JCN sempre tão consentâneo com o "status quo"...

Hoje, porém, lá veio o meu "querido" Ferreira Fernandes exprimir aquilo que me tinha ficado a pairar no espírito sem que eu tivesse conseguido determinar bem o que era. Diz ele, no seu estilo tão característico:


Aqui no DN, João César das Neves escreveu ontem um hino ao homem. É assim, conta ele, que um homem pobre foi acolhido num lar feito por gente generosa para homens pobres e velhos. Os doces eram de esmola e as habitações espartanas - mas eram, o que reconfortava o homem de reforma magra. Infelizmente, é sempre JCN a contar, há o Estado mau que se mete com os homens bons. Veio a ASAE, e a sua mania dos produtos embalados, veio o Instituto da Segurança Social, e a sua mania das fitas métricas, e fecharam o lar. E o velho e pobre homem, diz JCN, vive agora numa barraca. Ah, grito lancinante a favor dos homens e contra a frieza do Estado! E estava eu com os olhos marejados quando me lembrei que JCN chama às suas crónicas "Não Há Almoços Grátis". Parei. Mas (agora sou eu a falar), então, JCN sabe que os homens, e até os homens donos de lares, não são necessariamente bons. E que entre lares fechados por não terem tantos bidés como a ASAE quer e lares onde os velhos são maltratados, haverá mais destes do que daqueles (vale um almoço de aposta?). Talvez o velho, inventado por JCN, quando grita ao ministro (que representa o Estado) "veja lá se deixa de me ajudar", esteja errado. Talvez ele precise mesmo de normas e leis a ajudar porque os almoços nunca são grátis e os homens deixados à rédea solta trazem a liberdade da "raposa livre no galinheiro livre" (cito Lacordaire para mostrar que não é o anticatolicismo que me move).


segunda-feira, 11 de julho de 2011

Velhos maltratados






Mais do que os recentes cortes nas avaliações sobre a economia e as finanças portuguesas realizadas pelas tão faladas agências de notação americanas e que tantos amargos de boca têm trazido para o senhor presidente e para os senhores governantes e respectiva família partidária; mais do que as violentas medidas da troika para tentar equilibrar as mesmas; mais que o corte no décimo terceiro mês; mais que todas as medidas além-troika que, à sombra desta, o governo da nova maioria se prepara para tomar (qual PEC IV, qual carapuça?) doeu-me uma notícia de ontem que coloca Portugal no grupo dos seis piores países no que toca à violência sobre os idosos.

A Organização Mundial de Saúde analisou mais de 50 países europeus e Portugal aparece entre os seis países com um cenário mais negro. A gravidade do problema repete-se, apenas, na Sérvia, na Áustria, em Israel, na Macedónia e na Eslováquia. E chega ao ponto de alertar para o seguinte: "Portugal tem um sério problema no que respeita aos maus tratos contra idosos."

De acordo com os resultados, 39 por cento dos inquiridos são vítimas de violência ou abusos, 32 por cento alvo de abusos psicológicos, 17 por cento de extorsão, 13 por cento de agressões físicas e 10 por cento de negligência.

E continua afirmando que, por dia, na Europa, quatro milhões de idosos são vítimas de humilhações, quer físicas quer psicológicas. Bofetadas, murros, socos, queimaduras no corpo e cortes propositados são algumas das agressões mais comuns praticadas contra a terceira idade.

Uma vergonha para o mundo dito civilizado. Um vexame para nós, portugueses, sermos classificados como violentos, brutais.

Quem disse que somos um povo de brandos costumes?!

domingo, 10 de julho de 2011

Vamos de férias

... para aqui:









Fiquem bem!
Mas não pensem que se vêem livres de mim...
Eu vou andar por aí. (Onde é que eu já ouvi isto?!...)

sexta-feira, 8 de julho de 2011

As agências de rating



Finalmente os políticos que actualmente nos governam, o presidente da República  e o resto dos cidadãos descobriram as famosas agências de rating passando a considerá-las devastadoras, nocivas, obscenas mesmo. Finalmente sentimo-nos ofendidos, vilipendiados, injustamente arrasados. Como bem diz o ditado - deus sabe o que eu detesto ditados! - "vale mais tarde que nunca"!

Bom, mas continuo a não entender como é que apenas agora isto aconteceu e por que é que de há uns três ou quatro meses para trás, ninguém se levantou contra os desmandos daqueles avaliadores  e teimavam todos em acreditar e divulgar que a responsabilidade era tão-somente do governo em funções senão mesmo do seu PM. Até o sr. presidente, tão distinto economista que, dizem, tão bem superintendido aos destinos desta  nossa tão querida terra, manteve-se caladinho como um rato, enfeudado nos seus proverbiais tabus e agora, de repente, desatou a língua vindo em defesa do ... povo.

Mas porque não quero ser - e muito menos parecer - agressiva nem tão pouco tendenciosa, e como há quem seja profissional destas coisas da análise da coisa política, deixo aqui a breve crónica de Ferreira Fernandes no DN de ontem sobre o assunto que está muito correcta, muito lúcida, muito clara, sem descurar, porém, a sua habitual ironia.

Felizmente Sócrates foi embora


"Passos Coelho reagiu: "Um murro no estômago." Também Cavaco Silva sentiu que não havia "a mínima justificação" para a classificação dada a Portugal. Aleluia, assinale-se que se alargou o leque dos que ficam sem fôlego com as intenções ínvias de uma agência de rating. "Lixo!", é o que a Moody's diz que somos. Anote-se, não porque a Moody's seja séria, mas porque é muito influente. Vamos ter de viver com ela, e as da matilha. A boa notícia é que José Sócrates já se foi embora. Ajuda muito. Até agora ele era aquela árvore que tapava a floresta das Moody's. A culpa era dele, só dele, dizia-se, e boa parte de Portugal andava encandeado com essa culpa. Agora já quase todos conseguimos ver a rataria das agências - é um passo em frente. O perigo seria que o PS, ressabiado pela animosidade anterior dos adversários, quisesse pagar com a mesma moeda. Felizmente, isso, que seria uma estupidez, não parece ser intenção do PS. Podemos ter, agora, uma opinião nacional, que deve ser transformada em vontade comum. Ter uma causa comum contra as agências de rating (como tem sido, em Espanha, desde o Rei, passando pelos dois maiores partidos, até aos jornais de direita e de esquerda) é bom. Não que sirva de grande coisa, de tal modo a teia nos é exterior. Mas é sempre bom quando o óbvio se torna universal e poupamos em falsos combates. Desde esta semana, Portugal está mais adulto."

O meu primeiro bikini



(Mulheres romanas, Séc. IV, AD)

Foi, nos últimos dias, notícia algo jocosa de jornais e telejornais: o bikini fez, no passado dia 5, 65 anos.

Embora haja evidências de que na Antiguidade se usasse já, o modelo actual composto por duas peças foi criado em 1946 por Louis Réard, engenheiro mecânico francês que dirigia a loja de lingerie de sua mãe perto do Folies Bergères, em Paris. A apresentação da peça aconteceu cinco dias depois da detonação da primeira bomba atómica dos Estados Unidos da América (EUA) no Atol de Bikini, no dia 5 de Julho, o que deu origem à designação adoptada para a peça irreverente então criada.

No início dos anos 40, belezas do cinema americano como Ava Gardner, Rita Hayworth e Lana Turner já usavam fatos de banho de duas peças.


(Ava Gardner 1941)

Aqui na Europa pode dizer-se que foi a escultural Brigitte Bardot que lançou a moda do bikini nos anos 50. E, no início dos anos 60, Ursula Andress usou-o no primeiro filme do 007.



(Brigitte Bardot)

A Igreja, retrógrada e reaccionária como sempre, proibiu por ordem de Pio XIX  o uso de semelhante indumentária e cá no Portugal de Salazar então nem se podia falar nisso!

Lá em minha casa, o meu pai não me deixava  usar bikini por muito que eu lhe tentasse o juízo. No Verão de 66, quando fomos passar as nossas primeiras férias à Ericeira – onde e quando conheci o meu marido – a minha mãe, que nas coisas da moda era muito mais avançada e liberal, comprou-me nos malogrados armazéns do Eduardo Martins – que ardeu completamente no fogo do Chiado de Agosto de 88 – um atraente fato de banho branco que, na realidade não tinha duas peças mas era como se as tivesse porque sobre as duas partes tinha apenas um rendilhado que as cobria. Escusado será dizer que dava mais nas vistas que se de um bikini se tratasse. Porém, assim, o meu pai nada pôde dizer...

Comprei o meu primeiro bikini – lindo! duas peças ainda pouco ousadas de um suave tecido que parecia turco verde musgo – para o Verão de 69 só depois do meu pai morrer. Não foi por desrespeito, juro! É que eu achava – e acho – mesmo elegante e moderno. Nunca mais voltei a usar fato de banho. De ideias fixas? Sou! Um bocado...

Só para se rirem, vou deixar fotografias do meu primeiro bikini e de outros de quando era ainda menina e moça.

O tal bikini verde musgo, no Verão de 69, na Praia Grande (Sintra)


Outro mais moderno no Verão de 71, em S. Pedro de Muel (Leiria)

Este aqui com as cores características dos anos 80
no Verão de 89, na Praia de Madeiros (Leiria)

 
Ainda hoje uso bikini e penso que vou usá-los sempre até ser velhotinha mesmo contrariando a minha fiha mais velha que sempre preferiu usar fato de banho. Porém, os meus bikinis  mais recentes talvez não tenham já graça nenhuma para serem mostrados aqui... ...


quarta-feira, 6 de julho de 2011

O Apólogo das Lebres e das Rãs





Como por vezes me deixo resvalar e me sinto um bocado infeliz (as mulheres têm um pouco a tendência para a autocomiseração) lembro-me muitas vezes deste apólogo que a minha professora de Literatura Portuguesa do 7º ano (actual 11º),  nos leu quando estávamos a estudar a obra de D. Francisco Manuel de Melo, autor moralista do século XVII, mais conhecido de todos pela sua "Carta de Guia de Casados".

A Senhora Dona Amália Ferreira da Costa (lá no Maria Amália, à época, as professoras tinham o nome precedido do muito respeitoso Sr.ª D. e não da vaidosice do Dr  como passou a acontecer mais tarde) tinha muito orgulho no seu apelido e carregava nos rr de Ferreira e nós ríamos muito (à socapa, claro) mas lia muito bem e sabia muito de literatura o que me deixava sempre pendente das suas palavras. Por isso nunca mais me esqueci deste apólogo que achei carregadinho de significado e de ensinamento. E hoje, na sequência de uma visita a uns amigos, mais uma vez me veio à mente.

Vou deixá-lo aqui na sua versão em prosa e escrito no português do século XVII (que seria o actual se não tivesse entretanto havido vários acordos ortográficos...)

"Diz que, lá não sei donde, se juntaram as lebres a conselho, e por todas foi assentado que se fossem lançar em ˜ua alagoa e se afogassem, sem ficar mais geração de tão triste gente perseguida de todo o mundo, que toma seu perigo por divertimento. Ora, indo já todas correndo, fizeram [tão] grande matinada que as ouviram as rãs que estavam junto do charco. E, como tivessem grande medo do arruído, foram-se lançando n’água, ganhando-lhe a dianteira do pricipício. Notou isto ˜ua das lebres, que ia diante, e parou fazendo deter as outras, a quem disse: «Senhoras, tende mão! Não nos lancemos a perder por miseráveis, pois vemos que ainda o são mais estas rãs, que tem medo de nós e a nosso respeito se precipitam». Donde digo que não há estado tão triste do mundo, que não haja outro mais triste com que aquele possa consolar-se."

Porém, quem preferir a versão poética, (bem mais bela e completa) poderá "servir-se"...

Diz que as lebres, como gente,
hum dia, conselho houveraõ
por naõ viver tristemente;
e afogarse derepente,
todas juntas rezolveraõ.

Duas raãns, como sohiaõ,
junto a o charco eraõ, pastando,
a donde as lebres corriaõ;
e de medo doque ouviaõ
vaõse no charco lançando.
Huma lebre mais ladina
que isto viu; tevesse quedo,
e gritou pella campina;
ten de maõ gente mofina,
que inda há raãns, que vos tˇe medo.


Vedes que assy padaceis,
o que dizeis, e callais,
desses males taõ crueis?
Quantos homˇens cuidareis
Que vos trocáraõ seus ays.
Fes Deos o mundo pezado,
logo o repartio, segundo
nossas forças, nosso estado;
cada qual vay carregado,
e mais, quem tem mais do mundo.

terça-feira, 5 de julho de 2011

O Pinhal das Artes




O Pinhal das Artes é, nas palavras dos seus organizadores, a SAMP, um Festival de artes para a primeira infância, num espaço dedicado à família, à sensibilização ambiental e à educação pela e para a arte e a sua 5ª edição realizou-se no passado fim de semana no Pinhal do Rei, em S. Pedro de Muel.

A SAMP é a Sociedade Artística Musical dos Pousos, uma freguesia de Leiria, cujo motor e mentor é o professor e maestro Paulo Lameiro e desenvolve ua miríade de actividades musicais, de dança e de expressão dramática  para as crianças durante todo o ano.  Famosos mesmo nacional e internacionalmente  são os Concertos para Bebés que aconselho vivamente aos pais de crianças pequeninas.

No sábado, lá fomos a S. Pedro espreitar o dito festival que tem lugar junto ao parque de campismo da Orbitur.


À entrada, um enorme aquário cheio de grandes peixes


Actividades variadas  ao ar livre


Experimentar brincadeiras novas


 A tenda principal onde se realizaram os espectáculos


Schola Cantorum Pastorinhos de Fátima, o coro infantil do Santuário
dirigido por Paulo Lameiro


As meninas do coro entre o público

 O maestro sempre cuidadoso com os seus meninos
(que são quase só meninas)

Preparando as crianças para as histórias para irem dormir


A família esteve embevecida...


segunda-feira, 4 de julho de 2011

Uma no cravo e outra na ferradura...


Não, não vou perorar sobre a evolução semântica da expressão "dar uma no cravo e outra na ferradura" se bem que de algum modo seja fácil de descobrir. Mas isso é mais da área do nosso amigo  Rafeiro Perfumado ...

Hoje vou trazer aqui o polémico tema do novo acordo ortográfico. É que, no fim de semana, passámos ali pelas falésias entre a praia Velha e a praia de S. Pedro de Muel (desculpem, eu gosto de escrever Muel ainda de acordo com o antigo (mais antigo)  acordo  porque foi assim que aprendi quando vivi na Vieira nos anos 50) e vi um aviso em madeira que me chamou a atenção por ter a palavra "proteção" escrita já de acordo com o novo acordo ortográfico. Porém, ao ler todo o aviso, notei que a referida palavra também estava escrita ainda "à antiga".

Depois entendi! É que quer ali passe o Professor Malaca Casteleiro, quer passe o Dr. Vasco Graça Moura,
qualquer deles fica satisfeito com a ortografia empregue...




E os meus amigos, qual é a vossa opinião sobre a adopção do novo acordo ortográfico?

domingo, 3 de julho de 2011

Veja onde foi o jovem casal...




Só para não continuar a falar mal dos governantes... E já que somos um belo país à beira mar plantado e que o nosso mar é tão azul e tão bonito, deixo umas imagens bem frescas e fica no ar o enigma  mais simples de toda a blogosfera: Onde foi o jovem casal?







Sardinhas de Lisboa





Ganhei da minha mãe este traço de insatisfação – ou serão todas as mulheres umas eternas insatisfeitas?

Só me lembro de a ver (mais ou menos) feliz quando morávamos em Algés. Quando, aí por 56, fomos (ou devo dizer viemos?) viver para a Vieira de Leiria, não obstante se ter embrenhado em aulas a adultos e em campanhas de cidadania (nessa época ainda não existia, entre nós, este conceito) a criar, montar e organizar a creche e a cantina para as trabalhadoras da fábrica de limas e a ajudar a organizar os festejos do centenário da fundação da fábrica de limas União Tomé Feteira, entrou numa depressão (palavra que também não se usava à época) a que o psiquiatra que a acompanhou chamou de esgotamento cerebral, que só conseguiu ultrapassar quando regressámos de vez a Algés. Depois, quando, em Outubro de 58, definitivamente mudámos para aquele casarão enorme e sombrio no sopé da Serra de Sintra em que estava sediada a Escola, e onde, dois ou três dias depois de lá estarmos um (amável e intrépido) vizinho veio avisar os meus pais dos cuidados a terem com uma pessoa muito ligada ao trabalho da minha mãe e que era informadora da PIDE, nunca mais a senti completamente satisfeita. Duas ou três vezes mudámos de casa em Sintra para lugares mais alegres mas sempre voltávamos a residir no enorme casarão que era a Escola que muito agradava ao meu pai e a que a minha mãe com muito enfado chamava a “sua prisão sem grades”.

Não pretendo falar da minha já conhecida e antiga insatisfação por morar onde moro, mas sinto que, por vezes, me faz falta não sei muito bem o quê. É nessas alturas que penso que preciso de ir a Lisboa – coisa que não acontece há bastante tempo. E então começo a arranjar pretextos. O último foi ir ver a exposição das sardinhas das festa de Lisboa. O pior é que escoou-se o mês de Junho e deixei fugir a oportunidade já a mostra já terminou.

Desde que inventaram a Internet, porém, há sempre a hipótese de fazermos visitas virtuais e foi o que eu fiz. Mas não é a mesma coisa!

Pelo menos desde 2008 que a EGEAC (Empresa de Gestão Equipamentos e Animação Cultural) lança um concurso para o desenvolvimento da imagem das Festas de Lisboa cujo tema é a sardinha.


Eis algumas das concorrentes:


A sardinha fadista
A sardinha de croché



A sardinha de chita


 A sardinha nobre  (mas não Fernando Nobre...)


A sardinha mamã




Outras propostas

A sardinha vencedora de 2011



Sardinhas de 2008



Sardinhas de 2009



Sardinhas de 2010


 E ainda estas que acho muito bonitas!