segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Estação de Leiria


Grande parte das estações de caminhos de ferro por esse Portugal fora são bonitos edifícios, muitos deles, infelizmente, completamente abandonados, e ornamentadas com belos paineis de azulejos, arte centenária deste nosso país. Quase todas as estações desta obsoleta e esquecida linha do Oeste contam com lindíssimos paineis alusivos à região.

Leiria, cuja estação, embora pintadinha e bem arranjada, também está, por assim dizer, abandonada já que raramente passam comboios e, antes de ter lá instalado um café, estava quase sempre fechada, também tem uma série de paineis assinados em 1935 pelo arquitecto Ernesto Korrodi, Leopoldo Battistini e Luís Fernandes.  E são esses paineis que hoje trago aqui.

Começa-se pelo Roteiro da região partindo, naturalmente da cidade capital de distrito.






Pormenor do brasão da cidade



O tradicional traje de Leiria com capote



O traje normal.
(A vossa atenção para o lindíssimo chapeuzinho que se usava sobre o lenço.)


 
Imagem do Castelo de Leiria antes de ser reconstruído pelo Arqº E. Korrodi


 Pormenor do Castelo: capela e campanário


Imagem da Igreja da N. Srª da Encarnação, sita no outra monte oposto ao Castelo


Azulejo do Santuário do Senhor dos Milagres

     A Batalha



O Castelo (de contos de fadas) de Porto de Mós
(De lamentar a aposição de uma recipiente para o lixo...)



E Fátima, naturalmente...


Que pena termos abandonado a nossa rede ferroviária a nível nacional em vez de a reabilitar e termos, ao contrário do que se faz na Europa dita civilizada, esquecido o bom hábito de andar de comboio!

domingo, 27 de fevereiro de 2011

... and the Oscar goes to ... who cares?



Hoje vai ser, pela 83ª vez, noite de Óscares em L.A. É sempre uma excitação por causa da atribuição das estatuetazinhas de ouro aos filmes e aos actores e aos realizadores e a toda a gente que faz os filmes nos EUA (e não só). Nunca percebi muito bem porquê. Lá que pelos States a coisa tenha um grande impacto, enfim, a festa e os festejados são made in USA. Que as rádios e os jornais e as televisões se incendeiem com o acontecimento, também não me espanta porque faz parte da sua função. Mas as pessoas em geral que não falam de outra coisa, e quase fazem apostas e que ficam pela noite dentro a ver todo aquele fingimento, aquele brilho, aqueles sorrisos e aquelas lágrimas de plástico, essas sim causam-me algum espanto.

Se calhar é por eu ser um bocado insípida, mas realmente nunca liguei nenhuma aos Óscares, nem a Grammies, nem a concursos de misses e congéneres e, muito menos ainda às galas caseiras para atribuição de prémios.

Se calhar é por detestar competição, ou melhor, por negar mesmo a competição. Por muito que tivesse chegado a ser moda introduzir jogos e competição nas aulas, nunca a promovi entre os meus alunos. Cada um vale o que vale e, ou tenta “competir consigo mesmo” e progredir, ou então deve habituar-se a viver com as suas capacidades e limitações. Sei que este meu princípio – como tudo o que alguém possa opinar – é muito discutível e, ainda mais, porque que vivo vai já para muitíssimos anos com um homem que foi atleta e dirigente de atletas e que, por tal, continua a defender as imensas virtualidades da competição.

Entretanto, fui ver o também muito nomeado Cisne Negro de que já vi críticas muito favoráveis e outras que dizem que o filme é mauzito. Francamente gostei muito: é uma história do mundo do bailado – que muito aprecio desde criança (o que eu teria gostado de ter seguido o bailado clássico, mas fiquei-me por um ano de aulas que foi a única oferta lá na terra e no tempo em que estudei) houve muitas cenas de dança e de treino de dança, que eu adorei; os artistas eram finíssimos como convém ao cenário e ao argumento, etc. etc. A história pretende desenvolver-se como num drama psicológico bem engendrado e bem representado. Mas, na minha modesta opinião, o que dá grandeza ao filme é a espiral de medos e de obsessão que envolve a personagem principal à boa maneira da tragédia grega levando-a até à sua própria destruição. Foi precisamente isto que me sugeriu a história e que me levou a gostar muito do filme.

Agora se tiver óscares ou não, pouco me importa. Não sou minimamente formada nas coisas do cinema se bem que sempre tenha gostado imenso de ver filmes; nem sei nomes de realizadores nem sei, com duas ou três excepções no que refere àqueles de grande nomeada, nem me interessa se pertencem a esta ou àquela corrente. Os filmes, como os livros e outras manifestações de arte, ou me tocam ou não, ou me agradam ou não, ou vêm de encontro às minhas convicções e sentimentos ou não. E assim eu gosto deles ou não.

Faz-me sempre lembrar uma amiga (que muitos de vós bem conhecem) com quem fui, há muitos anos, ao saudoso cinema São Jorge ver O Último Imperador que foi um filme impressionante que, desde logo, muito me agradou e que ela achou um bocado “seca”. Depois, quando ganhou aqueles Óscares todos, nem me lembro quantos nem quais, passou a dizer que sim, que o tinha achado um filme extraordinário...

Bons filmes (se possível, sem pipocas...)


sábado, 26 de fevereiro de 2011

A mística do mês de Fevereiro





Fevereiro é dos meses de que mais gosto. É o mês em que a luz do dia começa a prolongar-se pela noite dentro. É o mês do florir das camélias e das amendoeiras e em que o Sol começa timidamente a aquecer substituindo aos poucos o frio do início da manhã. É o mês da pré-Primavera, do renascer do jovem ano naquele esforço sempre repetido qual Sísifo voltando a empurrar a sua pedra para o alto da montanha. Aparecem alguns pássaros que começam a propalar o seu chilreio. E, por vezes, há um perfume no ar que, sem nos inebriar como o de Maio ou Junho, nos enche a alma de um azul anilado. As acácias vestem-se daquele amarelo que só vemos no Alentejo em pleno Verão e as mimosas recendem nas matas.

Há sempre no mês de Fevereiro umas tardes de quase Verão em que começa a dar vontade de arrumar os casacões que, ironicamente, ainda nos hão-de fazer muita falta e de ir dar belos passeios a pé. A primeira vez que senti esse fingimento de Verão foi quando, há anos, muitos anos mesmo, vim pela primeira vez a Leiria nesta época para o casamento de um irmão do então meu namorado (quer dizer, do meu “conversado” no dizer brincalhão da minha grande amiga T. dos tempos da Faculdade...) De facto, Leiria é uma zona muito quente e muito fria, de grandes amplitudes térmicas.

Relembro sempre, porém, com grande nostalgia, nesta altura do ano, os solitários passeios que dava pelo parque quando, no tempo do colégio, o atravessava em direcção a casa, quando morava não na Vila, mas nas Murtas ou na Portela. Até no verde-húmido de Sintra se fazia sentir, em Fevereiro, um fiozinho daquele Sol novo de início de ano. E depois as nossas brandas loucuras do Carnaval!

Muita da gente crescida gosta de dizer que “o Carnaval não lhes diz nada”, mas a mim diz. Não este Carnaval dos desfiles dos grandes carros ditos alegóricos com as meninas lá em cima em bikini a baterem o dente de frio porque nós aqui não temos o calor do Carnaval carioca. Senti, ao longo dos anos e até hoje, uma enorme pena de já não haver daquelas festas em que dançávamos (por vezes mesmo mascarados) até às tantas, daquelas em que nos “metíamos” na noite de 6ª feira chamada gorda e de que só saíamos na 3ª feira de Carnaval pela noite dentro, desde que, como o meu pai exigia, não faltássemos às aulas, logo de manhã, na 4ª feira.

Apetece dizer com o Fausto “que boa vida era a de (Lisboa) Fevereiro”...

sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

Mariquices...





Olhem só ao que o Sporting está reduzido... ... Até o leão está atacado de mariquice...


quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Portugueses no Mundo


Constantemente nos chegam notícias de todo o lado de conterrâneos nossos que se destacam grandemente naquilo que fazem. Uma das últimas de que tive conhecimento foi de que o melhor cabeleireiro de França se chama Mário Lopes e é de Ourém. Alunos de uma escola portuguesa de dança deslocaram-se há dias a um concurso na Alemanha e arrebataram onze prémios. Também na moda, na arte, na ciência, o nosso desempenho além fronteiras merece grande destaque. Já para não falar no mundo do futebol. E não são só os nomes sonantes como os de Paula Rego, de Sobrinho Simões, de António Damásio ou até de Mourinho que nos engrandecem. Os nossos jovens graduados ( não só) querem sair do país sendo muito bem aceites por esse mundo fora.

Agora aquando da nossa estada em Berna, tivemos a sorte de estar em contacto, por intermédio de amigos da Embaixada de Portugal, com alguns portugueses lá residentes há alguns anos e que são altamente considerados no seu meio. É o caso de um simpático casal que gere, em grande estilo, o espaço de recepções do Cercle de la Grande Societé de Berne, onde tivemos o prazer e a honra de ser recebidos para um jantar daqueles que são preparados para recepções e reuniões de trabalho de chefes de estado, embaixadores e grandes banqueiros, tão useiros naquele país.


 








 
A Grande Societé esta sediada num edifício do século XVIII, sendo a herdeira da sociedade anónima do Hôtel de la Musique criada em 1767 por um grupo anónimo de jovens naturais de Berna, um clube de Cavalheiros onde eram admitidos apenas naturais de Berna. Os salões, que mantêm a decoração, quadros e mobiliário da época, constituem um dos mais belos interiores do século XVIII. São quatro portugueses que gerem todo o movimento social daquele espaço.


(Na parede, grande aquecedor de loiça do século XVIII)


(Peça de mobiliário também antiga)

(Relógio suiço da mesma época)

 
(Candeeiro em vidro de Morano)


Contíguo, e com passagem interior, encontra-se o famoso restaurante, bar e discoteca da cadeia Il Lorenzini, também dirigida por um muito pretendido barman português, o senhor Francisco Ribeiro, que nos levou por uma visita guiada, acompanhada de champanhe, pela noite da juventude “bernoise” (até às artísticas casas de banho nos levou...). O gerente da discoteca é, de igual modo, português, um jovem, belo e moreno alentejano que deve fazer as maravilhas de muitas daquelas miúdas...

(O Sr. Francisco Ribeiro)


(Connosco no bar)


(Pintura em uma das casas de banho das senhoras;
Nas dos homens há um espelho que aumenta o tamanho das coisas,
para que os senhores saiam  mais "bem-dispostos"... )

 (Poster naïf do espaço Il Lorenzini...

 
... com grande destaque para o barman português)

Foi, para nós, uma noite de luxo, na verdadeira acepção da palavra, em que o domínio foi e é de grandes portugueses.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

As moções de censura



Já não se pode mais ouvir falar em moções de censura ao governo! Eu não sou nada nem ninguém, mas se fosse o PM já tinha mandado tudo às urtigas e já teria ido, nem que fosse, vender caramelos para Badajoz! Foi o que fez o (meu muito apreciado) Guterres e fez ele muito bem. Ninguém merece aguentar este trabalhar a curto prazo, este viver na corda bamba!

De facto, este povo não tem paciência para governos minoritários. Teve paciência para uma boa ditadura de meio século mas governos minoritários por ele eleitos (!) nem pensar! Não sei como fez a Senhora Merkel da primeira vez que foi eleita: teve de se coligar, naturalmente! Mas nós não aguentamos. Somos muito suis generis (eu diria mesmo muito parvos, ou mesmo muito invejosos, mas pode parecer mal).

Agora cada partido vai querer apresentar a sua moçãozinha de censura ao governo e o Senhor coelho do PSD vai dizendo, no seu ar mais sério e na sua voz mais grave, que não, que o país, neste momento, não precisa de instabilidade política e que se deixaram passar o orçamento, não ia agora derrubar o governo e que isto e que aquilo. É! E eu sou o coelhinho da Páscoa!

Bem, bem escreveu o jornalista Pedro Tadeu no DN de ontem: «O que me parece é que Passos Coelho não avança por uma razão: enredado em compromissos, internos e externos, semelhantes aos do primeiro-ministro, ele sabe que, agora, limitar-se-ia a executar as mesmas políticas que José Sócrates aplica. Se é para queimar alguém, que se queime quem provocou tudo isto, pensará ele. Terá razão. Mas então, por favor, poupe-nos ao argumento hipócrita, ofensivo para a nossa inteligência, de que não derruba Sócrates para defender o superior interesse nacional...Pode ser, doutor? Pode?»

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Da criação poética


Como já deu para ver, gosto muito de poesia. Daquela que canta o Amor, a Paixão, a Natureza, os sentimentos em geral. Sempre gostei. Desde que comecei a ler poemas nas selectas de Português, tinha para aí 11, 12, 13 anos. Desde Bernardim Ribeiro a Sá de Miranda, ao Camões lírico, Correia Garção, Almeida Garrett, Florbela Espanca, etc. etc. até Álvaro de Campos e os outros Pessoas, Gedeão, David Mourão-Ferreira, Eugénio de Andrade, o Torga e outros e outros.

Sempre admirei quem consegue fazer malabarismos com as palavras de todos os dias e organizá-las aparentemente de forma tão simples nas imagens mais límpidas e mais puras que, subitamente, nos conquistam a alma. Como acontece a criação poética?

E então encontrei uma resposta tão bela e tão pura no livro que ando a ler (sem enigmas...) e que é os “Sinais de Fogo” do esquecidíssimo Jorge de Sena. Aliás, tenho de pedir desculpa à sua memória por só agora, ao fim de tantos anos e de tantas leituras, estar a ler este portento da nossa literatura contemporânea. Foi votado ao exílio no tempo da ditadura e acabou por quase ter sido votado ao esquecimento. Actualmente parece-me estar a haver um movimento de recuperação dos seus extraordinários escritos.


Então, passo a transcrever: “Acendi um cigarro. Onde iria jantar? Não me apetecia comer. Apetecia-me fugir. Para onde e porquê? E, de repente, ouvi dentro da minha cabeça uma frase: «Sinais de fogo as almas se despedem, tranquilas e caladas, destas cinzas frias.» Olhei em volta. De onde viera aquilo? Quem me dissera aquilo? Que sentido tinha aquela frase? Tentei repeti-la para mim mesmo: «Sinais de fogo...» Mas esquecera-me do resto. Com esforço, reconstituía a sequência: «Sinais de fogo os homens se despedem, exaustos e espantados, quando a noite da morte desce fria sobre o mar.» Não tinha sido aquilo. Não era aquilo. E que significava? Seriam versos? Repeti mentalmente: «Sinais de cinza os homens se despedem, lançando ao mar os barcos desta vida.» Novamente as palavras eram outras, ou quase as mesmas mas diversamente. Tirei um papel do bolso, e escrevi: «Sinais de fogo os homens se despedem, lançando ao mar os barcos desta vida.» reli o que escrevera. E depois? Olhei o mar que escurecia, com manchas claras que ondulavam largas. Os barcos que iam pelo mar fora, e nalguns havia lanternas acesas. «Nas vastas águas...» Nas vastas águas... Era absurdo. Eu fazendo versos? Porquê? Amarrotei o papel e deitei-o fora. Mal amarrotado, ele foi descendo num voo balanceante, até que pousou numa rocha. Aí, vacilou, aquietou-se, e, numa reviravolta súbita, deixou-se cair para o meio das pedras e sumiu. Era quase noite escura. Voltei para a cidade.

As ruas iluminadas fracamente, e vazias de gente, eram tristes. Encontrei uma tasca para jantar. Havia um balcão comprido, de onde o patrão me fez salamaleques, e do outro lado, separadas por baias de madeira pintadas de preto, estavam as mesas, só uma delas ocupada. O criado guiou-me para uma delas. (... ...)

Ele foi ao balcão, e trouxe os talheres e os pratos, e também uma garrafinha de vinho e um galheteiro. «Nas vastas águas que as remadas medem, tranquila a noite está adormecida.» Eram versos, sem dúvida. Mas havia alguma razão para que eu os estivesse fazendo, ou para que eles se fizessem dentro de mim, à minha custa? Eu nunca lera muitos versos, nunca me interessara especialmente por poesia. Na minha família, a literatura não tinha qualquer existência, nunca ninguém fora escritor. Liam-se livros, sem dúvida, mas por desfastio, e sem fixar sequer o nome dos autores. Na minha casa, ainda menos: nem os havia. Escrever... mas só por piada!”

(in “Sinais de Fogo” – Jorge de Sena Obras Completas, Guimarães, Babel, 2010. págªs 153 – 155)

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Da boçalidade





Ouvi, esta manhã, um pedaço das declarações do treinador Jorge de Jesus sobre o jogo Sporting-Benfica de logo à noite e fiquei deveras espantada. Podem estar descansados os meus eventuais leitores que não vou perorar sobre as virtualidades do futebol – até porque não tenho conhecimentos para isso, nem pretendo ganhá-los – nem tão-pouco deter-me em desinteressantes prognósticos que, como foi dito em tempos por outra “brilhante” figura do futebol, só devem ser avançados no fim do jogo...

O que, de facto, me espantou e, mais, me deixou estupefacta, se não mesmo furiosa, foi a sobranceria com que aquela “polida” e “versátil” figura pública (que, não obstante, deve ganhar mais que o presidente da República e que o primeiro-ministro juntos) afirmou que o Sporting nada mais tem a fazer senão assegurar o terceiro lugar no campeonato. Poderá ser verdade, não o discuto, nem a mim me interessa, acreditem! Mas a arrogância e o desdém que usou no tom com que pronunciou estas palavras (sei lá quanto cuspo juntou ao canto dos lábios para o dizer, aspirando-o depois no sua costumeira maneira de pronunciar...) foram muito para além do aceitável.

Constantemente ouvimos treinadores portugueses e estrangeiros referirem-se, em vésperas de jogos com equipas menos fortes que a sua, a elas com alguma humildade e tentando sempre fazer sobressair o que de forte possam eventualmente ter. Mas este Jesus está a anos-luz desses outros. Subiu-lhe não sei o quê à cabeça e trata de mostrar claramente toda a falta de nível, de classe, de educação mesmo, quando se sente lá em cima (não sei onde!).

Estourada como sou, lembrei-me, acto contínuo, que precisava de uma resposta “à Pinto da Costa” por parte do Sporting. Mas, de facto, a boçalidade que aquele treinador arvorado em semi-deus mostrou ao proferir estas certezas e tem mostrado ultimamente não deverá ter resposta. Encontra, porém, eco (e isso faz realmente pena e causa grande constrangimento) em grande parte da população que gosta deste tipo de declarações e se revê naquelas atitudes vulgares.

Recordo uma canção de há muitos, muitos anos, do grupo Dave Dee, Dozy, Beaky, Mick and Tich que dizia “I’m on the up, I don’t care who’s below...” e, apesar de não ser grande apreciadora de provérbios, vem-me à mente aquele que diz: “Não batas em quem está em baixo que ele pode levantar-se”.

Independentemente do resultado de logo à noite.


domingo, 20 de fevereiro de 2011

O Discurso do Rei





Ontem, deixei-me de preguiças e fui ao cinema ver este filme. Cinema, para mim, é numa sala de cinema. Em casa, distraio-me, há barulhos, levanto-me para ir à cozinha, à casa de banho, lembro-me que há isto ou aquilo para fazer -  um desatino!

Se bem que, ir actualmente ao cinema, não é o mesmo que há uns anos atrás. As salas são muito diferentes. Fechadas, escuras, soturnas. E, para além disso tudo, há os parceiros que trazem baldes (na verdadeira acepção) de pipocas que remexem todo o tempo com as mãos e trincam e mastigam ruidosamente aos nossos ouvidos: Cr! Crr! Crrr! Depois vai o gole de Pepsi que gorgoleja garganta abaixo. E há ainda aquele cheio a gordura adoçicada que nos entra pelas narinas até ao fundo do estômago. Grrr! No bom dizer dos ingleses: disgusting!

Enfim, pelo menos, já desligam os telemóveis. Mas gostei muito do filme: actuações muito serenas do rei, da mulher e do terapeuta. O suspense do início da 2ª Guerra. O encantador charme britânico. A importância de certos acontecimentos da infância que nos marcam inexoravelmente  e de que nunca mais nos conseguimos livrar por muito adultos que sejamos.

Tocou-me especialmente o facto de o rei, na sua infância, ter sido forçado a usar talas de ferro para corrigir os joelhos. Uma das minhas filhas. aí pelos 2, 3 amos,  juntava um bom bocado os joelhos e, naturalmente, consultei um ortopedista bem cotado aqui da praça que lhe receitou umas talas em ferro e couro que deveria "vestir" todas as noites. E digo "vestir"  já que se tratava de um triângulo que lhe era posto na cintura e seguia até aos pés, obrigando-a a dormir de barriga para cima e com as perninhas bem afastadas.

Claro que nunca usou tal objecto de tortura porque eu não o permiti, o que muito contrariou o doutor que me perguntou se eu estava ciente de que a minha filha poderia ficar a andar mal. Lembro-me que lhe respondi que "entre um aleijão físico e um aleijão psicológico, preferia o físico que talvez se pudesse operar". E, felizmente, não foi preciso operar nem ela ficou com problemas no andar: umas simples botas ortopédicas resolveram-lhe o problema.

O filme é muito bom, as interpretações são muito boas, mas, cuiosamente, não me parece que seja filme para tantos óscares. Mas este é o meu olhar de leiga.





sábado, 19 de fevereiro de 2011

Enigma...

Pronto! Já que está na moda, também vou alinhar... Vou pôr aqui um enigma! Mas este é de caras. É que eu não tenho muito jeito para isto...

O poema do poeta ... ... encontra-se onde? Não vale ir ao Google!






sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

Hoje foi dia de anos




Hoje "o dono da casa" faz anos "... when I'm sixty-four..." como diriam os Beatles. Mas o que esta data tem de mais curioso é que faz anos ele e mais dois dos seus irmãos. Em seis irmãos, três fazem anos neste dia 18 de Fevereiro. Pontaria, não foi? Se bem que dois deles sejam gémeos. Mesmo assim, pontaria.

Muitas vezes vamos jantar todos juntos. Hoje, dos gémeos, o J.A. não pode juntar-se, mas o A.J. pôde. E foi mais uma noite divertida.



 

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

Crazy

Uma das (muitas) canções da minha vida, numa versão antiga que muito me agrada.


quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Final feliz!




Encontrei hoje na pastelaria/padaria (a forma europeia de acabar com as nossas tradicionais padarias forradas a azulejo e onde se vendiam os belos papossecos, as vianinhas, as carcaças de 16 e o substancial pão de 2ª) uma jovem morena toda produzida, filha de uma moradora aqui da rua e que conheço desde pequenina. Sempre me cumprimentou bem, coisa que nem sempre acontece com as pessoas desta cidade, mas, desde que começou a namorar com o actual marido, ficou mais apegada a mim por eu o conhecer já que fora aluno na “minha” escola.

De facto, quando, há muitos anos, os vi de namoro pegado, fiquei algo apreensiva. A pequenina C. que eu me habituei a ver na brincadeira lá na rua com aquele miúdo mal educado e sem maneiras, não me agradou nada.

Foi lá para os inícios de 80, no primeiro Conselho Directivo de que fui presidente, estávamos nós de malas aviadas para deixarmos as instalações do Antigo Lyceu de Rodrigues Lobo para irmos estrear as já na época acanhadas instalações de modelo sueco onde a D. Dinis ainda labora, na época em que ainda se registavam muito poucos casos de indisciplina, que apliquei a minha primeira suspensão das aulas a um aluno. E foi àquele miúdo que encontrei na velha piscina municipal ainda ao ar livre, de mão dada com a C.

Um miúdo de uma classe sócio-cultural (não gosto de dizer ‘classe social’) bastante desfavorecida, lá da Calçada de Bravo, macambúzio e agressivo, que se portava muito mal nas aulas e também nos recreios. Dois dias de suspensão das aulas! Escrevi à mãe que se apresentou na escola, humildemente, pedindo desculpa pelo mau comportamento do filho; que o pai batia; que se o pai soubesse; que ia fazer com ele em casa; que... que...

Eu era ainda muito nova, mas já tinha as minhas filhas ambas e pensei nelas, claro! E disse à mãe:«o Zé fica de castigo aqui no meu gabinete a fazer trabalhos.» E assim foi: durante dois dias o Zé preencheu o seu horário escolar numa mesa no meu gabinete passando cadernos a limpo e fazendo trabalhos de Língua Portuguesa sob a minha supervisão. Ia lanchar comigo ao bar e almoçou comigo na cantina. Ficou meu amigo até hoje e não teve mais suspensões. Não passou a ser um bom aluno, nem fez nenhum curso superior, mas faz a sua vida.

Sei que casaram, que se dão bem, ele um homem discreto e calado e ela uma morena produzida, com ar descontraído, têm uma filha que a C. me disse que faz hoje 12 anos. Lá estava a encomendar o bolo de anos para a miúda ir fazer a festa com os amigos para o McDonald’s. Final feliz!

Claro que não tive qualquer influência no percurso de vida do Zé, mas acredito que os miúdos difíceis e perturbadores têm as suas razões (íntimas e profundas) para assim serem e que têm de ser muito bem compreendidos e tratados com muito carinho, muito cuidado,  muita sensibilidade e sensatez.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Tão caro tudo na Suiça!




A Suíça, todos sabemos, é um país com um nível de vida muito elevado. Dizem-me que  vida mais cara só no Japão.

No dia do nosso regresso, apanhámos o comboio (caríssimo, mesmo em segunda classe) de Berna para Genebra e, na estação, o nosso amigo David precisou de ir aos lavabos para o que teve de pagar 1 franco e 50 cêntimos. Não ficou tão chocado como poderíamos supor porque, contou ele, as instalações eram impecáveis e até tinham uma funcionária imaculadamente vestida disponível para ajudar as pessoas portadoras de deficiência a usarem a respectiva casa de banho...

Entrámos para o comboio com as malas e os sacos que dispusemos no local apropriado e logo vemos o nosso amigo chegar e sentar-se com uma garrafinha de água na mão e com o queixo descaído, com o maior espanto estampado no rosto.

- O que aconteceu? – perguntámos à uma.

- Nada... Acabei de dar 4 francos e 90 cêntimos por esta garrafinha de água! Em menos de uma hora, entre beber e desbeber, gastei quase dois contos de reis!....

(La Gruyére)

(La Gruyére)

(Nas montanhas)

(Lucerna)


(Lucerna)



(Berna)

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

Uma história de amor


Como hoje é o dia de homenagear o amor e os en(amor)ados, deixo aqui uma bela e triste história de amor. Todas as histórias de amor, para serem belas, têm de ser tristes...


"Darei um salto na sofrida e intensa história de vida e dos amores de Edith Piaf para focar no seu último romance pouco divulgado. O que mais se comentou na ocasião foi que Piaf havia se envolvido com um jovem e belo homem - um cabeleireiro grego - que estava mais interessado na sua fama e fortuna.

Contra tudo e todos, ambos se casaram em 1962, um ano antes da morte de Edith Piaf. Ela, aos 46 e ele, aos 26.

Sarapo foi o único herdeiro dos direitos discográficos e cinematográficos da cantora e actriz e, durante os sete anos que se seguiram após a morte de Piaf (em 1963), o viúvo manteve-se silente perante o falatório que correu o mundo: que se tratava de um gigolô oportunista. A sua indiferença parecia confirmar o que a mídia e as pessoas buscavam saber.

Após todo esse período, enfim, Théo Sarapo voltou às notícias pelo seu impressionante suicídio.

Com pouco mais de 30 anos de idade, ele pôs um ponto final naquilo que pareceu ser a sua missão na vida, além de amar Edith Piaf: o pagamento de todas as dívidas deixadas como "herança" pela sua amada.

O grave estado de saúde nos últimos anos de vida, devido aos excessos com o álcool e mais essencialmente pela morfina, droga que trazia alívio as dores que sentia após as sequelas deixadas pelo terrível acidente de carro sofrido em 1958, Piaf usou quase todo o dinheiro em tratamentos, internamentos e alguns gastos a mais nos últimos meses de vida. No ano de seu falecimento, ela alugou uma mansão de 25 divisões na praia, na qual promovia rega-bofes diários.

Sem se importar com todo o falatório, Sarapo seguiu em frente saldando as obrigações pecuniárias como podia, uma após a outra, até limpar totalmente o seu e, principalmente, o nome de sua mulher.

Feito isso, suicidou-se após deixar um bilhete na sua cabeceira, no qual escreveu: Por toi, Edith, Mon amour.

Durante o período de viuvez, jamais o viram com outra mulher.

(in  http://www.identidadeg.com.br/ adaptado)





 

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Cést (leur) fête!



Richard Anthony foi daqueles cantores dos bons anos sessenta que nos encheu de alegria os bailes e as festas. Cantava belas versões francesas de imensas canções da chamada música anglo-saxónica. E tinha uma voz algo romântica que nos agradava muito, numa época em que a língua e a cultura francesas ainda estavam "em alta" no nosso país e no resto da Europa.  Uma dessas canções era "Cést ma fête!".

Relembro aquele cantor hoje aqui por se tratar, tal como Dalida, de um intérprete da língua francesa nascido no Egipto e por aquele país ancestral estar a celebrar a sua festa da liberdade e do caminho para a democracia. Oxalá aquele povo saiba aproveitar o momento e a oportunidade e que não venham a estragar tudo com os horríveis fundamentalismos religiosos!





sábado, 12 de fevereiro de 2011

Nasceu o Eduardo!




Hoje, cerca do meio-dia, nasceu o Eduardo, o nosso terceiro neto, irmão da Elisa.
É tão pequenino, mas já é tão lindo! (Palavra de avó!...)
Até agora, mama e dorme, depois logo se vê!

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Lusíadas - versão Séc XXI



I

As sarnas de barões todos inchados
Eleitos pela plebe lusitana
Que agora se encontram instalados
Fazendo aquilo que lhes dá na gana
Nos seus poleiros bem engalanados,
Mais do que permite a decência humana,
Olvidam-se de quanto proclamaram
Em campanhas com que nos enganaram!

II

E também as jogadas habilidosas
Daqueles tais que foram dilatando
Contas bancárias ignominiosas,
Do Minho ao Algarve tudo devastando,
Guardam para si as coisas valiosas...
Desprezam quem de fome vai chorando!
Gritando levarei, se tiver arte,
Esta falta de vergonha a toda a parte!

III

Falam da crise grega todo o ano!
E das aflições que à Europa deram;
Calem-se aqueles que por engano...
Votaram no refugo que elegeram!
Que a mim mete-me nojo o peito ufano
De crápulas que só enriqueceram
Com a prática de trafulhice tanta
Que andarem à solta só me espanta.

IV

E vós, ninfas do Coura onde eu nado
Por quem sempre senti carinho ardente
Não me deixeis agora abandonado
E concedei engenho à minha mente,
De modo a que possa, convosco ao lado,
Desmascarar de forma eloquente
Aqueles que já têm no seu gene
A besta horrível do poder perene!


Que tal acham estas (novas) Proposição e Invocação?!

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Perversões da ADD


Um dos (imensos!) erros e ilegalidades que a DREC apontou à avaliação da minha responsabilidade dos meus colegas da “minha” escola no período de 2007/2009, foi ter ultrapassado o número de menções de mérito (MB e Excelentes) relativamente à quotas definidas por lei.

Fiquei muito admirada com esta observação até porque aqueles números foram determinados a partir de uma fórmula informática disponibilizada pela DGRHE e aquelas 164 avaliações foram vistas e revistas, contadas e recontadas por mim e pela CCAD em funções. Mas resolvi ir consultar os meus apontamentos, que ainda guardo, e constatei, e depois também me disseram que o número ultrapassado foi um apenas num certo universo de professores.

De facto, o número que a DREC afirmou que fora ultrapassado, foi-o realmente mercê de uma reclamação da avaliação à qual foi dado deferimento de acordo com os argumentos registados em acta (tenho para mim que estas actas nunca foram consultadas nem pela actual direcção da escola e muito menos pelos serviços da DREC – para que servem as actas?!). De referir que tendo eu pedido um esclarecimento aos nossos “superiores” sobre se poderia aumentar a classificação mesmo tendo esgotado os números da quota, foi-me de imediato  respondido, por escrito, pelo senhor jurista chefe de divisão dos recursos humanos daquela direcção regional que toda a menção atribuída resultante de uma reclamação da avaliação não reverte para os tectos definidos pelas quotas.

O tal senhor jurista deve ter-se esquecido – como era muito habitual nele – do que escreveu e nem se deu ao trabalho de consultar o processo, tendo logo atribuído o excesso do número de avaliados com menções de mérito – um único caso e justificado! – como (mais uma) ilegalidade!

Não interessa tanto registar aqui a “sanha” do senhor jurista contra tudo o que foi feito sob a minha assinatura depois da data da nossa acção em tribunal contra o ME, que isso são águas (algo) passadas... Interessa sim, registar que quem não ficar satisfeito com a classificação que lhe for atribuída, pode (e deve...) sempre reclamar da avaliação para o director que ele pode, se assim o entender, melhorar a nota sem preocupação de quota.

Somos ou não somos bons a contornar as leis?!



quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Sebastião da Gama




Li nas Efemérides do jornal: “1952 [7 de Fevereiro] – morre o professor e poeta Sebastião da Gama, aos 28 anos de idade.”


Lembrei-me, de imediato, quando, em Setembro de 73, fui admitida a estágio, as metodólogas de Português e de Inglês nos recomendaram como primeiro dos livros de leitura obrigatória, o Diário de Sebastião da Gama.




Este Diário, que Sebastião da Gama deixou manuscrito, - escreve o professor Hernâni Cidade no respectivo prefácio – é o registo quotidiano das suas experiências de estagiário do Ensino Técnico [na Escola Veiga Beirão, no ano lectivo de 48/49] e seria, não se sabe até que altura, o programa da sua carreira de professor, se a Morte lhe não houvesse tão prematuramente posto termo.”

Escreve o professor-poeta com toda a simplicidade e honestidade: “Aulas más são as aulas que os rapazes não querem ouvir. Mas então – poderia eu defender-me – que culpa temos nós de os rapazes serem barulhentos, desinquietos e desatentos? É verdade que às vezes a culpa não é nossa: é toda deles, a quem mais apetecia estar na rua que na escola. Mas para isso justamente é que serve o bom professor - e o meu drama resulta de que a mi só interessa ser bom professor. Ser bom professor consiste em adivinhar a maneira de levar todos os alunos a estar interessados; a não se lembrarem de que lá fora é melhor. E foi o que eu ontem não consegui.”


De registar a entrada do seu Diário sobre a sua primeira aula de estágio: «O que eu quero principalmente é que vivam felizes.» Não lhes disse talvez estas palavras, mas foi isto o que eu quiz dizer. No sumário, pus assim: «Conversa amena com os rapazes». E pedi, mais que tudo, uma coisa que eu costumo pedir aos meus alunos: lealdade- Lealdade para comigo e lealdade de cada um para cada outro. Lealdade que não se limita a não enganar o professor ou o companheiro: lealdade activa, que nos leva, por exemplo, a contar abertamente os nossos pontos fracos ou a rir só quando temos vontade (e então rir mesmo, porque não é lealdade deixar então de rir) ou a não ajudar falsamente o companheiro. «Não sou, junto de vós, mais do que um camarada um bocadinho mais velho. Sei coisas que vocês não sabem, do mesmo modo que vocês sabem coisas que eu não sei ou já me esqueci. Estou aqui para ensinar umas e aprender outras. Ensinar, não: falar delas. Aqui e no pátio e na rua e no vapor e no comboio e no jardim e onde quer que nos encontremos».

Não acabei sem lhes fazer notar que «a aula é nossa». Que a todos cabe o direito de falar, desde que fale um de cada vez e não corte a palavra ao que está com ela.”

Foram esta singeleza de alma e esta humildade perante o próximo que aprendi com a leitura deste Diário e que utilizei até ao fim da minha carreira – e não me dei mal. Sempre defendi que “não gosto de dar ensinamentos a ninguém; expus-me e expus os meus conhecimentos e os meus pontos de vista e os alunos que tirassem de mim o que lhes falasse mais ao coração e às suas necessidades” e que “sempre aprendi com os alunos, com os estagiários, com os colegas”.

Recordo, a propósito, um episódio assaz interessante (e cómico...) que me aconteceu em 79. Eu fora orientadora de estágio de Inglês durante dois anos e por isso ganhei uma bolsa da Gulbenkian para ir melhorar os meus conhecimentos da língua inglesa durante um mês (em Agosto, nas minhas férias...) na cidade universitária de Chichester, no Sul de Inglaterra. A bolsa era destinada a orientadores de estágio e estagiários recém-formados. E lembro-me de dizer uma vez no grupo que a orientação de estágio me tinha trazido vantagens pelo que aprendi com a excelente formação que nos tinha sido dada bem como pelo que aprendi com as estagiárias (muitas das quais eram mais velhas e mais experientes do que eu). Logo salta rindo, brejeira, uma estagiária recém-formada, curiosamente com mais idade e mais anos de serviço do que eu: “Tu é que aprendeste com as estagiárias?! Pensava que tu é que tinhas de lhes ensinar!...”

Não entendeu nada, pobre criatura!

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

O Baile da Sociedade



(Baile na Sociedade União Sintrense)

(Ainda no 'rescaldo' da festa dos Diamantes e a propósito de um comentário do amigo Observador que disse "foi um baile tipo «a menina dança?»" lembrei-me de deixar aqui uns versos do meu amigo e companheiro de escola ZéBranco, lá em Sintra, sobre os velhos bailes de sociedade de que todos nos lembramos.  Cuidado que ele é muito mordaz...)


No baile da sociedade
Encontra-se a mocidade
Com velhos guardiões da instituída moral.


Tanto quanto era natural
A moça ficava sentada
No seu canto e bem recatada
Ansiosa para que do outro lado
O rapaz de domingueiro
Fato bem engomado
Primorosamente engravatado
Esperava ser o primeiro
No convite para dançar:
A menina dança?
O coração balança
Na permanente dúvida…
E se ela não aceitar!
Iniciam a dança
Sob a carregada desconfiança
De uma mãe extremosa
Ainda orgulhosa
De não ter filha falada,


Quantas vezes uma dança mais apertada
Foi geradora de novas emoções
E de uma saliência prematura
Que só encontra a sua cura
Após nove lunações.


O Baile na Sociedade
Vê a escala da moralidade
Num mestre de sala
Vestido quase de gala
Afastando todo o par
Que no aconchego das ânsias
Encurte distâncias
Disfarçadas pelo dançar,
Até que a música se enrola
Ao último acorde
Do dedo que morde
A corda da viola
E antes que tudo demande
O mestre interrompe a jazz-band
E manda acompanhar
As damas ao bar.


No Baile da Sociedade
Sente-se a verdade
Sob o leve vestido de chita
De quem se excita
Só pela esperança
De numa única dança
Conseguir o desejo guardado
De um beijo roubado
Na distância e no espaço

Que o trejeito brejeiro
Disfarçou no meio de um passo
De um fox ligeiro.


Baile na Sociedade
Ai que saudade!

(José do Nascimento)

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Que canção tão parva!


Já recebi não sei quantos mails a encaminharem-me para o YouTube para ouvir a canção(zeca) dos super-na-moda Deolinda que se chama "Parva que sou". Para além dos artigos e das notícias (parvas) que a propósito têm aparecido nos jornais! Que parvos que somos, os Portugueses! Desde que apareça alguém ou alguma coisa a dizer mal de nós e a chamar-nos nomes, nós, de imediato, achamos o máximo! Um masoquismo doentio!

Aqui há uns anos foi a utilização até à exaustão da expressão "geração rasca" do Vicente Jorge Silva pela altura em que era ministra da educação a Dr.ª Manuela Ferreira Leite. Colou-se-nos essa expressão aos ouvidos e aos lábios durante anos para desfazermos nos nossos jovens. E agora aparece esta cançãozinha sem tom e a colagem dá-se de novo para continuarmos a desmerecermo-nos e a lamentarmo-nos e a autopenalizarmo-nos!

Canção de protesto, dizem? Um protesto  bem mole,  resignado, sem vida. Será mesmo protesto?

Deixo aqui para quem ainda não ouviu (e para quem me quiser contradizer...)